Casos de meningite aumentam procura por vacinas

Notícia

Casos de meningite aumentam procura por vacinas

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

As quatro mortes por me­ningite registradas desde julho preocupam a popula­ção. As vacinas na rede pú­blica são feitas apenas para crianças menores de 2 anos e na rede privada custam R$ 150 a dose. Mesmo assim, há filas. Na tarde de ontem, na clíni­ca de vacinação em Lajeado, foram aplicadas mais de 50.

Conforme o enfermeiro da clínica, Adriano dos Santos, a vacina recomen­dada é a tipo C, bacteriana. Ela é feita em dose única a partir de 1 ano de ida­de. A rede pública iniciou o processo de vacinação em 2010, por isso, pessoas com mais de 4 anos não estão imunes.

meningiteNa manhã de ontem, 28 alunos da Escola Estadual Erico Verissimo, de Lajeado, receberam antibióticos para tratamento da meningite. Eles eram colegas de Pedro Goulart Montezano, 16, que morreu na noite de domingo devido à doença.

Os alunos foram submetidos a um tratamento para eliminar a bactéria que pode ficar ativa du­rante dez dias. O medicamento está disponível para eles na Coor­denadoria Regional de Saúde.

Montezano estudava no 2º ano do Ensino Médio. Na segunda-feira, os alunos foram dispensados das aulas por luto e conforme a vigilância sa­nitária do município, foi indicada à escola a limpeza e arejamento das salas. A família do jovem ficará sob cuidados e vigília da Secretaria de Saúde por dez dias.

Lorena Maria Nunes levou o neto Diogo Nunes, 2, para receber a vaci­na na tarde de ontem. Segundo ela, a mãe do menino é professora da Erico Verissimo e ficou preocupada com o filho, que tem imunidade baixa. “Te­mos medo de contrair a doença, mas a prioridade é a criança.”

Juliana Maria da Silva, 27, levou a filha Laura Maria, 6, para ser vacina­da. Segundo ela, a menina tem asma e ingere medicamento contínuo, sen­do um fator de risco para contrair a doença. “Deveríamos ganhar essa va­cina.” Ela levou a menina para uma clínica em Arroio do Meio e reclama do preço do produto.

Entrevista com o neurologista Marcos Frank

Jornal A Hora do Vale – Qual a diferença da meningite por bactéria e por fungos?

Marcos Frank – A meningite mais perigosa é a bacteriana, a mesma que causou a morte dos dois jovens em Lajeado. Ela costuma ser aguda, evoluindo em poucos dias, ao contrário das causadas por fungos que podem ser crônicas e ter uma avaliação mais demorada.

A Hora – Quais são os sintomas da doença? E como diferenciar de uma gripe?

Marcos Frank – No início podem ser dores pelo corpo e na cabeça tal qual uma gripe. Com o passar do tempo surgi­rão vômitos, febre e a dores de cabeça. Vai piorando e a vítima ficará sonolenta até evoluir para o coma.

A Hora – Quantos dias pode levar para a pessoa morrer?

Marcos Frank – Depende do agente etiológico: algumas me­ningites virais e bacterianas po­dem matar em poucas horas ou dias enquanto que uma menin­gite fúngica ou tuberculosa pode evoluir por meses ou até anos.

Estima-se que ocorram no mundo 1,2 mil casos de menin­gite bacteriana. Destas 135 mil serão fatais. No Brasil, costuma­mos ter entre três mil a quatro mil mortes por ano incluindo todos os tipos de meningite. De maneira geral, crianças e idosos estão mais suscetíveis.

Pacientes que se recuperam da meningite bacteriana, fungica e tuberculosa podem ficar com se­quelas como: paralisias motoras, surdez, diminuição da capaci­dade intelectual e epilepsias. A meningite viral, em geral, não deixa sequelas.

A Hora – Como a doença é transmitida? E qual o tempo de contaminação do am­biente?

Marcos Frank – O modo mais comum de se contrair meningite é pelo contato com secreções respiratórias de pessoas infecta­das. A meningite não se transmite com tanta facilidade como a gripe. É preciso um contato mais prolongado.

Familiares, colegas de turma, namorados e pessoas que resi­dem no mesmo dormitório são aqueles com maior risco. A me­ningite é transmitida pela saliva. A troca de beijos, principalmente, de língua e prolongados, é um via perigosa de transmissão.

Contatos ocasionais como um comprimento, uma pequena conversa, ou dividir o mesmo ambiente como uma sala de aula, oferece pouco risco. Mesmo que durante uma aula você sente ao lado de alguém infectado, se essa exposição for menor do que seis horas, o risco é baixo. As bactérias não sobrevivem no ambiente, não sendo necessário isolamento dos locais onde foi registrado algum caso. Fecha­mento de escolas e salas de aula é desnecessário e só serve para causar pânico na população.

A Hora – Qual a forma de prevenção da doença?

Marcos Frank – Além das medidas básicas de higiene há vacinas para alguns dos subtipos mais comuns de bactérias como: pneumococo, meningococo e haemophilus.

A Hora – Como as escolas devem agir, visto que os dois casos foram de alunos que frequentaram as salas de aula e ambientes com muitas pessoas?

Marcos Frank – O tratamento para doença meningocócica é indicado exclusivamente para os contatos domiciliares do doente, inclusive em domicílios coleti­vos, como internatos, quartéis e creches. Nestes casos, limita-se a pessoas que compartilham o dormitório com o doente.

A Hora – Qual é o tratamen­to para quem tem a doença?

Marcos Frank – Para quem tem meningite bacteriana o trata­mento é feito com antibióticos injetáveis em altas doses, normal­mente por sete dias ou mais. Nas meningites fungicas o tratamento pode ser feito com drogas injetá­veis ou por via oral e geralmente dura de meses a anos.

Para o tratamento dos contatos íntimos e familiares a droga de escolha é a Rifampicina. Ela deve ser feita de imediato, no máximo até dez dias. Gestantes podem usar o medicamento sem restri­ções. Médicos e enfermeiros, só no caso de exposição às secre­ções, como no caso de respiração boca a boca e/ou entubação.

Acompanhe
nossas
redes sociais