Planejar faz a diferença no negócio

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Planejar faz a diferença no negócio

Mudança no consumidor, liderança, controle do negócio e atenção ao mercado econômico nortearam as atividades da 12ª Convenção Lojista Regional

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O índice que aponta que 80% das novas empresas fecham nos primeiros cinco anos foi um dos temas abordados na 12ª Convenção Lojista Regional, na quinta-feira em Lajeado.

Cerca de 700 lojistas, de 40 cidades gaúchas, ouviram de especialistas a necessidade de planejar o negócio, incentivar a liderança pessoal e atentar ao mercado econômico instável. As oportunidades e riscos da internet foram outros temas discutidos.

rO médico psiquiatra, especialista em Administração de Empresas e doutor em Administração e Economia, Roberto Shinyashiki destacou a importância da empresa ter sucesso sustentável: ser criada e conseguir resistir com os lucros.

Ele indica que uma das maneiras de conquistar isso é trabalhando com pessoas competentes e inovando com o avanço tecnológico. Em sua palestra Shinyashiki falou sobre Liderança em Tempo de Velocidade (veja entrevista).

De acordo com o consultor a maioria das empresas nasce desorganizada, sem planejamento, por isso não sobrevivem. Segundo ele, não adianta ter motivação e vontade para desempenhar uma atividade. É preciso competência, saber realizar o trabalho e capacitação.

Cita que os empresários americanos sabem negociar porque estudam. Shinyashiki conta que lá 70% dos empresários têm faculdade de administração ou MBA. “O brasileiro não sabe como criar as riquezas, porque não entende de negócios.”

De acordo com o especialista a internet, é uma ferramenta que possibilita a inovação da empresa e com maior velocidade. “Um empresário precisa estar conectado à internet. Deve saber calcular e controlar seu estoque.”

Como calcular e controlar seu estoque

A segunda palestra foi a mais técnica. O consultor Airton Manoel Dias, formado em Administração de Empresas, com ênfase em Marketing e Comércio Exterior, ministrou o tema “Giro de Estoque e Retorno em Mark-Up”, com destaque para as novas técnicas que transformam o giro de estoque numa ferramenta de gestão e de decisão na rotina das empresas.

Ele mostrou ao público as etapas do processo, com planilhas que mostraram como investir, lucrar, níveis de compra, momentos adequados para promover ou liquidar e a possibilidade de se medir retorno do que se investe pelo Mark-up (percentual colocado sobre o custo da mercadoria para se chegar ao preço de venda).

Dias utilizou suas experiências no setor calçadista para dizer que o estoque é o principal ponto de uma loja. Mas salientou que uma loja com excesso de estoque perde em competitividade.

O administrador contou que é importante aplicar todas as informações independentemente do tamanho da empresa, porque no mínimo elas trarão mais competição e menos gastos internos.

Novas tendências em Marketing para o varejo

O professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Flávio Eduardo Vasconcellos Martins, mestre em Gestão Empresarial e pós-graduado em Marketing, palestrou sobre as mudanças do consumidor.

De acordo com ele, vivemos em uma era de informação e tecnologia que exige mudanças na forma de fazer negócios. As pessoas são hiperconsumistas, mas também individualista. “Cada um quer o produto que se adapte à sua necessidade.”

O lojista precisa mostrar o seu diferencial para efetuar a venda e, segundo o professor, a era digital oportuniza isso, quando usada com criatividade.

Martins diz que hoje não são mais os lojistas que impõem o produto para o consumidor, mas sim este que exige a forma na qual quer que a loja trabalhe. No interior, o comércio ainda tem a flexibilidade de fechar as lojas às 18h e ao meio-dia, o que não ocorre mais nos grandes centros.

O professor explica que é importante os lojistas investirem nesse novo modelo de consumidor, porque o mercado mostra que é a melhor época para vendas. Conforme Martins, é a primeira vez no país que a maioria das pessoas tem entre 18 e 55 anos (faixa etária de consumidores). “Portanto são o alvo do presente e do futuro. É hora de aproveitar.”

Convenção Lojista

O evento é considerado um dos maiores no estado em capacitação do varejo. A empresária Amanda Kothe Mahler é uma das visitantes do Vale do Rio Pardo. É a segunda vez que ela vem para o evento e diz que mesmo não aplicando tudo o que os palestrantes orientam, é importante, porque a faz parar para pensar no seu empreendimento.

