Crime eleitoral

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Crime eleitoral

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Depois de três anos, a Comarca do município do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) condenou o presi­dente da câmara de vereadores em 2008, Márcio Klaus (PSDB), a cinco anos e quatro meses de reclusão, a serem cumpridos no regime semiaberto.

klausA sentença, baseada na Operação Higia II, dada pela juíza Débora Gerhardt Marque se deve aos 11 crimes de peculato e corrupção eleitoral cometidos por Klaus próximo das elei­ções municipais daquele ano, quando foi eleito vereador. A decisão determina o pagamento de multa equivalente a R$ 11,7 mil.

Klaus, hoje coordenador regional do PSDB, aguarda a notificação para se pronunciar. O advogado dele, Diego Girelli irá ao cartório elei­toral do município para conhecer os detalhes da sentença. Depois da análise, decidirá com o cliente quais as medidas que serão tomadas. Ele admite a possibilidade de ingressar com um recurso contra a decisão.

Débora também condenou Ildo Schneider, as­sessor legislativo de Klaus na época, e Antônio Altair Dossena, o Banha, coordenador de cam­panha do então vereador. Schneider cumprirá quatro anos e meio em regime semiaberto, en­quanto Banha prestará serviços comunitários por dois anos.

Taxa é inocentado

O quarto envolvido no “Caso Klaus”, Jorge Luiz Freitas, o Taxa, foi absolvido das denúncias – incluindo a de que teria ame­açado uma das testemunhas que prestava depoimento em outubro de 2008.

Ele diz que é inocente, mas, tinha dúvi­das se seria inocentado pela Justiça Elei­toral. “Às vezes a gente tem razão e, mes­mo assim, é condenado.” Taxa espera, agora, que sua vida volte à normalidade depois de três anos de angústia.

O anúncio de que a juíza o inocentou foi dado pelo advogado, que ligou para Taxa por volta das 15h30min. A família foi avisada pelo absolvido às 17h30min. Ele atua no Executivo por cargo comissio­nado (CC) há 15 anos e foi denunciado por ser influente na Secretaria de Obras naquele ano.

Taxa lamenta a condenação de Klaus, Schneider e Banha, que considera ami­gos de longa data.

Os motivos da condenação

1) Peculato – No dia 1° de julho de 2008, Márcio Klaus e Ildo Schneider se apropriaram de um telefone celular do Legislativo para fins eleitorais. O aparelho foi utilizado até o dia 8 de setembro daquele ano. A conta telefô­nica foi paga com dinheiro da câmara de vereadores.

2) Construção de igreja – Entre os meses de julho e agosto, Klaus, Schnei­der e Antônio Altair Dossena, o Banha, doaram aos pastores materiais para a construção do templo religioso. Em troca, os pastores se comprometeram a votar e a persuadir os fiéis a votarem no então candidato. Um dos religiosos é sobrinho de Schneider.

3) Doação de material para mora­dores e desvio de material público – Às 14h25min de 8 de setembro, Klaus prometeu doação de brita e saibro, mais a cessão de maquinário da admi­nistração municipal, em troca de vo­tos dos moradores da rua 25 de Feverei­ro, no bairro Bom Pastor, beneficiados com a melhoria dos pátios internos. O material era todo do Executivo.

4) Doação de brita – Klaus se com­prometeu a doar uma carga de brita a duas pessoas em troca de votos. A negociação ocorreu no dia 15 de se­tembro.

5) Captação de votos em posto de combustíveis – A Justiça conclui que Klaus, por meio de Schneider, doou cinco metros cúbicos de brita, possi­velmente para os proprietários de um posto de combustíveis na BR-386, em troca de 12 votos. O material foi doado no dia 20 de setembro.

6) Doação de jantar – O chamado “Galeto e Salsichão” ocorreu em uma oficina de veículos do bairro Florestal, no dia 12 de setembro. A refeição foi doada ao proprietário e aos emprega­dos da oficina.

7) Doação de jantar por 150 votos – Klaus doou “um farto jantar, regado a cerveja”, para 150 eleitores do bairro Cam­pestre, no dia 26 de outubro. No total, fo­ram comprados 60 quilos de carne, frango e salsichão. Klaus foi preso em flagrante, com R$ 3,2 mil em dinheiro. O evento foi combinado no dia 11 de setembro.

8) Festa no bairro Hidráulica – No dia 10 de setembro, Klaus doou um jan­tar para cerca de 20 eleitores de “duas ou três famílias”.

9) Materiais de construção para empregada – Em 17 de setembro, Klaus prometeu a doação de areia e materiais de construção para a empre­gada doméstica de um eleitor, para fa­zer um banheiro. Ele comprou quatro votos com essa ação.

10) Festa para três pessoas – An­tes de 19 de setembro, Klaus doou a três pessoas cerca de cem quilos de salsichão e frango para um jantar, no Alto do Parque.

11) Doação de comida – Em 11 de setembro, às 20h20min, Klaus prome­teu a um eleitor uma “considerável quantidade de carne e bebidas” para promover um churrasco para joga­dores de futebol. Cerca de 15 pessoas foram sondadas a votar no então can­didato devido à comida.

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