Fundef teme interromper atendimentos gratuitos

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Fundef teme interromper atendimentos gratuitos

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A Fundação para Reabilitação das Deformidades Crânio-Faciais (FundeF), centro de referência filantrópico incorporado ao Hospital Bruno Born (HBB), pode iniciar 2012 com uma queda mensal de 45 para 28 cirurgias labiais e palatais, em média.

Hoje, a espera para alguns procedimentos dura até seis meses. O prazo tende a dobrar com a mudança. Todos os atendimentos são gratuitos, em 2010 foram realizados 869 procedimentos cirúrgicos.

fundefUma portaria do Ministério da Saúde (MS) reduziu o repasse de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para procedimentos de média e alta complexidade para correções de fissuras palatais. A mudança afeta o trabalho da entidade em funcionamento desde 1992.

Os atendimentos começam logo após o nascimento e tendem a se estender até o início da idade adulta. Até 2010, o governo federal permitia à Fundef realizar procedimentos a mais do que o estipulado pelo contrato.

Caso a fundação ultrapassasse o teto, os valores eram pagos em até 60 dias por meio de encaminhamento administrativo. Com a troca de governo, a possibilidade foi revogada.

O centro de referência, quarto no ranking nacional, conta com 48 profissionais de diversas especialidades, entre elas cirurgiões, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais. Eles atendem pessoas com deformidades nos lábios e problemas auditivos oriundas de 343 cidades.

Desde 1999 a entidade atende exclusivamente por meio do SUS, possibilitado por um convênio do HBB. Em 2007 foi aprovada a liberação de verbas para os tratamentos de saúde auditiva. Hoje, estão em tratamento no setor de fissurados 2,1 mil pacientes, entre recém-nascidos e adultos. Na área de saúde auditiva estão cadastradas 1,6 mil pessoas.

Segundo o cirurgião bucomaxilofacial e coordenador do centro odontológico, Henrique Telles Ramos de Oliveira, a incidência de problemas labiopalatais é de um caso a cada 900 nascimentos, em média.

Cerca de 70% dos casos estão relacionados a problemas como desnutrição, consumo de drogas e infecções durante a gestação. O restante decorre de problemas genéticos. No estado, mais de 10 mil pessoas têm má-formação bucal.

Por lei, a Fundef não pode negar o acesso aos procedimentos. Caso aconteça, o título é perdido e o repasse mensal de recursos do MS para o HBB tende a ser cancelado. “Como são tratamentos de longo prazo, os recursos devem ser aumentados, não o contrário.” Telles acredita que a mobilização da sociedade e o apoio das Secretarias Municipais de Saúde são fundamentais para sensibilizar o poder público.

Atendimento e serviços elogiados

Na quarta-feira, o casal de agricultores Viviane e Flávio Racosque veio de Erechim para a cirurgia de correção palatal do filho Guilherme, de 3 meses. Eles são pais de outro menino, de 11 anos, que é tratado no local desde o nascimento.

Quase todas as semanas eles visitam a Fundef em função dos tratamentos. Vêm no carro próprio ou no ônibus oferecido pela administração municipal. Consideram o atendimento exemplar e temem que o corte de verbas afete o tratamento dos filhos.

“Olha as ambulâncias de várias cidades estacionadas na quadra do HBB, a maioria são com pessoas que procuram a ajuda da Fundef”, diz Viviane. A entidade conta com uma casa de acolhida no bairro Centro. A família Racosque elogia o atendimento que recebem no local.

A mãe Fernanda Recke veio de Passo Fundo acompanhada do pai Edison para a primeira avaliação de seu filho recém-nascido, Benjamin. A cada 15 dias a entidade recebe novos pacientes. Segundo o anuário da entidade, em 2010, 154 começaram tratamentos.

Ela diz que após o nascimento, foi aconselhada a procurar o centro de referência em Bauru. Assustada pela dificuldade que teria com este deslocamento, encontrou a Fundef pela internet e em questão de três meses conseguiu marcar um horário.

A mãe, o avô e Benjamin passaram o dia conversando com profissionais sobre o tratamento e receberam materiais informativos. Considera sorte que a região possua um local qualificado para estes tratamentos e espera que o número de atendimentos não precise ser reduzido por conta de um “corte de gastos equivocado” do MS.

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