Criminalidade migra para o interior

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Criminalidade migra para o interior

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Os furtos de veículos no centro pararam nos dois últimos meses. Agora, o alvo dos ban­didos é a área rural. Em dezem­bro, foram quatro ocorrências em localidades do interior. Órgãos de segurança pedem colaboração das comunidades, enquanto os ladrões aproveitam a falta de po­liciamento para agir.

O padrão dos crimes se repete. Moradores vão a festas ou even­tos e deixam a casa sozinha du­rante algumas horas. Quando retornam, percebem que foram furtados.

O casal de aposentados Lucia, 72 e Verno Hauschild, 77, de Novo Paraíso, está entre as vítimas. Em 30 de outubro, participavam do almoço do coral São Vito. Quando voltaram, próximo das 14h, perceberam que a residência havia sido invadida. Os ladrões levaram um televisor, rádio, bo­tijão de gás e toda a comida que estava no freezer.a

A aposentada lembra o mo­mento em que chegou em casa no dia do crime: “Sentei em fren­te à televisão. Daí levei um susto, ela não estava mais ali”.

Os moradores desconfiam que haja informantes dentro das co­munidades. Outro casal de apo­sentados de Novo Paraíso, Lúcia e Ilson Marx, estava em um casa­mento na noite de 8 de outubro, quando ouviram o comentário de que uma casa havia sido arrom­bada. “Foi muita tristeza quando chegamos e vimos que era a nos­sa”, lamenta Lúcia.

Os criminosos levaram ferra­mentas, motosserra e esmirilha­deira. Para entrar na residência, utilizaram o pé de cabra que estava com os outros itens no galpão. Foram furtados eletrodo­mésticos, joias e R$ 400. Quando retornaram, alguns objetos esta­vam no pátio.

Marx suspeita que alguém in­formou os ladrões. “Desconfia­mos de alguns, mas faltam pro­vas.” O aposentado calcula um prejuízo de quase R$ 80 mil.

Investimento em segurança

Colocar grades nas portas, refor­çar as trancas, instalar alarmes e ter cães de guarda pode ajudar.

O comerciante de Novo Paraíso, Marcos Cassal investiu cerca de R$ 5 mil na agropecuária. Colocou câmeras de vigilância, sensores de movimento, reforçou as fecha­duras e comprou cães adestrados.

O comandante do Batalhão de Polícia Militar, capitão Gyovanni Bortolini informa que muitos mo­radores resistem em adotar essas medidas. Patrulhas diárias são re­alizadas pelo Pelotão de Operações Especiais (POE) nas localidades do interior. “Quatro militares atuam na ronda em diversos horários.”

Conforme Bortolini, como a área rural de Estrela é grande, dificulta o combate à criminalidade. Para ele, em 90% dos casos, os objetos roubados são vendidos para com­prar drogas. Nesse tipo de delito, a maioria dos autores é menor de 18 anos.

Quando o furto envolve equipa­mentos agrícolas, como motosser­ra, roçadeira e outros, a PC sus­peita que os receptadores sejam produtores de outros municípios. Segundo Peixoto, ocorreram casos em que os investigadores encon­traram as máquinas, mas como o proprietário não tinha a nota fis­cal, o processo foi arquivado.

Faltam informações

De acordo com o delegado da Polícia Civil (PC), João An­tônio Peixoto, as informações coletadas são insuficientes. Foto­grafias foram levadas às vítimas para ajudar na identificação de suspeitos. O delegado acha im­provável que pessoas das comu­nidades estejam envolvidas.

Para ele, os criminosos ficam sabendo das festas nas localida­des em conversas nos bares ou por veículos de comunicação.

O delegado diz que faltam tes­temunhas. “Ninguém sabe. Não viram carros suspeitos e nenhu­ma movimentação anormal.” Peixoto afirma que o crime tem migrado para o interior face à carência de policiamento.

Na sessão da câmara de segunda-feira, o vereador Cristiano Nogueira da Rosa (PMDB) sugeriu uma reunião com a PC e a Brigada Militar. Marco Wermann (PT) refor­çou o pedido. Para ele, é ne­cessário pressionar o governo estadual para enviar mais policiais às corporações do município.

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