À espera por um leito do SUS

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À espera por um leito do SUS

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Em cinco anos foram fechados 59 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) de hospitais da região. A maior carência é antiga – vagas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). O problema deve ser amenizado nos próximos meses com a abertura de mais 20 leitos.

leitoPara atender a demanda de internação de pessoas em estado grave, o Vale tem apenas 19 leitos de UTI – dez em Lajeado e nove em Estrela. Por se tratarem de hospitais referência, as vagas ainda são divididas com pacientes de outras regiões, que também atendem pessoas do Vale quando faltam locais.

Nos leitos para internações de menor gravidade há vagas em quase todos os hospitais da região. Lajeado é o maior problema. Na quinta-feira, havia seis pacientes na emergência e cinco no Pronto Atendimento aguardando liberação de leitos para internar. Todos estavam ocupados.

A média mensal de ocupação de casas de saúde do Vale é de 85%. Quando há necessidade de espera, o paciente aguarda no máximo 48 horas em salas de observação, onde há acompanhamento médico. Realidade diferente dos hospitais de Porto Alegre e outras capitais brasileiras, onde os corredores se tornam salas de emergências e pacientes aguardam dias por leitos.

Parte do problema é consequência da forma de atuação do SUS. Pacientes de todo o estado que necessitam de cirurgias de alta complexidade são encaminhados para hospitais de Porto Alegre.

O agricultor Roque Henz, 61, de Chapadão, em Santa Clara do Sul, sofre com osteoporose nos dois joelhos. Há sete anos começou o tratamento para fazer a cirurgia em Porto Alegre pelo SUS. “Perdi a conta de quantas vezes o médico desmarcou o procedimento. Sempre arrumam uma desculpa quando chego lá.” Segundo ele, nunca há leitos.

Caso a cirurgia não for realizada nos próximos meses, ele corre o risco de ficar paraplégico. Ele diz que quase não consegue andar sem as muletas e nem os remédios ajudam a suavizar a dor. “Estou cansado de sofrer, mas como não temos dinheiro para pagar me resta esperar até ser atendido.” Para fazer a cirurgia num hospital do Vale do Taquari ele terá que pagar R$ 28 mil.

Hospitais menores viram opção

As cidades sem hospitais precisam firmar convênios com casas de saúde para conseguirem atendimentos hospitalares na região. Exemplos são os municípios de Forquetinha, Fazenda Vilanova e Coqueiro Baixo. Neste, os pacientes são encaminhados para Gramado e Passo Fundo quando não há vagas em Lajeado.

Conforme o secretário da Saúde, Flávio Conte, desde que os convênios foram firmados com os hospitais de Estrela e Lajeado se abriram mais vagas para o município, mas na sua visão a correria ainda é grande quando necessitam de UTI.

Em Forquetinha, a secretária de Saúde, Heide Grunewald recorre aos hospitais menores como o de Marques de Souza, quando o de Lajeado está cheio. “Os hospitais pequenos têm ótimo atendimento e sempre me salvam.”

A secretária de Saúde de Fazenda Vilanova, Luiza Helena Cezar também reclama da falta de vagas nos hospitais, em especial nas UTIs. Contudo, sua maior defasagem é em autorização de internação do estado. O município recebe 18 por mês, e necessita de pelo menos 25.

O secretário de Saúde de Lajeado, Renato Specht confirma os problemas de leitos na região e salienta os relacionados à UTI. Segundo ele, a defasagem chega a 50% no Vale. Dos leitos normais diz que se equilibram aos índices da Organização Mundial de Saúde (OMS) – ter 6% de leitos proporcional ao número de habitantes.

Atendimento na UTI é a maior carência

Conforme a representante do Consisa, Maria Beatriz Pegas, a falta de leitos da região ainda não é um problema quando comparado com cidades maiores. Segundo ela, há casos em que famílias optam por hospitais mais próximos de suas residências e não se importam de aguardar por leitos.

Para ela, o fechamento de leitos é consequência da baixa demanda, em alguns meses, de algumas complexidades. Ela cita que os leitos relacionados a pediatria são os que mais fecham. “Não há como manter toda uma estrutura quando há apenas um paciente.”

Maria Beatriz cita que a UTI é o maior problema. Pacientes da região são encaminhados com frequência para hospitais de São Gabriel, Capão da Canoa, Erechim e outros ligados a Central de Atendimentos.

Os hospitais de Teutônia, Encantado e Arvorezinha, na sua visão, são os que enfrentam o maior problema por falta de leitos.

Manifestação

O Rotary Clube Lajeado Integração fará uma manifestação às 10h de terça-feira, dia 20, em frente ao Hospital Bruno Born, de Lajeado. Eles reivindicam melhorias no SUS. O ato é chamado de Abraço Simbólico ao HBB. Toda comunidade está convida a participar da programação

A dificuldade do hospital de Lajeado

Referência no estado, o Hospital Bruno Born (HBB) de Lajeado é o mais procurado e o que tem o maior número de convênios com os municípios da região. Sempre está superlotado.

Conforme o diretor administrativo do HBB, Élcio Darci Callegaro, os hospitais fecham leitos devido ao baixo valor da remuneração da Autorização de Internação Hospitalar (AIH) de média complexidade.

Ele diz que o valor permanece igual há dez anos, tornando o procedimento inviável tanto para o hospital, como para o médico. Callegaro conta que os hospitais ampliam o número de leitos particulares porque buscam uma alternativa para equilibrar os gastos com os demais leitos do SUS.

Hoje não existe um indicador sobre o custo do leito, pois varia de acordo com o tipo de procedimento que é realizado ao paciente. As administrações calculam que de cada R$ 100 gastos em internação, o SUS cobre 60%.

Callegaro diz que a maior carência quando se fala em leitos é a falta de estímulo por parte dos gestores. Segundo ele, em alguns lugares existe uma expectativa que com as novas tecnologias a tendência seja reduzir a hospitalização.

O diretor projeta criar em 2012 uma nova unidade de internação para convênios, com a ampliação de mais 40 leitos.

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