Data de emissão em cheques visa reduzir calotes

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Data de emissão em cheques visa reduzir calotes

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As folhas de cheques passam a apresentar a data de produção impressa na lateral es­querda. A medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) quer aumentar a seguran­ça das transações financeiras. Antes, apenas a data em que o correntista se tornava cliente do banco era mostrada.

O Banco Central (BC) informou que os bancos serão obrigados a esclarecer aos clientes sobre as alterações sempre que novos ta­lões forem liberados. Segundo o órgão público, a medida foi moti­vada por comerciantes que recla­mavam do uso de folhas antigas, talões fraudados e roubados.a

Para o lojista encantadense Hugo Yhoann, a nova medida inibirá, mas não resolverá o pro­blema dos cheques sem fundo. O proprietário de uma loja de calçados há 20 anos nota que a inadimplência tem diminuído nos últimos anos. O fato se rela­ciona ao aumento das compras com cartões de crédito. Sempre antes de aceitar um cheque, Yho­ann consulta o Serviço de Prote­ção ao Crédito (SPC). “É uma ga­rantia a mais.”

Luciano Ghisleni, 43, dispen­sa o uso de cheques. Segundo ele, os descontos no pagamento à vista que se estendem para os cartões de crédito motivaram a mudança de comportamento. O talão que antes durava um mês, agora leva meio ano para ser utilizado. “Só uso onde não aceitam cartão e em situações de muita necessidade.”

O procedimento para sustar o cheque ficou mais difícil. Agora o correntista terá que apresentar um Boletim de Ocorrência (BO) policial para justificar o pedido. Se o cheque foi roubado, poderá haver uma sustação provisória, mas em dois dias úteis o BO terá de ser apresentado ao banco.

As agências terão de informar o nome completo e endereço de pessoas ou empresas que tenham feito depósito de cheque sem fun­dos. Desta forma, o cliente será obrigado a regularizar sua situ­ação com o portador do cheque. A lei obriga os bancos a entrega­rem gratuitamente um talão por mês, mas isso não garante a libe­ração de crédito.

Proteção para lojistas

O Sindicato do Comércio Va­rejista do Vale do Taquari (Sindi­lojas) recomenda que os lojistas utilizem os serviços da Serasa. A empresa de informações criada pelos bancos mantém um banco de dados sobre cheques roubados, extraviados, sustados ou cancela­dos, entre outros.

Ela cobre qualquer ponto do ter­ritório nacional e o custo de cada consulta é de até R$ R$ 1,75 (www.serasaexperian.com.br e 0800 773 7728). A contratação do serviço pode ser direta ou por meio das entidades representativas do se­tor. O SPC é outra forma de se pre­caver contra os maus pagadores.

De acordo com o BC, nos três primeiros meses do ano, 255,7 milhões de cheques foram com­pensados no Brasil. Em janeiro foram compensados 84,9 mi­lhões de cheques. Destes, 5 mi­lhões foram devolvidos e 4 mi­lhões não tinham fundos.

Cuidado com o cheque especial

Segundo dados do BC, em setembro, a taxa de juros co­brada pelo uso do cheque es­pecial chegou a 190% ao ano. O aumento foi de 3,3 pontos percentuais em relação ao mês anterior. A taxa só perde para abril de 1999, quando atingiu o patamar de 193,65% ao ano.

Em entrevista à Agência Bra­sil, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel recomenda optar pelos juros do crédito pessoal e operações consignadas em folha de paga­mento.

Estas tiveram redução de 0,3 ponto percentual e estão na marca de 48,7% ao ano. A taxa cobrada para a compra de veículos caiu na mesma proporção e chegou a 29,5% no mesmo período.

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