Ministério da Cultura investiga projeto natalino

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Ministério da Cultura investiga projeto natalino

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

aUma equipe de prestação de contas do Ministé­rio da Cultura (MinC) abrirá auditoria nesta semana para investigar o projeto Natal Brilhante 2011. A adminis­tração municipal, o ex-secretário da Cultura, Gerson Teixeira e a empresa proponente Nacional Projetos Culturais serão investiga­das por uso da Lei Rouanet como apoiadora de um evento religioso e da decoração natalina.

O representante do Ministério da Cultura, Henilton Menezes tem cópia de todo o processo e das pro­pagandas em que é anunciado o show do padre Fabio de Melo com o apoio do MinC.

Ele antecipa que há diferenças no projeto aprovado em relação ao divulgado para a socieda­de. Se ficar comprovado que foi usado recurso do incentivo para a realização do evento, ou que ele teve cunho religioso, a proponente terá que devolver todo o dinheiro usado.

Segundo Henilto, a Nacional Projetos está inadimplente no sistema do MinC porque não teve aprovada ainda a prestação de contas do dinheiro usado do Na­tal de 2010. A empresa entregou o relatório deste evento apenas em fevereiro de 2012 e sem os docu­mentos necessários.

Em maio deste ano o Ministério solicitou a última regularização. Ela também não prestou contas do Natal de 2011. Durante as in­vestigações ela estará impedida de encaminhar projetos. Devido às suspeitas outros trabalhos da proponente em análise no MinC serão reavaliados.

O secretário Henilton cita que há mais de dez mil projetos para serem analisados, dificultando o processo de investigação. Contu­do, cita que quando há informa­ções de irregularidades o processo é acelerado.

Os problemas envolven­do administração munici­pal e a Nacional Projetos Culturais são antigos e re­correntes. Em 2010, a re­alização do evento “Natal Lajeado Brilha” contou com R$ 123 mil de recursos da Lei Rouanet, arrecadados por meio do imposto de renda de empresas incen­tivadoras dos eventos.

Conforme consta no site do MinC, entre os incenti­vadores que repassaram verbas provindas de Impos­to de Renda para o projeto de 2010 está a Prefeitura de Lajeado, que depositou R$ 70 mil na conta aberta para captar os recursos da Lei Rouanet. Hoje, de acor­do com o portal eletrôni­co, a situação do projeto é considerada “inadimplen­te”, pela falta da prestação de contas.

Em 2011, a mesma em­presa foi responsável pelo projeto do Carnaval do município. O MinC auto­rizou, via Lei Rouanet, R$ 304 mil. No entanto, a em­presa e o município conse­guiram arrecadar apenas R$ 15 mil da Fruki.

Projetos e aprovações contraditórias

O município gastou pelo me­nos R$ 165 mil dos cofres públi­cos na decoração natalina de 2011, realizada sem licitação. As negociações entre as partes se iniciaram em agosto de 2011. Teixeira firmou acordo com a em­presa e começou a captação dos recursos. Tudo, segundo ele, com o aval do assessor jurídico Mar­celo Caumo e a prefeita Carmen Regina Cardoso.

No início do mês, a câmara de vereadores completou o ciclo de incoerências ao aprovar um pro­jeto de lei irregular, liberando R$ 117 mil para custear as despesas com iluminação e decoração na­talina, realizadas sem contrato e licitação pela empresa Ponto Lux.

Conforme a Constituição Fede­ral, a Lei Rouanet não autoriza verbas para decoração de Natal. No site do MinC, o projeto orga­nizado pela empresa de eventos Nacional ProjetosCulturais e aprovado no dia 11 de agosto não menciona esses serviços.

Um jogo de responsabilidades

Teixeira diz que foi “enrola­do”. Conforme o responsável pela organização do Natal Bri­lhante 2011, a empresa teria garantido que três multinacio­nais bancariam R$ 60 mil da decoração sem uso da lei de incentivo à cultura. “A empresa não pegou dinheiro. Não roubou ninguém. Mas não me disse to­talmente a verdade”. A verba nunca chegou.

Teixeira culpa o MinC pela não captação dos recursos e diz que o processo demorou. Essa mesma justificativa consta no projeto encaminho ao Legislativo: “…o Ministério da Cultura demorou além de qualquer previsão da Secretaria de Cultura e Turismo para a aprovação do projeto. Isso causou problemas para as em­presas que pretendiam colabo­rar com destinação de impostos para a decoração natalina…”

Empresa diz que prestou contas

A direção da Nacional Proje­tosCulturais diz que já prestou contas do Natal Brilhante 2011. E afirma que está inadimplente no Ministério porque não enca­minhou um documento neces­sário de outra transação.

Uma das sócias, Salete Du­arte nega qualquer negociação da empresa com as multina­cionais citadas pelo secretário, alegando que elas jamais in­vestiriam em Lajeado.

O município pagou R$ 7,8 mil para a empresa fazer a capta­ção e os dois projetos: o que foi encaminhado para a lei e o visu­al para apresentar às empresas.

Salete diz que a administra­ção municipal mentiu no pro­jeto de lei que encaminhou para os vereadores, porque não há decoração natalina incluída no incentivo.

Ela considera um crime o anúncio veiculado usando a logomarca do governo fede­ral com a imagem do padre. Salete alega que não sabia da propaganda.

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