Modelo europeu é implantado no Vale

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Modelo europeu é implantado no Vale

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Nesta sexta-feira, a Cooperativa dos Suinocultores de Encantado Ltda (Cosuel) lançou o Programa Associativo de Produção Leiteira. O projeto é inédito no país e busca reunir as pequenas propriedades familiares, aumentando a produtividade e qualidade do leite produzido.

O programa é resultado de um intercâmbio entre a região e a Comunidade Autônoma da Galícia, na Espanha, cujas condições e propriedades se assemelham. A Cosuel pretende aumentar a média de produção de cada animal de 12 para 30 litros de leite ao dia, tendo um rendimento proporcional ao atual padrão europeu.

leiteSegundo o presidente da cooperativa, Gilberto Piccinini, a mudança garantirá melhor preço e mais qualidade do leite. “O programa pretende melhorar a sucessão familiar e a qualidade de vida do produtor, gerando renda e emprego no campo.”

Serão construídos oito condomínios para associar pequenos produtores de leite, um em cada região de abrangência da cooperativa. Com início definido para 2012, Piccinini diz que ainda não sabe qual será o primeiro município a receber o projeto.

Toda a produção será utilizada pela indústria de laticínios Dália Alimentos, na industrialização de leite de caixinha e em pó.

Os condomínios ficarão próximos das propriedades dos pequenos produtores de leite, alojando todas as vacas leiteiras num único local. Cada alojamento contará com, no mínimo 200 vacas, participando, em média, 20 famílias.

A Cosuel será responsável pela construção das estruturas em parceria com cada município. Ela também buscará a tecnologia necessária e administrará o negócio. Haverá contratação de funcionários, pagos pela empresa, para o manejo da produção.

O maquinário, como ordenhadeiras, resfriadores, equipamentos de alimentação automática e tratores, será custeado pelos produtores associados ao condomínio. Os produtores também serão responsáveis pelo fornecimento e alimentação das vacas leiteiras, recebendo todo mês cotas referentes ao número de animais alojados e sua produção.

No início, serão produzidos de 6 a 7 mil litros de leite por dia em cada associação formada pelo projeto. Apenas produtores associados à empresa poderão participar, tendo terras para a produção de alimento ao gado leiteiro.

Municípios na espera

Arroio do Meio

Progresso

Roca Sales

Anta Gorda

Vespasiano Corrêa

Ampliação da produção

Segundo Picinini, o programa ampliará a produção leiteira na região, diminuindo a preocupação com a redução do número de produtores. “Apenas 10% hoje são autossustentáveis e 35% estão fadados a desaparecer.”

Com o projeto, as famílias terão melhor qualidade de vida e mais tempo para outras produções, tendo funcionários trabalhando no manejo. Assim, também, a empresa acredita na continuidade dos trabalhos entre as novas gerações.

Hoje são 3.430 associados à cooperativa, sendo 1,7 mil produtores leiteiros. Oriundos de 70 municípios diferentes, produzem cerca de 450 mil litros de leite todos os dias.

O projeto também garantirá matéria-prima para a produção de leite em pó, na fábrica que está sendo finalizada às margens da ERS-129, em Arroio do Meio. Segundo Piccinini, os testes de funcionamento devem iniciar em janeiro, levando mais dois meses até o funcionamento efetivo.

Serão necessários 10 mil litros de leite por dia na produção, variando conforme o mercado consumidor. A inauguração está marcada para dia 15 de junho de 2012, data em que Cosuel completa 65 anos.

Famílias acreditam no projeto

Na Linha Barão do Rio Branco, quatro famílias se uniram na produção leiteira. Os irmãos Lorenço, Pasqual, Hilário e Valdemar Bertoldi, com o auxílio das mulheres, criam 43 vacas e produzem mais de 750 litros diários de leite na propriedade. Associados à Cosuel, eles recebem R$ 0,89 por litro.

Logo que souberam do programa, eles resolveram buscar mais produtores interessados, mas não tiveram muita resposta. Mesmo assim, Valdemar Bertoldi acredita no projeto e tem interesse em participar, caso todos os irmãos aceitem.

Os filhos dos casais estudam e trabalham fora, o que dificultará a continuidade dos serviços mais adiante, segundo Bertoldi. “Talvez com o programa, eles tenham interesse, por não precisarem estar aqui para cuidar dos animais.”

Enquanto aguardam, os investimentos não param. Nos próximos dias, construirão um fristal – estrebaria que libera os dejetos de animais direto numa fossa, evitando contato com o chão onde pisam as vacas e mantendo o ambiente limpo.

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