A vinda do secretário estadual de Segurança Pública reacendeu a descrença da construção de uma nova penitenciária na cidade. Airton Michels admite que a região precisa de um novo presídio regional, mas diz que o caso será avaliado apenas no próximo ano, após o estado solucionar o problema do Presídio Central, em Porto Alegre.
O encontro ocorreu ontem, em reunião-almoço no Clube Tiro e Caça, promovida pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro) e Câmara de Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT).
Em março deste ano, a assessoria de imprensa da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) confirmou à reportagem que o estado iniciou novo estudo para a construção, descartando o antigo projeto.
Michels diz que no ano passado, quando era diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) recebeu um dossiê do Ministério Público Federal de Lajeado. A partir deste documento, Michels, pretende desistir da área no Santo Antônio. “Os municípios têm interesse em uma nova penitenciária. Tenho certeza de que terão uma nova área para repassar ao estado.”
Em 2010, foram realizados mais de dez reuniões, audiências públicas, e plebiscitos nos bairros próximos da área da construção. O empecilho maior iniciou após as eleições, quando o Tribunal de Contas do Estado (TCE) aceitou o pedido do Ministério Público de Contas de suspender as obras dos seis novos presídios porque eles não tinham licitações.
As contrapartidas de R$ 6 milhões propostas pelo antigo governo às comunidades afetadas com a construção também podem estar perdidas.
O presidente da Alsepro, Ito Lanius, disse que a vinda do secretário foi importante para aproximar a região do estado, mas destacou que esperava mais informações sobre a segurança pública em Lajeado. Ele cita que o maior problema da construção de um novo presídio voltou a ser a falta de dinheiro.
Secretário anunciou metas do governo
O discurso do secretário estadual serviu para que a plateia – composta por comandantes da Brigada Militar e autoridades da Polícia Civil, Superintendências Serviços Penitenciários (Susepe) e locais – soubessem das metas do governo e da secretária. Em relação a Lajeado foram poucas as informações.
Michels destacou que o estado regrediu nos últimos dois anos no setor da segurança pública. Em contrapartida ele anunciou que o governo federal cortou despesas reduzindo recursos voltados para o sistema carcerário.
Ele diz que as principais metas para 2011 são a integração das polícias (Brigada Militar e Polícia Civil), trabalho mais forte nos 17 mil quilômetros de fronteira do estado e o policiamento comunitário. O secretário destaca que a região está bem suprida nesses quesitos e é provável que não seja contemplada com investimentos relacionados a estas metas.
Intenção era de iniciar presídio neste ano
Na primeira manifestação após ser confirmado como futuro secretário da Segurança Pública, o promotor de Justiça Airton Michels anunciou que pretende iniciar em 2011 a construção de até oito presídios, gerando três mil vagas.
Ele falou que pretende aproveitar os R$ 150 milhões reservados para seis prisões prometidas por Yeda Crusius. Até agora nenhuma das penitenciárias foi construída.
Mais do que construir prisões, Michels terá a missão de reorganizar a Susepe, cuja imagem vem sendo arranhada pelo quadro de calamidade em que se encontra – um em cada três presídios e albergues está interditado por superlotação, fugas em massa e presos cumprindo pena em casa.
Prioridades definidas
– Construção de um presídio, como ferramenta fundamental da repressão e ressocialização;
– Implantação de políticas públicas estaduais no enfrentamento à drogadição;
– Mais efetivo, aparelhamento e modernização das polícias (Brigada Militar, Polícia Civil, Bombeiros e Patrulha Ambiental).
– Instalação do núcleo regional do IGP na comarca de Lajeado.
Foi entregue uma lista de pedidos
Uma lista de solicitações criada pelos órgãos de segurança da cidade, em parceria com a Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro), foi entregue ao secretário no fim da reunião.
Michels diz que analisou pedidos que foram encaminhados também na semana passada por e-mail, e adiantou que foram exagerados. Ele destaca o pedido feito pela polícia civil – contratação de mais 50 policiais – e disse que a região, principalmente Lajeado, estaria com um quadro funcional favorável em comparação a outras cidades do mesmo porte.
As propostas foram encaminhadas com outra lista, organizada pelo Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), a partir de avaliações da Brigada Militar (BM), Polícia Civil, Instituto Geral de Perícias (IGP) e Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Os pedidos listados pela Alsepro são necessidades observadas pela comunidade, e foram ratificadas em reunião.