Insatisfação

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As constantes quedas de energia elétrica em diversos bairros de Lajeado e nos municípios atendidos pela AES Sul aborrecem os clientes. No loteamento Verdes Vales, no bairro Carneiros, a empresa é responsável pelo abastecimento de parte das casas, onde é constante.

posteDepois de receberem respostas que consideram insatisfatórias, os moradores ameaçam acionar o Ministério Público (MP), caso o problema não seja resolvido até 2 de junho.

A recorrência virou motivo de piadas entre os clientes da Certel, que abastece a outra metade do local. “Somos beneficiados, porque os clientes da AES Sul vêm comprar velas quando falta luz”, brinca Marcel Schmidt, proprietário de um mercado.

Schmidt comemora o fato de ser atendido pela concorrente. Segundo ele, caso a concessionária abastecesse toda a comunidade, teria de comprar geradores de energia. O empresário alega que, em sete anos, ocorreram apenas três quedas de luz na sua região.

Os lajeadenses reclamam, também, da insegurança. Na área urbana, postes ameaçam cair por falta de manutenção – em alguns casos, são sustentados pelos fios.

O mesmo ocorre em outros municípios. Em Estrela, o vereador José Itamar Alves (PTB) constatou que pelo menos 30 postes estavam avariados – a maioria destinada à distribuição de energia.

O caso mais grave é o do loteamento Marmitt, no bairro Moinhos. Em menos de um quilômetro de distância, a empresa afixou apoios de madeira em quatro postes da rua São Roque. Os moradores reclamam que a medida é ineficaz.

Clarice da Silva, 38 anos, mora há oito meses no local e diz que, no temporal que atingiu a região há duas semanas, os postes quase caíram sobre algumas casas. “Cada vez que dá vento tem curto-circuito os postes ficam balançando.” Ela teme pela segurança dos cinco filhos, com idades entre 10 e 18 anos.

A moradora salienta que os funcionários atendem os chamados, mas reclama da falta de solução. Segundo Clarice, eles chegam ao local para analisar as condições dos postes e vão embora.

As vizinhas Selma Cardoso dos Santos, 52 anos, e Cenira da Silva, 40 anos, concordam. Dizem que os pedaços de madeira foram afixados nos postes após o último temporal. “Estamos esperando o próximo para ver se vai segurar”, diz Selma.

Weslei Dalfi, 11 anos, e Gabriel Buques, 10 anos, andam de bicicleta pelas proximidades, mas temem que o poste da esquina das ruas Soledade e São Roque caia. A base é sustentada por outro de madeira.

Em Cruzeiro do Sul, grande parte dos postes é de concreto, mas muitos dos que são de madeira estão com problemas em sua estrutura. Na rua Dom Pedro II, em direção à Linha Bom Fim, três têm apoios – sendo que um está com a base rachada.

Próximo da ponte da Bom Fim, os técnicos avaliaram como seguro um dos postes que estava prestes a cair. Dois dias depois, ele tombou no meio da estrada, quase derrubando outro à sua frente. Ele foi recolocado e, mesmo com o apoio instalado, está inclinado para o a via.

Ação no MP

O problema das quedas de energia elétrica no loteamento Verdes Vales, em Lajeado, perdura há dois anos. Os moradores esperam a solução do problema até o fim deste mês, caso contrário, ameaçam procurar o MP.

Eles reclamam que qualquer ventania cessa o abastecimento de energia em todas as residências, prejudicando 400 famílias. No mesmo loteamento, a Certel também fornece energia e segundo os moradores não há quedas.

No dia 22 de abril faltou energia elétrica no bairro das 16h às 10h. Os moradores citam que passaram a noite tentando ligar para a AES Sul, mas não tiveram retorno.

O consultor de vendas, Julian Barth, tem registrado no celular 30 tentativas de ligações para o serviço de atendimento ao cliente da empresa e quatro mensagens SMS. “Minha mulher está grávida e precisa de nebulização, há alguns dias ficamos mais de 13h sem luz.”

Abastecimento insuficiente nas zonas rurais

Nas zonas rurais o problema é no fornecimento. Os produtores dizem que era comum ocorrerem quedas de luz na comunidade de Arroio do Ouro, em Estrela. Segundo Nestor Magedanz, 46 anos, a falta de abastecimento ocorria, em média, três vezes por semana.

