Fórum debate carências de acessibilidade

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Fórum debate carências de acessibilidade

Pouca infraestrutura das cidades barra direito das pessoas com deficiência

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Calçadas com buracos, desníveis, pedras soltas, representam riscos aos pedestres. Para cadeirantes, sair na rua fica ainda mais difícil. Muitas vezes, impossibilita a locomoção de pessoas com deficiência. O lajeadense Nilson Figueiró, 52, é um exemplo dessa dificuldade. Ainda se adaptando à cadeira de rodas, ficou paraplégico faz cerca de dois anos. Foi atingido na coluna por um disparo de arma de fogo. Na época, o então gerente comercial saía de um mercado no momento em que o estabelecimento era assaltado.

Crédito: Anderson Lopes“As pessoas não se dão conta que a cada dia, por um motivo ou outro, há mais deficientes, mais gente precisando de acessibilidade”, frisa. Dentre as dificuldades rotineiras, há falta de transporte coletivo adaptado aos deficientes físicos. “Quando tem elevador, o motorista não sabe operar.”

No acesso às paradas de ônibus, em faixas de segurança, faltam rampas na maior parte das áreas centrais das cidades. Prédios de serviço público também carecem de mecanismos que facilitem a entrada e saída de deficientes. Nos bairros, a situação piora.

Para debater a realidade das cidades do RS, ocorre hoje o 131º Fórum Permanente da Política Pública Estadual para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades. Progresso sedia o evento, a partir das 8h, no Salão Paroquial, no centro.

Segundo a coordenadora local, a professora Marli Zanatta, participam mais de 120 pessoas de toda região. Ao todo, serão oito horas de atividades, integrando deficientes, famílias, autoridades, profissionais de saúde e assistência social.

A programação é organizada pela Fundação de Articulação de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiências do Estado RS (Faders). Durante o evento, os gestores municipais apresentam a necessidade de cada município, auxiliando a mapear a realidade e políticas públicas adotadas no Vale.

Avanço pelas cidades

As maiores cidades do Vale, como Estrela, incluem estudo de acessibilidade nos planos de mobilidade urbana. Segundo o secretário de Planejamento, Marco Aurélio Wermann, novos projetos de ruas já acompanham calçadas e acessos adaptados.

Mesmo assim, reconhece a necessidade de alterações em leis municipais. “O município, nos últimos anos, está mais atento aos detalhes”, diz. Relata a melhora na estrutura técnica e aumento das obrigações quanto à inclusão de deficientes, além do uso de rampas por idosos e demais públicos.

Em Progresso, Marli ressalta a atuação do Conselho Municipal de Pessoas com Deficiência. O trabalho de fiscalização verifica as reclamações, auxilia os deficientes a encontrar emprego e a receber suporte necessário nas escolas. “O principal problema é a falta de padronização. Muitas pessoas desconsideram a lei federal de acessibilidade.”

Na reunião da Amvat, em maio, cada município recebeu um questionário com cerca de 25 questões. As respostas são entregues hoje, durante o evento. Conforme a coordenadora do Programa Direitos da Faders, Jaqueline Rosa, a partir do conhecimento dos projetos municipais de acessibilidade e inclusão, será elaborado um cronograma de ações regionais para melhorar o suporte aos deficientes.

Finalmente, pude entrar”

A história de Figueiró se assemelha à da maioria das pessoas com algum tipo de deficiência. Logo que ficou paraplégico, a casa de dois andares foi substituída por outra de um pavimento. Rampas foram construídas no acesso principal, na garagem e na calçada.

Então gerente comercial em uma empresa catarinense, Figueiró voltou a passar toda a semana com a família. O primeiro ano foi o mais difícil. Em dois episódios, um no centro de Lajeado, e outro no bairro São Cristóvão, ele caiu na calçada devido aos desníveis em rampas.

Aos poucos, percebe mais atenção dos poderes e instituições privadas à necessidade de adaptações e melhora de acessos. Cita o exemplo de uma loja, no centro. Em poucos dias, ele parou duas vezes em frente à mesma loja. Queria entrar, mas o degrau o impedia. “Não quis pedir ajuda às atendentes, pois elas não teriam força para me auxiliar. Para minha surpresa, no mês seguinte, haviam construído uma rampinha. Finalmente, pude entrar.”

Figueiró frisa a solidariedade das pessoas e elogia iniciativas como a compra de uma cadeira que sobe escadas, pelo Executivo de Lajeado. Como dica simples às pessoas sem condições de construir uma rampa adequada ou fazer reformas, ele sugere a utilização de rampas móveis de madeira. Aconselha também melhor treinamento de funcionários da área pública e privada, para auxiliar os deficientes quando necessário.

Programação*

8h30min – Abertura

9h30min – Mapeamento da realidade regional da política pública para pessoas com deficiência

12h – Intervalo

13h30min – Diálogos com a comunidade: informação, acesso e inclusão

15h30min – Apresentação do Conselho dos Direitos da PcD e Comitê Gestor

16h – Debate

16h30min – Encerramento

*Inscrição é gratuita e pode ser feita no dia

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