A paralisação da entrega de correspondências dos Correios atinge grande parte do setor financeiro na região. Algumas empresas que usam o serviço para cobrança de boletos bancários deverão terceirizar a entrega para evitarem atrasos no pagamento de contas e contratempos com os clientes.
Segundo o secretário Executivo do Procon de Lajeado, Pedro Bezerra, as empresas que não oferecerem outras formas de pagamento, não podem cobrar juros e multas dos consumidores devido aos atrasos. “Há outras duas formas que são a identificação pelo contrato nas lotéricas ou pela internet.”
Alguns serviços de cartão de crédito não oferecem número de contratos ou códigos de barras, o que impossibilita o pagamento. Mas, se houver outras maneiras de pagamento, o atraso implicará juros e multas.
De acordo com o corretor de imóveis e advogado, Marco Aurélio Rozas Munhoz, a greve não livra o cliente de pagar suas contas, apesar de interferir no recebimento dos boletos bancários. “A cobrança deste mês foi feita até o quinto dia útil, mas nas próximas será preciso contratar entrega terceirizada.”
Algumas ações de despejo serão impossibilitadas devido ao movimento. Segundo Munhoz, o aviso de despejo é feito via Correios e será preciso um oficial de Justiça entregar o documento, o que atrasará os processos. “Os clientes devem procurar as empresas e pagar direto ao credor, sob pena de o atraso gerar multas e juros.”
Luta por melhores condições de trabalho
Apenas os serviços internos da entrega de Sedex simples continuam funcionando. No estado, 80% dos servidores aderiram à paralisação. Os servidores dos Correios de todo o Brasil entraram em greve à meia-noite desta quarta-feira, quando rejeitaram a proposta de reajuste salarial de 6,87%.
Entre outras reivindicações estão a exigência por melhores condições de trabalho e novas contratações. Pela primeira vez, os 35 sindicatos dos Correios espalhados pelo Brasil foram unânimes na rejeição da proposta, que oferecia um abono de R$ 50, que seriam depositados em janeiro de 2012.
Na região dos vales do Taquari e Rio Pardo, são 54 unidades com 700 servidores – a maioria aderiu à greve. Conforme o diretor sindical, Décio Juarez Vasconcellos Custódio, algumas cidades como Cachoeirinha e Arroio do Meio decidirão ainda nesta semana se paralisarão. Em Rio Pardo, a gerência afirmou que só negociará se os servidores voltarem ao trabalho.
“Quando há dois ou três servidores numa unidade pequena, eles têm medo de serem transferidos, por isso esperam o movimento ganhar força”, disse Custódio. Para a carteira Juleide Machado Antunes é difícil cumprir apenas as oito horas diárias, pois há acúmulo de trabalho.
Segundo Custódio, muitos servidores estão com problemas de saúde devido ao aumento de carga horária. O crescimento do número de loteamentos ampliou as entregas. Muitos endereços novos ainda não recebem correspondências por não prever no mapa dos Correios os números residenciais.
Em Santa Cruz do Sul, o fluxo de correspondências varia de 20 mil a 45 mil. Em Lajeado, os 21 entregadores são responsáveis pela entrega de cerca de 25 mil documentos. Eles passaram o dia em frente à unidade de entrega, na av. dos 15, no bairro Florestal. Uniformizados, fizeram um almoço coletivo e não têm previsão para voltar ao trabalho. O líder sindical desta unidade, João Júnior afirma que o mesmo número de funcionários atende uma demanda cada vez mais crescente de correspondências.
Em Arroio do Meio, com 18 mil habitantes, são dois carteiros para entregar cerca de 3 mil objetos por dia. Três funcionários ficam na unidade para os trabalhos internos. Segundo o gerente Flávio Benvegnu, os funcionários não aderiram à greve para evitar transtornos maiores à comunidade, mas não descarta a possibilidade de paralisar. Afirma que muitos atrasos ocorrem hoje porque existem poucos servidores e estes estão sobrecarregados.