A administração municipal reconheceu a falha na reavaliação dos valores do Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) para este ano. Para corrigí-la, a prefeitura encaminhará à câmara de vereadores um projeto de lei que limita em 300% o reajuste.
A mudança ocorre após pessoas reclamarem do aumento feito de 2010 para este ano. Em alguns casos, o reajuste chegou a 800%. De acordo com o assessor jurídico da prefeitura, Marcelo Caumo, poucos foram os que tiveram aumento superior ao novo teto estipulado.
A prefeita, Carmen Regina Pereira Cardoso, se antecipa aos vereadores do PP e do PDT, que ontem protocolaram requerimento, solicitando que ela encaminhasse ao Legislativo um projeto de lei, que fixa o valor máximo em 300%.
Caumo afirma que os vereadores poderiam ter feito a proposta, mesmo sendo inconstitucional – eles são impossibilitados, pela lei, de interferir no orçamento do município. Conforme o assessor jurídico, a prefeita provavelmente acataria a proposta, tornando-a legal.
Ele informa que as pessoas que se sentirem prejudicadas deverão entrar em contato com a prefeitura para fazer uma reavaliação.
Advogados podem acionar prefeitura
A cobrança do IPTU pode parar na Justiça. O advogado Flávio Ferre diz que, com outros colegas, pretende acionar a prefeitura pela cobrança que ele considera abusiva.
Ele afirma que o imposto de uma propriedade teve um aumento de 200%. A ação deve ser feita em conjunto com outras pessoas que se sentiram lesadas pelo reajuste, pedindo a reavaliação do valor.
Casos serão analisados individualmente
Os pedidos de reavaliação serão analisados pela Secretaria da Fazenda. De acordo com a secretária da Fazenda adjunta, Jane Wagner, os casos serão reavaliados indivualmente. A informação foi dada na sessão da câmara de quinta-feira.
Jane diz que as reivindicações motivaram a reavaliação do processo. Ela afirma que os cálculos demorarão a ser refeitos, podendo se estender até o fim de março.
Segundo ela, as pessoas poderão protocolar o pedido até o fim deste mês. As reavaliações devem começar no início de março.
Vereadores criticaram proposta inicial
A pauta principal dos vereadores após o recesso não poderia ser outra: o IPTU. Todos aproveitaram para fazer manifestações sobre temas. O mais exaltado foi Delmar Portz (PSDB) que cobrou explicações do Executivo sobre o veto à sua emenda ao projeto sobre o IPTU.
O documento solicitava que o imposto para os donos de apenas um imóvel ficassem de fora do reajuste. Portz afirma que a proposta beneficiaria cerca de 70% da população.
Outra reclamação foi de que o Legislativo foi desrespeitado pelo Executivo. Eloede Conzatti (PT) informa que a prefeita sancionou a lei mesmo sem a votação.
No dia 31 de dezembro, foi realizada uma sessão extraordinária e a proposta do IPTU estava em pauta. Entretanto, Eloede, Sérgo Kniphoff (PT), Antônio Schefer (PTB) e o próprio Portz faltaram.
Para Lorival Ewerling, os vereadores também devem ser responsabilizados. Segundo ele, o projeto tramitou por 30 dias no Legislativo e eles não o analisaram. “Nós só fomos alertados depois que o Delmar (Portz) apresentou a emenda”, salienta.
Entenda o caso
– No ano passado, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) encaminhou ofício à administração, exigindo reavaliação venal, após 14 anos;
– O projeto de lei sobre a mudança no IPTU foi encaminhada à câmara em novembro;
– No dia 31 de dezembro, os vereadores realizaram uma sessão extra para votar a proposta da prefeitura. Como oposicionistas e Delmar Portz não compareceram, a sessão foi cancelada por falta de quórum;
– A prefeita Carmen promulga a lei, mesmo sem o aval dos vereadores;
– Em alguns casos, o reajuste foi superior a 800%;