Ajuda atrasada

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Ajuda atrasada

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Em dois anos, as solicitações dos 17 municípios da região mais afetados pelas chuvas ultrapassam os R$ 74 milhões. Os governos federal e estadual repassaram só R$ 8,4 milhões.

Segundo o coordenador Regional da Defesa Civil, major Vinícius Renner Galvani, algumas administrações encaminham o pedido direto a Brasília, o que pode ser decisivo para a perda dos recursos. “Há muita disparidade nos cálculos entre alguns municípios”, alerta. “Às vezes a verba é liberada, mas como não foi homologado pelo estado, não podem recebê-la.”

encRenner afirma que é preciso seguir etapas para comprovar os prejuízos e encaminhar o pedido. Ele avisa que os laudos da Defesa Civil são importantes.

A previsão de mais enchente põe as administrações em alerta. Em Cruzeiro do Sul, por exemplo, as perdas deste ano chegaram a R$ 5,2 milhões. De acordo com a secretária de Administração, Aline Rodrigues Flores, o maior gasto é com a recuperação de estradas, pontes e pontilhões. “É preciso retardar algumas obras e ter jogo de cintura com o orçamento.”

Conforme o secretário de Administração de Encantado, Luciano Moresco, a burocracia para receber os valores do governo federal força a administração a usar recursos próprios para realizar as obras de emergência.

O prefeito de Roca Sales Antônio Valesan afirma que o município enfrenta dificuldades para consertar os 680 quilômetros de estradas de chão danificadas nas chuvas de julho. Os prejuízos chegam a R$ 1,5 milhão.

Em 2010, um temporal deixou um prejuízo de R$ 980 mil e em ambos os casos, a cidade decretou emergência, mas até agora não recebeu a verba.

Alguns municípios receberam o valor pedido, como é o caso de Travesseiro, que decretou emergência em janeiro de 2010 pelos prejuízos de R$ 700 mil. Em maio do mesmo ano, recebeu R$ 621,7 mil.

Em Anta Gorda, a cidade homologou três decretos em 2010, totalizando R$ 430 mil de perdas. Recebeu R$ 421 mil de verbas federais.

O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Sérgio Marasca, acredita que os prefeitos devam se adaptar ao processo e conversar mais com a coordenação da Defesa Civil. Segundo ele, os recursos federais demoram para vir porque a demanda é grande.

As situações mais dramáticas

Lajeado – O estado ainda não homologou o decreto de emergência dado em janeiro de 2010. Na enchente do dia 21 de julho, o município teve perdas de R$ 13 milhões – R$ 10 milhões só na encosta do Rio Taquari. O município ainda não recebeu recursos.

Encantado – Segundo o secretário de Administração, Luciano Moresco, os prejuízos de R$ 4,5 milhões referentes à enchente de janeiro de 2010 ainda não foram sanados, pois receberam apenas R$ 1,2 milhão dos Ministérios da Integração Nacional e Agricultura. Em Julho deste ano, as perdas com as chuvas alcançaram R$ 8 milhões, ainda não recebidos.

Estrela – Na enxurrada de janeiro de 2010 teve prejuízo de R$ 1 milhão. As perdas deixadas pelas cheias de julho deste ano foram de R$ 7 milhões – R$ 6,3 milhões só para reparo aos danos ambientais. Apesar de ter decretado emergência nos dois casos, o município ainda não recebeu nenhum recurso.

Cruzeiro do Sul – Em 2010 os prejuízos ultrapassaram os R$ 6 milhões e os recursos oriundos do decreto de emergência alcançaram R$ 500 mil. Neste ano foi R$ 5,2 milhões de perdas e os recursos ainda não chegaram.

Arroio do Meio – No decreto de prejuízos em janeiro de 2010, recebeu R$ 1.046.000 para compra de uma motoniveladora, cargas de brita, construção de galeria e ponte. As chuvas de julho deste ano deixaram um prejuízo de R$ 7,305 milhões. O município decretou emergência, mas até agora não recebeu ajuda financeira.

Taquari – Recebeu em setembro de 2010, R$ 2,725 milhões referentes aos prejuízos das cheias de 2009. Neste ano, são três decretos que totalizaram R$ 2,768 milhões de prejuízos. Ainda não receberam estes recursos.

Teutônia – O vendaval, no dia 22 de abril deste ano, causou estragos na lavoura e em pavilhões que abrigavam aves e suínos. O prejuízo passa de R$ 1 milhão. Apesar de ter decretado estado de emergência, a cidade ainda não recebeu os recursos. Segundo o sub-secretário de Agricultura, Silvério Brune, o seguro financeiro da Cooperativa Languiru cobriu a área construída, mas não os equipamentos e os animais.

Excesso de chuva preocupa

A região foi atingida por duas enchentes nas duas últimas semanas. A mais recente, nesta segunda-feira, superou a média de chuva esperada para agosto – foram 136 milímetros em um só dia, ante previsão de 120 milímetros para agosto.

O registro foi maior que o de julho, quando nos dias 20 e 21 o Centro de Informações Meterológicas (CIH) da Univates marcou 118,8 milímetros. A enchente de julho foi a segunda maior da década, elevando o nível do Rio Taquari em 26,85 metros.

A previsão para o fim de semana deixa em alerta os municípios. As chuvas devem iniciar no sábado à tarde. Poderá chover forte durante todo o domingo. Na segunda-feira a chuva diminui, mas o sol deverá predominar só na quarta-feira.

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