Ensino Médio terá currículo ampliado

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Ensino Médio terá currículo ampliado

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A partir de março de 2012, entra em vigor o Ensino Médio Politécnico no Ensi­no Médio estadual e mu­nicipal. A implantação do currículo que abre espaço para atividades re­lacionadas ao mercado de trabalho e à realidade das regiões começa pelas turmas de 1º ano.

Haverá a ampliação da carga le­tiva para 200 horas. A mudança se estende ao 2º ano, em 2013, e ao 3º ano, em 2014. Ao todo, cada série terá mil horas de aulas divididas entre as disciplinas tradicionais com abordagem mais prática e ativida­des ligadas ao empreendedorismo, legislação trabalhista, educação no trânsito e segurança do trabalho e outros.

O conteúdo será dividido em qua­tro áreas de conhecimento: lingua­gem e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da na­tureza e suas tecnologias e ciências humanas e suas tecnologias.a

Para o turno diurno, as escolas devem decidir se as aulas passam de quatro para cinco horas diárias, ou se haverá atividades durante o período inverso para dar conta da nova carga horária. Quem estuda à noite poderá utilizar a experiência em atividades profissionais no cum­primento das horas letivas.

O novo currículo-base foi aprova­do pela Secretaria da Educação (SEC) e precisa ser homologado pelo Conse­lho Estadual da Educação. Desde me­ados do ano, são realizados seminá­rios nas escolas para discutir a nova base curricular.

Dia 22, ocorre a conferência regio­nal, e no dia 29, a inter-regional, em locais a serem definidos. Em meados de dezembro, ocorre a etapa estadu­al, em Porto Alegre. Nos encontros, representantes das escolas poderão tirar dúvidas e apresentar propostas.

A titular da 3ª Coordenadoria Re­gional de Educação, Marisa Bastos, diz que desde o ano passado, o estado discute a reforma do Ensino Médio. Pesquisas apontam que o atual mo­delo é desinteressante para os jovens, o que aumenta a evasão e a repetên­cia, hoje na marca de 40%.

Segundo ela, nenhuma disciplina será extinta e não haverá aprovação automática. Cada escola poderá esco­lher, conforme o seu projeto pedagógi­co, a forma de expressar os resultados em notas ou conceitos. Elas estarão autorizadas a reestruturar sua pro­posta pedagógica de acordo com a realidade onde estão inseridas.

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Em nota à imprensa, o Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) reclama que metade da carga horária será destinada ao ensino técnico e o restante ficará para a parte diversificada e voltada ao trabalho.

Para ele, isso impediria que o Ensino Médio cumprisse seu principal objeti­vo, a consolidação dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental. “Acentua a desigualdade, pois os fi­lhos da classe dominante continua­rão tendo direito a uma formação que contemple todas as áreas e facilita o ingresso na universidade pública.”

Segundo Marisa, “é importante dialogar com o mercado, o que está longe de ser submisso, significa ser propositivo, interativo e criativo.” Não significa ensinar profissões no Ensino Médio, mas oferecer uma vi­são sobre o mercado e seu contexto. A preparação para o vestibular não será descartada.

Em escolas que oferecem o Ensino Médio profissionalizante, como a Pe­reira Coruja, em Taquari, o aluno po­derá escolher entre o curso politécni­co, ensino profissional ou magistério.

A coordenadora pedagógica do Co­légio Estadual Castelo Branco, Sandra de Mari acha a mudança positiva por trazer as questões cotidianas para a sala de aula. É provável que sejam ne­cessárias aulas em duas tardes para dar conta do conteúdo.

No momento, os professores estão planejando como em conjunto a inte­ração entre as disciplinas dentro das quatro áreas do conhecimento. Outra preocupação é com o espaço físico das escolas para abrigar as atividades extras. No dia 16, o colégio recebe o encontro de representantes das esco­las estaduais da região para discutir o novo modelo de ensino.

Melhorias e concurso público

Segundo Marisa Bastos, neste ano, o governo concedeu um reajuste salarial de quase 11%, o que diminuiu de 60% para 50% a diferença entre o básico do magistério gaúcho e o piso nacional. “Se fossemos pagar o piso sem as van­tagens do Plano seria possível”, diz. “É o que os outros estados estão fazendo, pagando o piso sem incorporar as van­tagens.” O Plano Plurianual prevê o pagamento do piso de forma gradati­va nos próximos três anos.

Promoções foram realizadas em se­tembro, beneficiando mais de 9,6 mil professores. Um decreto que regula­menta o concurso público foi publica­do nesta semana e um edital será lan­çado em breve com a contratação de cerca de dez mil novos servidores. Há cerca de 20 mil professores em contra­tos temporários no estado, eles serão substituídos de forma gradual pelos professores aprovados no concurso.

O que muda?

Na proposta da SEC, para dar conta das 200 horas adi­cionais ao ano, o currículo poderá passar de quatro para cinco horas diárias, dividido em formação geral (com as disci­plinas tradicionais reunidas em ciências humanas, ciências da natureza, matemática), lingua­gem e formação diversificada que será voltada ao ambiente, cultura e saúde.

Os cursos técnicos criarão ati­vidades relacionadas às carên­cias de mão de obra da região onde está inserida. O agrone­gócio nas regiões de caracterís­ticas rurais, por exemplo.

No primeiro ano, os alunos receberiam 600 horas de for­mação geral e 200 horas de formação diversificada no se­gundo ano seriam 400 para cada modalidade, e, no tercei­ro, 600 horas para formação diversificada e 200 horas para geral. O aluno usaria parte das 200 horas anuais a mais para pesquisar e conhecer a realida­de local e formas de aplicação dos conteúdos.

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