Tomate está mais caro que a carne

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Tomate está mais caro que a carne

Fruto subiu 29,30% no mês e superou o preço do quilo do frango nos supermercados

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti­ca (IBGE) divulgou a prévia da inflação no mês. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) chegou a 0,88%. Dois itens foram responsáveis pela alta. O tomate e os gastos com empre­gadas domésticas.

tNas prateleiras dos supermer­cados, o quilo do fruto, da ca­tegoria longa vida, que custava R$ 3,26 em junho, chegou a R$ 7,90 na terceira semana des­te mês. Em comparação com o quilo da carne de frango – que custa em média R$ 4,88 – o to­mate está R$ 3,02 mais caro.

O motivo desse aumento está ligado às condições meteoro­lógicas nos dois principais es­tados que fornecem o produto. Em São Paulo e Minas Gerais, as chuvas reduziram a produtivi­dade das lavouras, o que elevou os preços.

Gerente de uma fruteira em Lajeado, Leodir Degasperi conta que essa alta está ligada à épo­ca do ano. Segundo ele, a produ­ção do fruto no Rio Grande do Sul foi prejudicada pela geada até junho.

Degasperi relata que chegou a pagar R$ 100 pela caixa do produto na semana passada. “Alguns legumes também su­biram, como a batata inglesa, cenoura e o pimentão.” Observa que o valor deve se manter nos próximos três meses, devido ao ciclo de colheita.

Conforme o economista Mar­cos Godecke, os produtos hor­tifrutigranjeiros aparecem frequentemente como “vilões” por apresentarem acentuadas oscilações de preços.

Godecke acredita que a infla­ção no momento não representa um problema. “Está sob contro­le, haja vista que o acumulado do IPCA em meio ano ficou em 2,91%, ante os 4,20% do mesmo período em 2011.”

Enquanto isso, os consumi­dores encontram outras ma­neiras de preparar os pratos. A auxiliar de enfermagem Dirce Seibel diminuiu a compra dos tomates. Para fazer uma ma­carronada, substituiu o fruto por extrato de tomate. “Coloco outros temperos porque o preço está salgado.”

Nos supermercados da região, o tomate custa de R$ 4,80 até R$ 7,90. Nilo Heemann, 84, gosta de comer o fruto na sala­da. O alto preço faz o aposenta­do controlar o consumo do to­mate. “Corto na metade e como um pedaço no almoço e outro no jantar.”

A única queda de preços em julho foi registrada pelo grupo Transportes, um recuo de 0,59%. Os preços dos automóveis novos caíram 2,47%, ainda sob efei­to da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI).

Empregadas domésticas

Em julho, manter uma em­pregada ficou 1,37% mais caro. As domésticas contribuíram na alta da inflação em 0,05 pon­to percentual. Se os valores do tomate e do gasto pessoal fi­cassem no mesmo patamar de julho, o aumento do IPCA-15 no mês seria de 0,23%.

Para o economista Marcos Godecke, apesar do baixo cres­cimento da economia nacional, o nível de desemprego se man­tém baixo. O que tem provocado a valorização de algumas pro­fissões

de menor remuneração, como é o caso das empregadas domésticas e serventes de obras. “É a velha lei da oferta e procu­ra: neste momento a procura por empregadas domésticas está maior que a oferta, resultando aumentos de remuneração.”

Outro aspecto ressaltado por Godecke diz respeito à tendência das pessoas esta­rem mais dispostas a pagar por serviços domésticos para dedicar o tempo ao trabalho, lazer e aos estudos.

Economista avalia estimativas da inflação

Jornal A Hora: Neste ano, a infla­ção medida pelo IPCA-15 acumula alta de 2,91%. Quais os fatores que elevam esse índice?

Marcos Godecke – Após muitos anos, nos governos de Fernando Henrique e de Lula, o Brasil pagou um dos maio­res juros do mundo pelos seus títulos públicos, elevando a dívida pública. O governo Dilma tem trazido estes juros a patamares mais civilizados. Uma das consequências é o estímulo ao consumo, que acarreta pressão sobre os preços.

– Para o consumidor, quais dicas podem ajudar a manter a saúde das contas domésticas?

Godecke – Desde o governo Lula, a política fiscal estimula o crédito. Um modelo que considero esgotado. O endividamento da população atingiu um nível tal que as pequenas quedas nos juros estão servindo mais para ne­gociar novos prazos de pagamento das dívidas, com pouco alcance como estí­mulo ao consumo. Infelizmente grande parte da população hoje é refém das altas taxas do cheque especial e do cartão de crédito. O cenário recessi­vo atual tem estimulado a cautela na tomada de crédito.

– A inflação veio maior do que o esperado? Alguns economistas pre­viam um avanço de 0,18% no indica­dor. A previsão atual surpreende?

Godecke – Acredito que a alta atual é sazonal e também decorrente de uma desvalorização cambial do Real, neces­sária para o estímulo à exportação. A moeda brasileira vem de longo período onde esteve muito valorizada, desequi­librando a balança comercial. O maior problema macroeconômico do Brasil é a falta de crescimento econômico, pela contaminação em face do cenário externo desfavorável. O maior desafio é manter a economia aquecida. Acredita­mos que o segundo semestre deste ano seja melhor do que foi o primeiro.

Preços médios nos mercados

Hortifruti

Batata inglesaR$1,47 (Kg)

Cebola R$ 2,00 (Kg)

Cenoura R$ 2,08 (Kg)

Tomate R$ 5,61(Kg)

Carnes

Frango R$ 4,88 (Kg)

Gado

Chuleta R$ 16,59 (Kg)

Coxão de dentro

R$ 18,95 (Kg)

Patinho R$ 17,17 (Kg)

Suíno

Costela R$ 12,86 (Kg)

Lombo R$ 15,57 (Kg)

Pernil R$ 8,64 (Kg)

Fonte: AssociaçãoGaúchadeSupermercados (Agas)

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