Lajeado lidera ranking de violência doméstica

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Lajeado lidera ranking de violência doméstica

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Das cinco maiores cidades da região, Lajeado apre­senta o maior índice de violência familiar e do­méstica contra a mulher. Conforme registros da Delegacia Regional e Secretaria de Estado de Segurança Pública – Polícia Civil, o município contabilizou 792 casos de janeiro a novembro deste ano.

Nesse período, a cada mil mulhe­res, 21 sofreram agressões físicas, morais, psicológicas ou patrimoniais na cidade de 71 mil habitantes. Hoje, estima-se que 20% de todos os casos não chegam à delegacia.

Das denúncias efetuadas, só 35% dos agressores são julgados. Na maio­ria dos casos, as vítimas se negam a processar os agressores, solicitando apenas medidas protetivas e evitan­do a prisão deles.

A responsável pela Delegacia da Mulher, Márcia Scherer revela que as mulheres estão denunciando mais. A maioria das agressões está associada ao consumo de álcool e drogas por parte dos parceiros. a

A média de idade dos agressores é de 20 a 30 anos, sendo que 50% são maridos das vítimas. “A violência doméstica ocorre em qualquer classe social, mas as de menor poder econô­mico denunciam mais”, constata.

Márcia informa que o problema só será amenizado quando houver uma reeducação dos homens, ain­da no âmbito familiar. Ela acredita que há o sentimento de poder do homem sobre a mulher, o que o torna mais agressivo em casos de ciúme ou rejeição.

Para auxiliar as mulheres vítimas de violência, a partir de março de 2012, a Delegacia da Mulher realizará um projeto de prevenção primária (com crianças) e terciária (com agressores). A intenção é inves­tir numa mudança cultural, em lon­go prazo, e na redução dos índices.

Depois de Lajeado, entre as cinco maiores cidades do Vale do Taquari, Encantado tem o maior índice de violência doméstica, sendo registra­dos 16 casos a cada mil mulheres. Na sequência aparece Estrela, com 21 e Teutônia, com 12 registros a cada mil mulheres. Arroio do Meio apresentou uma redução de 20% no último ano. São 99 agressões registradas de janei­ro a novembro.

Segundo o delegado de Arroio do Meio, João Alberto Selig, um dos motivos que contribuiu para a diminuição foi a aceleração nos inquéritos policiais, diminuindo as reincidências.

Para ele, a parte de conscientiza­ção também é fundamental. Há dois meses, ele faz participações diárias de uma hora na rádio local. O pro­grama chamado Faixa Policial discu­te com a comunidade casos de roubo, faz críticas, dá dicas e conselhos de prevenção contra furtos, casos de agressão e orientação aos ouvintes.

“Se denunciei, era para o bem dele”

Uma secretária de classe média alta, 24, residente em Encantado, foi agredida fi­sicamente pelo primo de 18 anos. O fato ocorreu no mês passado, quando estava na casa da avó. O primo ficou irritado com ela, sem motivos aparentes, e lhe deu uma bo­fetada.

A vítima conta que já havia sido ofendida pelo agressor, que está desempregado e tem antecedentes criminais por briga de rua e assédio sexual. Segundo ela, não foi a primeira vez que ele a agrediu. “Se denunciei, era para o bem dele.”

Mesmo com a lei e a me­dida preventiva que impedem o agressor de se aproximar, a vítima tem medo de ser agre­dida de novo. Ela preferiu re­tirar o processo, logo após a morte da avó há alguns dias.

O que consta na Lei Maria da Penha

– A lei garante medidas de assistência, prevenção e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar;

– É considerada violência doméstica e familiar contra a mu­lher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial;

– Violência doméstica é a que ocorre na unidade doméstica, na família e em qualquer relação íntima de afeto. Todas in­dependem de orientação sexual, podendo ser agressores ho­mens ou mulheres, desde que a vítima seja mulher;

– A vítima pode pedir medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor a: suspensão da posse de armas; afasta­mento do lar, domicílio ou local de convivência; proibição de aproximação da ofendida, de seus familiares e testemunhas; restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores; proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum.

Índices nacionais: uma mulher é agredida a cada 15 segundos

De abril de 2006 a junho deste ano, a Central de Atendimento à Mulher (Disque 180) registrou 791.407 atendimentos à Lei Maria da Penha. Durante os cinco anos de vigência foram 141.838 registros de violência física; 62.326 psicológica; 23.456 moral; 3.780 patrimonial; 4.686 sexual; 1.021 de cárcere pri­vado e 164 de tráfico de mulheres em todo o país. De acordo com a Se­cretaria de Políticas para as Mulhe­res, 87% das denúncias são feitas pela própria vítima.

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