“Esta feira é um orgulho para o estado e serve como exemplo de integração regional.” Com estas palavras, o governador Tarso Genro encerrou seu discurso na abertura da 2ª AgroInd Familiar – Feira Nacional de Máquinas, Equipamentos, Produtos e Serviços, que ocorreu ontem à tarde, no Parque do Imigrante.
O governador ressaltou a importância da produção primária da região, voltada para o mercado interno e nacional. “Aqui não dependemos do que ocorre no mundo para desenvolvermos. Podemos controlar nossos preços.” Segundo Tarso Genro, o investimento na base de produção e o cooperativismo são “marcas” do Vale do Taquari.
A criação de um Plano de Safra Local foi anunciada pelo governador. Segundo ele, o governo estadual deve agregar recursos do plano federal com outras verbas angariadas pelas agências financeiras do estado, para dar sustentabilidade ao pequeno e médio produtor. “Precisamos qualificar a base produtiva do estado, usando como exemplo o que vocês estão fazendo agora.”
Acompanharam o governador os secretários de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) Ivan Pavan; de Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), Luis Fernando Mainardi, e o secretário do Gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas, Afonso Motta.
Desafio é lançar a 3ª AgroInd Familiar
O presidente da feira, Oreno Ardêmio Heineck, lembrou que no Vale quase 26% da população ainda vive no meio rural. “No estado o número cai para 14%.”
Para ele, é preciso reverter o êxodo rural por meio de incentivos e condições técnicas para os produtores gerarem lucro. Ele falou também da importância de unir as cadeias de produção leiteira e as agroindústrias.
Valmor Scapini, presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), enalteceu a parceria dos poderes Executivo, Legislativo com o setor privado para o sucesso da feira, e cobrou maior participação do governo federal. “O desafio é lançarmos a terceira edição. Para isto, contamos com a sensibilidade dos governos para apoiar este evento.”
A prefeita de Lajeado, Carmen Regina Cardoso, falou da importância da fiscalização sanitária nas agroindústrias familiares, e da implantação do Sistema de Inspeção Municipal (SIM) nos municípios da região.
Agroindústrias podem vender para todo país
Durante o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar no Paraná na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que estipula o prazo de 60 dias para que o governo federal responda aos estados que solicitaram adesão ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa).
O documento possibilita que os produtos da agricultura familiar sejam vendidos em todo o país. Com isso, o governo pretende organizar a demanda desses produtos familiares para que o setor possa se desenvolver e gerar mais renda, com a expansão e venda em território nacional. E o Rio Grande do Sul é um dos 11 estados que aguardam resposta de Brasília sobre a adesão ao sistema.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Elton Weber, diz que a adesão do estado pode ocorrer na Expointer – entre 27 de agosto e 4 de setembro. “Acredito que entre 30% e 40% das agroindústrias tenham condições de vender seus produtos no país.”
Desde a criação do Suasa em 2006, dos 14 estados, apenas Minas Gerais, Paraná e Bahia tiveram a solicitação atendida.
Economia sustentada pelo agronegócio
Painel do jornal A Hora do Vale será realizado amanhã, às 17h45min, no auditório 2.
Produtores e prestadores de serviço ligados à agricultura familiar discutem o futuro e os desafios do setor até domingo no Parque do Imigrante, durante a segunda edição da Feira Nacional de Máquinas, Equipamentos, Produtos e Serviços, a AgroInd Familiar.
Durante cinco dias serão realizados eventos técnicos, seminários e audiências para discutir os rumos do agronegócio. Dentro deste contexto, o jornal A Hora realiza o painel “As políticas e ações públicas como suporte da agroindústria familiar”, amanhã, às 17h45min.
O tema será debatido pelo secretário municipal da Agricultura de Garibaldi, Jorge Mariani que mostrará os projetos e incentivos que o município oferece para fortalecer a agricultura familiar.
Estarão presentes o deputado federal, Elvino Bohn Gass (PT), e o ex-ministro da Agricultura e presidente Executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) , Francisco Turra.
Conforme dados do Movimento dos Pequenos Agricultores, a agricultura familiar envolve 420 mil famílias no estado e é responsável por 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. No Vale do Taquari, o setor representa 50% da riqueza produzida.
