Onde a mentira é coisa séria

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Onde a mentira é coisa séria

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O pacato município de três mil habitantes, localizado na região alta do Vale do Ta­quari, se transformará no redu­to dos mentirosos do país neste fim de semana.

Na sexta-feira à noite, na Pra­ça da Matriz, será lançado o 16º Festival Nacional da Mentira, que se encerra no domingo. O evento deve atrair um público superior a 20 mil pessoas nos três dias, e terá a apresentação de 60 candidatos ao título de maior mentiroso.

bresciaSegundo o secretário de Admi­nistração, Jorge Paulo Maman, a estrutura para o festival está pronta e o município se organi­za para receber os turistas. Estão confirmadas excursões partindo de Minas Gerais, Paraná e San­ta Catarina para acompanhar o festival. “O evento virou tra­dição no município, e hoje atrai pessoas de todo o estado.”

Ele lembra que o festival já foi atração de programas de televi­são como o Fantástico e o Globo Repórter, ambos da Rede Globo, e que por conta disso o nível das apresentações está mais profis­sional. “As interpretações e men­tiras estão cada vez mais ela­boradas.” O secretário diz que é comum, quando viaja para outras cidades, ser questionado sobre as mentiras de Nova Brés­cia. “Sempre falo que apenas re­cebemos os mentirosos, pois em apenas uma edição, o vencedor era daqui”, brinca.

O evento premiará o campeão da mentira com um carro zero quilômetro e o segundo coloca­do com uma motocicleta. Serão distribuídos R$ 5,5 mil entre o terceiro e o décimo lugar. Além das apresentações, o festival re­ceberá shows nacionais como Teodoro & Sampaio e Hugo & Tiago, trilha de motoqueiros, salão gastronômico, e Feira Co­mercial e Industrial. Mais infor­mações pelo site www.festival­damentira.com.br

O único mentiroso da cidade

Em 15 edições, só um ven­cedor foi um filho de Nova Bréscia. A honra cabe ao fun­cionário público Sérgio Eliseu Lorenzon. Em 2006, ele men­tiu ser o churrasqueiro que inspirou a estátua instalada na praça central da cidade. Para isso, vestiu roupas seme­lhantes e pintou cabelo e bigo­de. “O segredo é ser original para convencer o júri de que realmente estou mentindo”, diverte-se, acrescentando que até hoje brinca com a mentira contada há cinco anos. “Pinta­ram a estátua sem me consul­tar.”

História do festival

Ângelo Mezacasa, conhecido como Colombim, foi um dos idealizadores do festival, que teve início em maio de 1982. Ele conta que tudo começou du­rante uma reunião de amigos, na qual era comum surgirem histórias e piadas sobre o coti­diano da cidade. Por sugestão de Gilberto Laste, o Catraca, morto em um acidente de carro sete anos após a primeira edi­ção do evento, a turma realizou um concurso para ver quem contaria a melhor mentira. “O primeiro festival foi feito com o coração”, orgulha-se.

Colombim não participa mais dos concursos. Segundo ele, é aberto apenas para ama­dores. “Profissional da menti­ra como eu não pode partici­par”, brinca. Sobre a fama da cidade, ele se diverte ao dizer que o verdadeiro “celeiro” dos mentirosos fica longe de Nova Bréscia. “Este título a gente dá para Brasília.”

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