Após perderem cerca de 40% da safra devido à estiagem, produtores tiveram mais danos com o temporal de granizo na quarta-feira à noite.
O município mais afetado foi Fazenda Vilanova, que decretou situação de emergência. O temporal durou dez minutos e destruiu cerca de 200 residências.
Oito equipes foram formadas para agilizar a recuperação das casas atingidas. Nesta sexta-feira, a Defesa Civil Estadual enviou 3,5 mil telhas para ajudar no conserto. O restante será custeado pelo município.
Segundo a secretária do Conselho da Defesa Civil, Neiva Borba, o prejuízo estimado ultrapassa R$ 45 mil só com danos verificados nos telhados.
Em Cruzeiro do Sul, Sério e Venâncio Aires, as lavouras de fumo, milho e aipim foram as mais atingidas. Zé Carlos Sehn, de Boa Esperança Baixa, em Cruzeiro do Sul, perdeu 90% dos 22 mil pés de fumo cultivados nesta safra.
Ele havia colhido 75 arrobas e outras 150 permaneciam na lavoura. “O prejuízo chega a R$ 15 mil. O que a seca não prejudicou o granizo destruiu”
Sehn aguarda a visita dos técnicos da integradora para fazer a vistoria. Lamenta que o seguro pagará só 10% do estrago.
Fábio Berghahn, de Araguari, em Sério, perdeu 70% da plantação de fumo. Só 10% das folhas haviam sido colhidas. “Em 15 minutos vi um trabalho de meses sendo destruído. Se pudesse vender a propriedade e ir embora daqui, eu faria.” Os seis hectares de milho também foram atingidos. O prejuízo chega a R$ 5 mil.
Em Venâncio Aires, o distrito de Vila Deodoro foi o mais atingido. Conforme levantamento da Secretaria da Agricultura, cerca de 300 propriedades registraram estragos.
O secretário Fernando Heissler diz que o fumo teve perdas de 100% em algumas lavouras. “A chuva de granizo durou 30 minutos. É triste ver isso. Em uma ponta do município temos famílias sem água e em outra, a tempestade devastou toda safra.”
Chuva é insuficiente
As pancadas esparsas de chuva que ocorreram nas últimas semanas foram insuficientes para recuperar parte das lavouras atingidas pela estiagem. Com atuação do fenômeno meteorológico La Niña, as precipitações ocorrem em pontos isolados. Enquanto o acumulado de chuva no mês chega a 91 milímetros em Paverama, na Linha Cabriúva, em Mato Leitão não passa de 18 milímetros.
Conforme o gerente adjunto da Emater Regional de Lajeado, Luiz Bernardi, para amenizar o déficit hídrico seria necessário chover duas vezes por semana.
As perdas chegam a 40% nos 64 municípios atendidos. As lavouras de milho são as mais atingidas. Dos 103 mil hectares cultivados, 87,3 mil registram perdas de 100%.
Devido à má alimentação do gado, na produção de leite a quebra na produtividade chega a 30%, representando uma redução de 300 mil litros/dia.
No caso do feijão, a quebra será de seis sacos por hectare. Devido à falta de umidade, apenas 40% da área de soja foi semeada. O que foi plantado registra problemas de germinação. “Os prejuízos chegam a R$ 75 milhões. Dinheiro que deixará de circular na economia da região.”
Ração mais barata
A Cooperativa Languiru, de Teutônia, está vendendo a ração para gado de leite a um preço especial a fim de amenizar os custos que aumentaram com a falta de pastagens.
O programa vai até 31 de janeiro, sendo válido para os produtores que vendem o leite para a cooperativa.
Os pedidos podem ser encami nhados nas seguintes unidades: Agrocenter Insumos (Setor de Forragens) em Teutônia; Agrocenter Languiru em Cruzeiro do Sul; Supermercado Languiru em Poço das Antas; ou ainda direto na Fábrica de Rações em Estrela.
O produtor também pode comprar sementes de milho, de forrageiras, fertilizantes, agrotóxicos e lona plástica e pagar em até oito vezes, descontado da conta do leite.