A lojista de Lajeado Maria Claudete Krotz confirma e diz que participa há anos das convenções. Para ela, é uma forma de capacitação profissional.

De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL), Ricardo Luis Driedrich afirma que os lojistas da região são conscientes quanto à qualificação do mercado, por isso deixaram suas lojas para passar 11 horas aprendendo.

A edição de 2013 tem data marcada para o dia 20 de junho. O coordenador da comissão organizadora da Convenção Daniel Dullius anunciou que o tema será “Gestão de Pessoas: o Segredo para Vencer.”

Governo federal e os desafios da economia

A jornalista política da RBS TV, Carolina Bahia foi a primeira palestrante da tarde. Ela deixou de lado o assunto varejo e falou sobre o crescimento da economia brasileira e governo federal envolvendo o público e motivando perguntas sobre inflação e até mesmo das próximas eleições presidenciais.

Carolina traçou um panorama da situação econômica do país, falando da crise de 2008 e do embargo russo. Anunciando que nos próximos dias a comitiva deverá voltar à região, onde vista a empresa BR Foods, que será uma das únicas a ter carne suína liberada para a exportação.

Ela afirmou que os entraves desenvolvidos pela crise são superados pela ousadia da presidente Dilma Rousseff que apostou na redução de juros e no pacote para indústria automobilística.

No entanto, citou que isso gera um alto índice de endividamento dos brasileiros. De acordo com Carolina, 27,3% das pessoas no Brasil tem dividas. Ela diz que conversou com o presidente do CDL antes da palestra e confirmou que estes dados não se refletem ainda na região.

Falou também sobre a alta carga tributária do Brasil que soma 37% do Produto Interno Bruto (PIB). “É um valor alto, tendo em vista o baixo retorno de serviços que recebemos. E, além disso, ainda atrapalha quem quer investir no país.”

“A motivação sem competência é inconsistente”

Entrevista com o médico e escritor Roberto Shinyashiki

Jornal A Hora – O que é preciso para uma empresa dar certo?

Roberto Shinyashiki – Deve ter sucesso sustentável. Eu vejo que hoje as pessoas procuram fazer sucesso de qualquer maneira. Para se ter sucesso é preciso ter valores, princípios, ética e competência. A gente está num mundo de celebridades. Antigamente, só ficava famoso quem criava uma obra, hoje as pessoas querem ser famosas sem ter uma competência. Uma empresa para dar certo precisa resolver o problema do cliente.

Um índice mostra que 80% das empregas quebram depois de cinco anos criadas. Como vê isso?

Shinyashiki – Essas empresas não têm sucesso sustentável. Elas não sobem e ficam. Metade das empresas não existe. Elas nascem desorganizadas, sem um plano de negócios e sem pessoas competentes. Quando você fala com o empresário americano ele entende de negócio. O brasileiro não sabe como criar as riquezas, porque não entende de negócios.

Não basta ter garra e vontade. Em um ano, quem arrisca sem entender, perderá o apartamento que herdou do pai e afundará. É preciso ter um plano de negócio e entender dele. Saber o que fazer para ter sucesso.

O brasileiro não gosta de trabalhar com pessoas competentes de uma maneira geral, porque ele é vaidoso.

Como é o perfil de um líder em uma empresa?

Shinyashiki – Todas as pessoas podem ser líderes. Pensamos que eles são os mais comunicativos da empresa, mas nos enganamos. Eles são os mais introvertidos e os mais inteligentes.

Mas cuidado. A motivação sem competência é inconsistente. Não adianta deixar as pessoas motivadas e não saber o que está fazendo. Ela é importante, mas precisa ser estruturada na competência.

O que significa essa velocidade que o mercado exige?

Shinyashiki – O mundo é muito veloz. Se um cliente pedir um orçamento para segunda e tem sexta, sábado e domingo para fazer, porque não entregá-lo na sexta-feira ou no fim de semana antes que outra empresa o faça.

A tecnologia facilita o processo. As decisões precisam ser tomadas logo. Hoje há o analfabeto tecnológico que odeia a tecnologia. É como antigamente o sujeito que não gostava de ler.

Lajeado por exemplo não fica só no Brasil, nem no Rio Grande do Sul. Ele fica no planeta Terra. E isso a internet me possibilita ver.

Por que oferecer um produto para pessoas da sua cidade ou região se o mundo pode ter acesso a ele pela internet? Temos que ter uma noção e querer faturar. Hoje, 37% dos livros são vendidos online e não em livrarias.

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