Cooperativa irregular atua em dois municípios

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Cooperativa irregular atua em dois municípios

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A Cooperativa Gaúcha de Agricultura Fami­liar (Coopergaúcha) fornece alimentos para merenda escolar às ins­tituições de Fazenda Vilanova, no Vale do Taquari, e Esteio, no Vale dos Sinos. O proprietário é investigado pelo Ministério Público de Teutônia, suspeito de associar 1.374 agricultores indevidamente.

As informações são do pro­motor Jair Franz. A secretária de Administração de Fazenda Vilanova, Patrícia Linemann confirma o contrato. A coope­rativa participou da chamada pública realizada no início do ano e foi uma das vencedoras, em conjunto com a Languiru, de Teutônia.

pConforme Patrícia, a Cooper­gaúcha preencheu todos os re­quisitos impostos pelo edital. Ressalta que não encontraram indícios de irregularidades na documentação apresentada pela associação. “Vimos o alva­rá encaminhado pela prefeitura de Teutônia, ela está em dia com o INSS e com o FGTS.”

Acrescenta que a veracidade foi conferida pela internet,. Cita como exemplo o sistema da Cai­xa Econômica Federal (CEF). No município, a cooperativa forne­ce carne e leite que compõem a merenda escolar.

Por e-mail, o Executivo de Es­teio se negou a informar se o município tem contrato assina­do com a Coopergaúcha. Para fornecer os dados, é necessário fazer um protocolo e aguardar a autorização do setor jurídico.

Franz informou que a prefeitu­ra de Novo Hamburgo também contratou a cooperativa. O Exe­cutivo nega. Diz que a associa­ção participou do processo sele­tivo, mas foi desclassificada.

Entenda o caso

– O MP de Teutônia investiga a Cooperativa Gaúcha de Agri­cultura Familiar desde o início da semana, após receber denún­cias das irregularidades;

– O Sindicato dos Trabalha­dores Rurais (STR) de Teutônia informa que mais de mil pro­dutores foram incluídos como associados sem a autorização. Produtores confirmam a irregu­laridade;

– O promotor afirma que a co­operativa fornece alimentos de indústrias para a merenda es­colar, quando a legislação obriga que pelo menos 30% seja prove­niente da agri­cultura fa­miliar;

– Franz informa que o governo federal repassa até R$ 9 mil por produtor associado às coope­rativas que fornecem merenda escolar. Caso a fraude seja con­firmada, o prejuízo pode ser de R$ 9 milhões;

– A desconfiança é de que os dados tenham sido pegos por meio do site do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA);

– A Orga­nização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs) também abriu investigação contra a Co­opergaú­cha.

Endereços diferentes

Franz afirma que a cooperativa não existe. No Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), a associação está instalada no bairro Centro Ad­ministrativo. Entretanto, no local funciona uma outra empresa de alimentos.

Em ofício encaminhado ao promotor, o proprie­tário da indústria desmente o endereço. Informa que o endereço foi “emprestado” para o presidente da cooperativa – ambos são irmãos – enquanto a sede é construída na Linha Welp, em Teutônia.

Hoje, ela funciona de maneira provisória em Fazenda Vilanova, mas o CNPJ registrado em 2006 não foi atualizado.

Patrícia desconhece a mudança de endereço. “Aqui em Fazenda Vilanova não temos o registro dessa cooperativa.” Ela reconhece que nem sem­pre o município consegue verificar se o endereço está correto.

Cita como exemplo uma empresa de Novo Hamburgo, que venceu uma licitação para a compra de móveis. “Nós não temos como ir até lá para ver se a empresa funciona na­quele local.”

Ela aguarda o término da investigação para saber como proceder, caso a fraude seja confir­mada.

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