A Política Nacional de Resíduos Sólidos, promulgada em meados de 2010, instituiu regras para os descartes de materiais eletroeletrônicos. Em seu texto estão estipuladas punições para organizações e indivíduos que abandonam esses componentes no ambiente e regras para seu reaproveitamento e coleta.
Iniciativas e projetos com ênfase estadual e municipal não são novidades. Ancorados na lei, os mecanismos podem se tornar mais eficientes e estimular a adesão da sociedade em uma nova relação com a rápida troca deste tipo de equipamentos.
Na manhã de ontem, 70 municípios do estado lançaram a Campanha de Recolhimento de Equipamentos de Informática e Telefonia Pós-Consumo, criada pelo sistema Fecomércio-RS. Se trata do primeiro passo para o surgimento de espaços públicos e gratuitos para o recebimento desse tipo de descartes.
Até agora, Lajeado é a única cidade da região a confirmar a participação. A cerimônia na sede do Serviço Social do Comércio (Sesc) di vulgou as ações confirmadas para o município e reiterou a busca pela adesão de outras cidades.
A entidade quer a adesão de empreendimentos para a criação de locais para receber equipamentos eletroeletrônicos como: celulares, baterias, computadores, cabos e estabilizadores, e outros (veja boxe).
Os locais de coleta serão definidos nos próximos dias. Entre eles, supermercados e outros locais de grande movimentação. No dia 10 de setembro, um evento no Parque Professor Theobaldo Dick será dedicado ao recolhimento dos componentes eletrônicos.
A meta da entidade é que até o fim da campanha, no dia 30 de setembro, sejam retiradas de circulação em torno de cem toneladas de equipamentos periféricos e mais de 20 mil celulares e baterias.
O descarte será gratuito em locais identificados pelo selo da campanha. O armazenamento será feito na Univates. Encerrado o prazo, uma empresa levará os materiais para reciclagem, descontaminação.
Materiais recolhidos na campanha
CPU’s completas, monitores, tecldos, mouses, impressoras, notebooks, estabilizadores, no breaks, telefones celulares e baterias, carregadores, telefones sem fio, cabos, terminais, centrais telefônicas, placas de rede e mãe, fax, vídeo e som, modens e decodificadores.
Saiba mais
A estimativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é que até 2030, o Brasil produzirá 680 mil toneladas por ano de resíduos eletrônicos. Cada brasileiro será responsável pela geração de 3,4 quilos deste tipo de lixo. Segundo a entidade, até 2020, o volume de resíduos procedentes de computadores crescerá 400% em países como a Índia e a África do Sul.
Tecnologia estimula o descarte
O gerente de assistência técnica de uma loja de componentes para informática, Daian Feldens Siqueira diz que os descartes recebidos de clientes são encaminhados a única prestadora de serviço do ramo instalada no município.
No caso de grandes volumes, como em empresas, o contato do empreendimento é informado. A maior parte dos equipamentos armazenados em um depósito para coleta mensal é parte interna das máquinas.
A maioria é danificada por correntes elétricas. Entre elas Hard Drives (HD’s), fontes e placas-mães. Os monitores danificados ou com tecnologia defasada são os produtos que mais ocupam espaço. Diferente dos componentes mecânicos, os eletrônicos são projetados para ter um tempo de vida reduzido. “As atualizações constantes estimulam a investir em novos modelos.”
Para regularizar seu alvará de funcionamento na vigilância ambiental, a empresa deve apresentar a cada ano as notas emitidas a pelo empreendimento que recolhe os descartes.
Rudinei Camargo é o proprietário da única empresa da região autorizada a angariar esse tipo de material. A cada mês são recolhidos em média 1,5 mil quilos que são enviados a um empreendimento em Santa Catarina para reciclagem.
Todos os dias, três pessoas circulam pela cidade e arredores em uma camionete para recolher o material em empresas e assistências técnicas.
Um depósito no bairro Moinhos recebe celulares, baterias, monitores, telefones e componentes de computadores. “Ainda não temos licença para televisores.” O empresário pensa em estender o serviço para a comunidade.
Riscos de contaminação
Segundo a gerente do Sesc Betina Duraiski, a campanha corresponde a uma necessidade do setor comercial e industrial que proíbe levar esses materiais aos aterros sanitários pelo risco de contaminação.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos criou mecanismos de descarte e normas de logística reversa para as empresas do setor. Esse processo consiste em receber os materiais vendidos após eles terem saído de uso.
A secretária do Meio Ambiente, Simone Schneider diz que a administração municipal assinou um termo de cooperação com a entidade para estimular ações semelhantes.
Segundo ela, a contaminação causada por equipamentos como as baterias de celulares afeta nascentes de rios e o solo.
Mais informações sobre a campanha podem ser encontradas pelo www.fecomercio-rs.org.br/campanhasustentabilidade. No dia 3 de outubro, um relatório com os resultados da campanha será divulgado pela imprensa e as entidades que integram o sistema Fecomércio.