Restrições ameaçam  formação de professores

Vale do Taquari

Restrições ameaçam formação de professores

Protesto critica cortes em programa federal

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Bolsistas e professores da Univates ligados ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) participam hoje de mobilização nacional. Os protestos são contra os cortes promovidos pelo MEC, que ameaçam reduzir para menos da metade o número de bolsas disponíveis em relação ao início do programa.

De acordo com a coordenadora do Pibid na universidade, Cristiane Hauschild, um comunicado divulgado na sexta-feira passada, determina o fim das bolsas com mais de 24 meses de duração. Como o programa da Univates tem duração de quatro anos e não é permitida a inclusão de novos bolsistas, a professora teme pelo fim da iniciativa.

“No início do programa eram 209 alunos. Caso a medida não seja revogada, sobrarão apenas 84”, alerta. Conforme Cristiane, o Pibid oportuniza a qualificação do ensino básico e é capaz de preencher uma das principais lacunas do sistema educacional.

Por meio do programa, estudantes das áreas de licenciatura começam a trabalhar em escolas públicas com apoio de docentes da universidade e supervisão de professores do colégio.

Na semana passada, a Univates organizou abaixo-assinado exigindo a continuidade do programa. O texto teve mais de 1,4 mil adesões. Manifestos semelhantes recolheram mais de 70 mil assinaturas nas demais universidades do país.

Caso os cortes sejam efetivados, cerca de três mil escolas e 45 mil estudantes universitários serão desligados do programa. O tema também será discutido em audiência no Senado. A reunião ocorre hoje, às 10h, com transmissão ao vivo pelo www.senado.gov.br.

Qualificação profissional

Estudante de Ciências Biológicas, Luciano Masiero, 23, participou do programa entre 2010 e 2014. Nesse período, lecionou em quatro escolas e conviveu com métodos de gestão e ensino distintos.

“A experiência foi decisiva para minha opção em ser professor”, relata. Segundo ele, o desenvolvimento de habilidades em sala de aula ajudou a perder o medo que muitos alunos sentem ao iniciar os estágios obrigatórios.

Conforme a estudante de Educação Física Janair Andreia Siebeneichler, 23, uma das principais características do programa é a interdisciplinaridade. Segundo ela, o trabalho conjunto entre professores de diferentes áreas permite desenvolver programas de ensino mais adequados à realidade dos alunos.

Aluna de Letras, Mariana Mallmann, 20, leciona inglês em escolas públicas por meio do Pibid. Segundo ela, a oportunidade de vivenciar a sala de aula antes dos estágios obrigatórios é fundamental para a qualificação profissional. Ela recebe uma bolsa de R$ 400 para ajudar no deslocamento.

Estudante de História, Joselaine dos Reis, 22, participa do programa faz 27 meses. Para ela, os cortes no Pibid representam o retrocesso na formação de docentes. “Aprendemos técnica que permitem melhor desempenho como professores no futuro.”

Disputa política

Para a coordenadora do Pibid na Univates, os cortes propostos pelo MEC não são motivados por problemas financeiros. Segundo ela, o investimento no programa corresponde a 0,59% do orçamento do MEC.

“O problema é que funciona”, sentencia. O programa foi desenvolvido pelo então ministro Fernando Haddad e incluiu diálogos com representantes de universidades e escolas. Conforme Cristine, desde a posse do atual titular, Aloísio Mercadante, o Pibid sofre processo de esvaziamento.

“A ideia é deixar o programa morrer e começar um novo projeto em julho”, alega. Além da mudança no ministério, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), responsável pelo Pibid, também mudou a linha de atuação.

Segundo ela, o novo coordenador da Capes, Carlos Nobre, defende o custeio de pesquisas científicas em detrimento da formação de professores para o ensino básico. “Tratam o programa como gasto, quando na verdade é um investimento no nosso futuro.”

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