Animação digital reflete sobre desmatamento

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Animação digital reflete sobre desmatamento

O curta-metragem O Caçador de Árvores Gigantes é uma promessa da animação digital gaúcha nos festivais de cinema de 2016

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Arquivo pessoalNo enredo, a natureza, o espírito aventureiro e a expectativa. Um menino brinca no quintal de casa quando descobre uma arca antiga. Dentro dela, uma mapa, indicando a localização dos caçadores de árvores gigantes. Remete o público jovem ao período de extração do pau Brasil, quando o país era colônia de Portugal.

A obra foi financiada pelo Fumproarte e inspira admiradores das artes visuais. Em fase de finalização de áudio, já está no hall dos festivais de cinema gaúchos no início de 2016. Também passará por escolas da rede pública de Porto Alegre.

É o primeiro trabalho de maior destaque do diretor de arte Anttonio Pereira. Há ainda a webcomics (história em quadrinhos digital) chamada Pakotopopokey. Pereira já escreveu livros infantis como Essas Maravilhosas Geringonças e O Menino Que Achava que Empinava Pipa. A ideia é tentar uma adaptação para série animada. “O universo é bem amplo e tem muitas histórias a serem contadas.”

A inscrição no edital Fumproarte garantiu ao fundador do Studio Pakóto a realização de um sonho. Oriundo de uma família de agricultores, passou a infância na zona rural de Porto Alegre. A chácara onde morava lhe proporcionou a liberdade, hoje combustível de suas criações.

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A animação é feita em estilo tradicional, desenhada à mão e sem impressão, o que economiza dez mil folhas. A mensagem é clara: é preciso cuidar das árvores.

A Hora – Como é desenhar virtualmente?
Anttonio Pereira – Apesar de ser digital, a animação é produzida de desenho a desenho, como a técnica tradicional. Optamos por não usar papel, pois queríamos seguir a mensagem. O mínimo que poderíamos fazer é não gastar essa quantidade de papel.

Seus desenhos são inspirados em obras orientais?
Pereira – Minhas inspirações são mesmo de artistas japoneses, como Hayao Miyazaki, Akira Toriyama, Koji Morimoto e Moebius. Mas o principal é o Stúdio Ghibli. Há ainda o trabalho inspirador do brasileiro Ale Abreu no filme O Menino e o Mundo.

O que pretende instigar nos espectadores?
Pereira – O filme quer chamar a atenção do público jovem para a proteção das árvores. O personagem é uma criança. Ao longo do filme, o menino aprende a cuidar e entender que as árvores também são seres vivos. Quem contracena com ele é o Bicho do Mato, inspirado na caipora, entidade da natureza que aparece para ensinar.

Os antigos caçadores eram cortadores de mato?
Pereira – Não exatamente cortadores, já que na lenda os caçadores tiravam as árvores com as raízes para presentear os reis do céu. Os antigos caçadores de árvores, citados no filme e na história em quadrinhos, são uma representação dos europeus, que no século XVI vinham para a América do Sul com interesses na exploração do pau-Brasil, porém, a história do filme trabalha com a temática de uma forma mais lúdica.

Como a história foi concebida?
Pereira – Foi inspirada em uma árvore grande que tinha perto no lugar onde eu nasci. Sempre quis fazer uma história que tivesse o foco na natureza. Quando percebi que tinha todo o material pronto, me inscrevi no edital. O meu projeto foi contemplado. É muito satisfatório ver um filme de animação pronto, mas principalmente ver a reação das pessoas ao assisti-lo.

Há também um livro?

Pereira – Sim, acabei criando duas histórias completamente paralelas (uma delas acontece 500 anos antes) mostrando um caçador derrubando as árvores – o que originou a lenda dos caçadores.

O que acha do cenário de animação do Brasil?

O mercado de animação brasileiro tem crescido muito. O Festival Anima Mundi é o segundo maior do mundo e tem muitos estúdios de animação no Brasil procurando constantemente artistas. O Brasil ganhou três importantes prêmios da animação internacional, com os filmes Uma História de Amor e Fúria, O Menino e o Mundo e Guida. Busco novos horizontes e sonhos para continuar trabalhando e acrescentando algo para a sociedade.

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