Os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) podem ter dificuldades para ter o atendimento gratuito nos hospitais filantrópicos. Os serviços podem ser suspensos na próxima semana, caso os diretores rejeitem a proposta de repasse feita pelo governo estadual às instituições.
Em reunião entre a Federação dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos, o vice-governador, Beto Grill e o secretário estadual de Saúde, Ciro Simoni, o estado ofereceu o repasse de R$ 50 milhões às instituições – sendo R$ 14 milhões dos cofres do governo e o restante a ser buscado com o governo federal.
Os outros R$ 50 milhões seriam de um financiamento com o Banrisul, com juros de 1,5%. O estado subsidiaria 0,7%.
A reivindicação dos hospitais é de um aporte financeiro de R$ 100 milhões ainda neste ano. A decisão será tomada na assembleia dos diretores dos hospitais, em Porto Alegre, no dia 25.
O presidente do Sindicato dos Hospitais Filantrópicos do Vale e diretor presidente do Hospital Ouro Branco (Teutônia), André Lagemann ressalta que as propostas de paralisação “sempre estão na mesa”.
Ele acrescenta que o valor é insuficiente para pagar a dívida das 239 unidades em todo o estado, estimada em R$ 310 milhões e critica a possibilidade de fazer um financiamento – na qual os hospitais se manteriam endividados.
Lagemann aponta a permanência dos profissionais da saúde como um dos principais problemas dos hospitais. Ele cita como exemplo as administrações municipais, que não conseguem contratar médicos para os postos de saúde.
O diretor do Hospital Bruno Born (HBB), Élcio Callegaro duvida de uma paralisação. “É uma medida extrema, mas somos tão bonzinhos que continuaremos atendendo”, ironiza. Ele considera a suspensão dos serviços uma medida incorreta.
Renegociação de dívida
Callegaro foi informado pelo jornal A Hora sobre a proposta do estado. “Só R$ 14 milhões mostra que o governo não quer cumprir o que está previsto em lei.” Conforme a emenda constitucional de número 29, 12% do orçamento estadual deve ser repassado à saúde. Hoje, a área recebe só 4%.
Ele desconhece os critérios que serão adotados para o repasse de dinheiro e aguardará a assembleia para tomar uma decisão. O HBB tem uma dívida de R$ 18 milhões com o estado, que é renegociada com o Banrisul.
Mesmo com as críticas, os diretores de hospitais mantêm a esperança. Lagemann acredita que, até o fim do mandato, o governador aplicará os recursos previstos em lei.
Hospitais filantrópicos do RS
– 239 unidades hospitalares;
– 18 mil leitos SUS;
– Mais de 70% da capacidade assistencial hospitalar SUS no estado;
– 519 mil internações ano;
– 55 mil trabalhadores;
– 66,6% dos leitos existentes no RS estão nestes hospitais;
– Em 220 municípios é o único hospital;
– Maior rede complementar estadual no país.
Fonte: Federação dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS