Para barrar o tráfico de drogas, o consumo de bebidas alcoólicas e as agressões no ambiente escolar, sete comunidades adotam medidas de segurança desde maio. Ao mesmo tempo em que o Conselho de Proteção Escolar, criado com o apoio da Brigada Militar (BM) e do Ministério Público (MP), auxiliará os alunos problemáticos com tratamento especializado, tomará medidas mais rígidas.
Na noite de ontem, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Campestre, que enfrenta problemas desde 2010, anunciou aos estudantes que a partir de então nenhum aluno bêbado ou drogado frequentará mais as aulas.
Com o aval do MP, eles serão encaminhados a um órgão da saúde para tratamento e só poderão retornar à escola com um documento que comprove seu encaminhamento. O Fórum organizou uma terapia em grupo com psicólogas do município e o Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen) conversou com alguns estudantes.
Desde o início do ano, a escola atende alunos que antes estudavam na Nova Viena, do bairro Olarias. Ela recebe à noite estudantes de 16 bairros de Lajeado, que frequentam a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Segundo o diretor Renato Cuppini, desde maio a escola começou a dialogar mais com os estudantes. Quatro foram afastados e agora a escola quer proporcionar uma melhor condição de aprendizado aos demais. Segundo o diretor, a maioria deles foi excluída das escolas onde estudava, outros fazia anos que não estudavam.
A comandante da 1ª Companhia do 22º Batalhão de Polícia Militar, capitã Karine Brum conta que a direção solicitou que fossem feitas revistas nos alunos, que entravam com drogas e bebidas no ambiente escolar.
Karine relata que a revista foi planejada, mas cancelada, depois de uma conversa com o MP e a escola. Foi decido que seriam feitas patrulhas e fiscalizações em torno do local.
Patrulha escolar
A Brigada Militar quer trabalhar com o programa Patrulha Escolar. Para atuar precisa preparar as escolas. Conforme a capitã, o local deve ter estrutura para receber apoio da Brigada Militar.
Ela diz que um policial vai até a escola e faz um diagnóstico do que ela precisa consertar. Como por exemplo: muros caídos e cercas danificadas facilitam a entrada de invasores; e em brinquedos quebrados as crianças podem se machucar.
“São apontamentos para melhorias que precisam ser seguidas pela escola. Cada um faz a sua parte”, diz Karine.
O que é discutido
Os temas debatidos vão desde o transporte coletivo, atendimento de saúde, limpeza e áreas de lazer, até a situação de alunos, atenção especial à infrequência e drogadição.
No mês passado, em um encontro no bairro Olarias, a comunidade relatou que um dos maiores problemas próximo da escola era o trânsito. A BM, em parceria com a escola, realizou uma blitz nas proximidades com folhetos, alertando os perigos da alta velocidade.
Dias depois, o órgão em parceria com outros da segurança pública realizaram uma blitz para coibir a embriaguez ao volante próximo de um salão de festas da localidade.
Conselho nas comunidades
O trabalho do Conselho de Proteção Escolar surgiu depois da apresentação do problema da escola Campestre no Fórum Municipal de Enfrentamento à Drogadição. O grupo de discussão decidiu que o trabalho será organizado pela BM.
No primeiro momento foram escolhidos sete bairros para receberem o auxílio maior na segurança – Campestre, Santo André, Centenário, Igrejinha, Olarias, Planalto e Universitário. Todos são afastados do centro.
Esse é o primeiro grupo formado na cidade para discutir questões relacionadas à segurança e à qualidade de vida dos moradores dos bairros. Participam moradores, agentes de saúde, comunidade escolar e representantes de órgãos de segurança pública.
Conforme a capitã da BM, esse trabalho é o piloto, “o projeto maior ainda está em estudo e deverá ser executado no próximo ano, quando todos os bairros serão atendidos.” A coordenação quer dividir Lajeado em cinco regiões.
Karine salienta que esses bairros não são os mais críticos e nem os mais calmos, isso facilita o desenvolvimento de um projeto novo. Desde maio, foram realizados dez encontros – três do grupo maior com representantes das sete comunidades e sete reuniões, uma em cada bairro.
Segundo ela, nos primeiros encontros a participação era maior, depois decaiu. Agora para o segundo semestre, a capitã pede mais apoio de outras entidades para executar o programa. Ela afirma que o Conselho Tutelar é um dos órgãos de grande importância no processo, que não participa.