O papel do poder público
Conforme Turra, o apoio do poder público é um elemento fundamental para a sustentabilidade do pequeno produtor. “A oferta de recursos precisa acompanhar o crescimento da atividade agropecuária. É fundamental a flexibilização das regras para fornecimento dos financiamentos, afinal, o excesso de exigências não é benéfica a ninguém, seja o produtor ou mesmo a instituição pública.”
Cita que o governo tem excelentes projetos à disposição do agricultor como o Pronaf e linhas de financiamentos específicas para melhoria de instalações e de capital de giro. “O pequeno produtor não pode ficar condenado ao atraso, e precisa de fortes investimentos em mecanização em sua produção.”
Turra comenta que a produção de alimentos é uma saída para manter o jovem no campo e aumentar a população e a riqueza no meio rural.
Observa que o novo Agro Brasileiro passou a ser uma atividade atraente, diferente do que existia antes, quando se autodenominar agricultor poderia soar pejorativo. Ele acredita que a profissionalização da mão de obra empregada, e investimentos em produtividade e qualidade são fundamentais para que o Brasil Rural se expanda e crie ainda mais subsídios para a melhor qualidade de vida dos brasileiros.
“Não faltam políticas agrícolas”
Elvino Bohn Gass diz que o atual governo revolucionou a agricultura familiar ao implantar políticas que eram reivindicadas pelos movimentos sociais do campo há décadas.
Em 2010, os agricultores tiveram à sua disposição R$ 16 bilhões, quase 700% a mais do que no governo do presidente Fernando Henrique. “Não faltam políticas agrícolas. É o mercado que é excludente, concentrador e injusto. Qualificar e profissionalizar o produtor é a saída.”
Gass diz que o grande desafio da agricultura familiar é incrementar a produção de alimentos. Hoje, o setor responde por 70% da comida que chega à mesa da população. “Precisamos garantir aos agricultores atividades que garantam lucro, qualidade de vida, acesso à educação, saúde e formas de garantir o jovem na atividade agrícola. A criação de agroindústrias e a produção de alimentos é uma opção.”
Gass citou a criação de programas como: o Pronaf Mulher, Jovem, Seguro Agrícola, Mais alimentos, implantação no Plano Safra a política de preços mínimos, alimentação escolar e outros. Segundo ele, pela primeira vez o estado terá o Plano Safra Estadual que será lançado pelo governador Tarso Genro no dia 25.
Em busca de novos clientes
O produtor Adriano Wünsch, de Imigrante, produz 1,2 mil quilos por mês em sua agroindústria de salames, linguiças, copas e salsichões. Ele trabalha com outros três funcionários, e aguarda a definição do Suasa para novos investimentos. “Primeiro precisamos buscar novos clientes, para saber quanto aumentaremos na produção e nos investimentos.”
Wünsch está há cinco anos licenciado pelo SIM, e diz que gastou cerca de R$ 30 mil nas adequações. “Hoje o município fiscaliza melhor que o estado. Creio que estou apto a vender para qualquer lugar do país.”
Como funciona
– Se as agroindústrias de estados e municípios estiverem dentro das regras federais de inspeção sanitária, os seus produtos industrializados poderão ser vendidos no mercado nacional.
Formas de adesão
– Pode ser individual (cada município solicita sua adesão) ou pode ser de forma coletiva (consórcio de cidades).
Como aderir
– Solicitar a adesão na Superintendência Federal de Agricultura do respectivo estado, que será encaminhada ao Ministério da Agricultura. Após a aprovação final da adesão do serviço proponente ao Suasa, a notificação será publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Fique atento
O que: AgroInd Familiar – Feira Nacional de Máquinas, Equipamentos, Produtos e Serviços
Quando: De 13 a 17 de julho (quarta-feira a domingo)
Onde: Parque do Imigrante – Lajeado
Ingresso: R$ 5 por pessoa
Horários de visitação
14 – quinta-feira, 9h às 20h30min
15 – sexta-feira, 9h às 20h30 min
16 – sábado, 9h às 21h
17 – domingo, 9h às 18h