Vale do Taquari – O atraso nos pagamentos por obras destinadas ao setor público é anunciado como o grande responsável pelo desequilíbrio financeiro do grupo Conpasul. Nessa quarta-feira, os diretores receberam a confirmação do deferimento do pedido de recuperação judicial, ingressado no dia 25 de setembro passado.
Em nota oficial, os responsáveis não anunciaram os valores a receber, mas garantiram a manutenção das obras já iniciadas. Entre elas, a duplicação da BR-386, cujo contrato está vigente desde 2010 e a previsão de entrega do empreendimento foi protelada para 2016. Pelos serviços nos 33 quilômetros entre Tabaí e Estrela, o grupo receberá mais de R$ 184 milhões do governo federal.
O grupo é formado pelas empresas Conpasul Construção e Serviços Ltda, Dinacon Indústria Comércio e Serviços Ltda, Rhodoss Implementos Rodoviários Ltda, TBS Sul – Sistemas Construtivos e Arquitetônicos Ltda e BPNS Serviços de Assessoria Empresarial Ltda.
De acordo com a íntegra da nota encaminhada à imprensa, “as razões que levaram o grupo a ingressar com o pedido foram o desequilíbrio de suas finanças, tendo como principal fator o atraso nos pagamentos de obras destinadas ao setor púbico, nas esferas federal, estadual e municipal.” cita ainda que o pedido levou em conta “o cenário macroeconômico de crise que assola todo o país.”
Ainda, conforme o texto, o grupo “reafirma seu compromisso com a sociedade, colaboradores e clientes, sendo que suas atividades permanecem inalteradas, cumprindo com todos os cronogramas de obras iniciadas e a iniciar, de acordo com os contratos e prazos estabelecidos.” Além da BR-386, as empresas têm diversos contratos de pavimentação com municípios da região.
O processo de reestruturação e negociação é conduzido pela direção da empresa com o apoio de uma assessoria empresarial, e também por um escritório de advocacia. Segundo a nota, o objetivo é buscar pela “superação do momento atual da melhor forma possível” e a medida é citada como “necessária para a continuidade das atividades.”
Atrasos de repasses
Em fevereiro passado, reportagem do jornal A Hora alertava para os recorrentes atrasos nos repasses de recursos por parte do governo federal para conclusão das obras na BR-386. Na época, foi verificado que a média de valores pagos à empresa vinha diminuindo de forma gradativa. Entre 2010 e 2013, o Dnit repassava cerca de R$ 5,5 milhões a cada quatro meses.
Nos dois últimos anos, o montante para o mesmo período não chega a R$ 550 mil. Os baixos valores refletiram também no andamento das obras. Desde 2011, o consórcio responsável concluída em média 25% da duplicação a cada ano. Mas, de janeiro de 2014 até janeiro de 2015, os serviços avançaram só 14%.
Histórico da empresa
Principal empresa do grupo, a Conpasul iniciou as atividades em agosto de 1984 com a instalação de uma britagem em Estrela. Em 1988 foi criada a primeira filial, em Lajeado, às margens da BR-386. Cinco anos, depois os diretores apostaram na prestação de serviços de terraplenagem e pavimentação asfáltica, instalando uma usina de asfalto na cidade de origem.
Entre 1995 e 2000, a empresa abriu filiais nos municípios de Santa Cruz do Sul, Vera Cruz, Venâncio Aires, Butiá e Itaara. Em 2001, inicia as construções de hidrelétricas, sendo a primeira delas na divisa entre Putinga e São José do Herval, onde também instala uma nova central de concreto.
Em 2002, a empresa ingressa no segmento de saneamento, com as obras da Corsan, em Carazinho, Butiá e Passo Fundo. Dois anos depois, cria a sétima filial em Eldorado do Sul. Desde então, outras quatro centrais foram abertas nas cidades de Soledade, Rio Grande, Maquiné e outra em Carazinho.