O temor dos líderes regionais sobre um possível atraso na duplicação dos 33 quilômetros da BR-386, entre Estrela e Tabaí, se confirmou. O fato se deve à demora da Fundação Nacional do Índio (Funai) em autorizar a realocação de uma família indígena que mora à beira da rodovia. A indefinição impede os serviços em nove quilômetros (28%) do trecho, onde o trabalho sequer iniciou.
O custo de R$ 150 milhões projetado no início deve aumentar. O diretor do consórcio responsável pela obra (formado pelas empresas Conpasul e Iccila, de Estrela, Cotrel, de Santa Maria e Momento, de Curitiba), Nilto Scapin calcula prejuízos em função do atraso na liberação de parte do trajeto.
O consórcio faz estudo sobre a situação e enviará relatório ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para fazer aditivo ao projeto original.
Scapin informa que as construtoras firmam contrato com os empregados e precisam remanejar pessoas de outras obras para executar as etapas da duplicação. Porém, quando há atrasos, esses trabalhadores recebem mesmo sem trabalhar e há o custo de transferência de uma obra para outra.
Segundo o diretor, quando participaram da licitação, levaram em conta os aspectos técnicos e econômicos do edital. “Com a paralisação dos nove quilômetros, teremos custos indiretos grandes e quem paga é a população, infelizmente.”
O pedido por mais recursos para a obra será feito assim que os cálculos estiverem concluídos. Os construtores correm o risco da reivindicação não ser aceita pelo governo federal, acarretando mais prejuízo a eles.
Scapin diz que com o esse atraso a região perde em infraestrutura, tempo de deslocamento e em vidas, visto que há uma média de 12 mortes por ano no trecho.
Desculpas infundadas
Para o presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC), Oreno Ardêmio Heineck, as alegações da Funai de que os índios não podem se sujeitar ao barulho das máquinas da obra são infundadas, porque eles estão na faixa de domínio há mais de 15 anos e passam 24 horas à beira da rodovia.
Ele lembra que há um ano e seis meses, os índios daquela localidade fecharam a rodovia por dois dias devido às condições de vida insalubres que a Funai lhes proporciona. O Dnit e a Funai não se manifestaram sobre o assunto.
Saiba Mais
– dos 33 quilômetros para duplicar, nove ainda não foram tocados porque há uma família indígena, ocupando espaço de 500 metros na faixa de domínio;
– autoridades buscam a liberação de oito dos nove quilômetros para as obras;
– há uma área comprada e projeto definido pela Ufrgs para a construção de uma nova aldeia;
– outros 50 índios foram alojados fora da faixa de domínio;
– há um parecer de um dos antropólogos, que fez o estudo do local, contestando a origem dos índios;
– a área não está sendo liberada pela Funai e pelo Ibama;
– eles alegam que não podem sujeitar os indígenas ao barulho das máquinas da obra.