Em algumas ocasiões, a energia retornou no dia seguinte. “Eu só percebi que a luz tinha voltado porque fui tomar banho à 1h e os aparelhos estavam funcionando.”

As constantes quedas estragaram os eletroeletrônicos de algumas famílias. Milita Maria Scheeren, 65 anos, teve um televisor e um aparelho de DVD queimados há duas semanas, na última falta de abastecimento registrada no local. Mesmo com o serviço normalizado há duas semanas, os moradores reclamam que o problema, agora, é na iluminação pública.

Algumas localidades de Arroio do Meio enfrentam o mesmo problema. Em Picada Arroio do Meio, uma oscilação em dezembro queimou a bomba de abastecimento de água dos 22 mil frangos que Ricardo Liesenfeld produz. Ele processou a empresa pelo prejuízo.

Em Cascalheira, cerca de 30 famílias sofrem com a baixa tensão na rede elétrica e alguns produtores têm problemas na utilização de equipamentos. Em Passo do Corvo, o valor das taxas é questionado. A conta é, em média, de R$ 100 por mês.

Os produtores de São Caetano solicitam maior força na rede há dois anos e a empresa se comprometeu em instalar um novo transformador. “Informamos o aumento no consumo de energia, como eles exigem, mas não nos atenderam.”

A moradora de Arroio Grande, Reni Fröhlich, diz que há sobrecarga, fazendo com que o refrigerador de leite de mil litros pare de funcionar. No início da semana, os funcionários da AES Sul desligaram a iluminação pública e o seu telefone para trocar o poste de madeira, mas não concluíram o serviço.

A possibilidade de quedas de postes ocorre na área urbana, como no centro da cidade. Em Barra do Forqueta, próximo da Ponte de Ferro, alguns postes também estão inclinados.

Como os municípios veem o serviço

Estrela

Nardi da Silva – secretário de Desenvolvimento Urbano

A administração municipal considera o serviço ruim. Os principais problemas são com a ineficiência no atendimento, demora no restabelecimento da energia elétrica, perfuração das redes de esgoto quando há troca dos postes e os podres que caem nas vias.

Silva reforça a reclamação dos moradores. Ele informa que, por diversas vezes, foi solicitado à empresa a troca dos postes, mas que nada é feito.

O município a acionou na Justiça e espera uma definição. Silva ressalta que não há a possibilidade de rescindir contrato, porque o abastecimento é feito por concessão, e o estado autoriza as empresas para atuarem no mercado.

Arroio do Meio

Ivan Batista – funcionário responsável pelos contatos com a AES Sul

Salienta que a administração municipal está satisfeita com o serviço prestado. Ele ressalta que, quando é feito o pedido de melhorias, a empresa atende em menos de uma hora.

Batista acredita que a demora no atendimento à população se deve à demanda da AES Sul na região. Ele opina que o problema poderia ser solucionado, se a empresa tivesse mais equipes.

A posição de Batista é contraditória. O Executivo se reuniu em Porto Alegre com dirigentes da Eletrosul. Entre os assuntos está a insatisfação dos moradores e a cobrança da administração municipal quanto à demora na execução de obras programadas nas comunidades.

Lajeado

Isidoro Fornari Neto – secretário de Governo e Assuntos Extraordinários

O serviço prestado é considerado bom pela administração municipal. A dificuldade maior é a burocracia para solucionar os problemas apontados pela comunidade. Fornari informa que, hoje, a resolução é feita por técnicos de outro município, resultando na demora no atendimento.

Ressalta que quando o escritório de Lajeado podia resolver as questões, o atendimento era mais fácil. Hoje, o local serve só para atendimentos simples, como troca de endereço das contas de luz.

Cruzeiro do Sul

Rudimar Müller – prefeito

Sabe das condições precárias de alguns postes, mas acredita que o serviço prestado é satisfatório. Müller informa que há poucos registros de quedas de luz.

Segundo ele, a administração renegociou a dívida com a empresa, que teria se comprometido a reinvestir os valores no município. Nesta semana, foram aprovados projetos que destinam R$ 180 mil para redes trifásicas.

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