O município é o único na região que teve aumento no teto para financiamento habitacional do Programa Minha Casa, Minha Vida, que de R$ 80 mil passa para R$ 100 mil. A notícia motivará pessoas de outras cidades a comprarem no município.
A maior preocupação agora é das imobiliárias que se queixam da pouca oferta. Os imóveis à venda têm valores superiores ao teto do programa do governo federal. Os mais acessíveis variam de R$ 130 mil a R$ 180 mil. A demora na liberação de projetos e a deficiência no processo de escrituras dos novos imóveis são questionadas pelos proprietários de imobiliárias.
As corretoras Ana Corbellini e Kátia Sieben afirmam que há quatro meses estão sem imóveis no valor de até R$ 80 mil para vender. Elas acreditam que com a alteração do teto ocorram vendas de terrenos, em que os valores partem de R$ 50 mil. Neste caso o resto do empréstimo será aplicado na construção.
Ana diz que há prédios em construção que atendem ao novo teto. “Temos imóveis prontos para venda, mas barram na prefeitura por três meses devido ao Habite-se”, relata.
A proprietária de outra imobiliária Mara Ranzi calcula que o valor R$ 100 mil ainda é pouco para as propostas que as imobiliárias têm. Para ela, o valor deveria partir de R$ 110 mil. O mesmo pensa o construtor Leandro Eckerdt. “Prefiro não atender o perfil do programa porque quando o orçamento é apertado afeta a qualidade”, diz.
A decisão em elevar o preço máximo dos imóveis novos e usados foi do Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Lajeado enquadrou-se porque tem mais de 50 mil habitantes. Desde 2007 não havia reajustes.
Conforme a gerente-geral da Caixa Econômica Federal de Lajeado, Mara Lucian, a justificativa para o aumento é proporcionar aos interessados de menor poder aquisitivo uma facilidade de compra, visto que houve uma valorização nos valores praticados no mercado imobiliário. Ela cita que há 200 processos em andamento na agência para essa finalidade.
Depois de 59 anos o sonho se realiza
A família Garcia, de Lajeado, teve um desejo realizado – a casa própria. O casal Walmor, 63 anos, e Maria Helena, 59 anos, e o filho Rodrigo, 29 anos, somaram sua renda e em março se mudam para nova habitação no bairro Montanha.
A casa tem dois quartos, um banheiro, sala e cozinha no mesmo ambiente. O suficiente, na visão da família, para três pessoas. O casal retirou R$ 66 mil de empréstimo e recebeu R$ 1,8 mil de auxílio do governo. A moradia custará pronta com terreno R$ 72 mil.
Em abril de 2009, a residência em que moravam de aluguel no bairro Americano incendiou e todos os pertences e ferramentas da empresa que mantinham nos fundos da casa foram perdidos.
O casal recebeu ajuda da comunidade que doou mantimentos, roupas e móveis. Até o ano passado, moraram em uma casa cedida próximo do local anterior. Até que procuraram, por incentivo dos filhos, uma construtora e descobriram que teriam chances de fazer um financiamento. “Hoje, pagamos R$ 669 de prestação pela nossa casa. O mesmo que um aluguel”, diz.
Aluguel tornou-se mais caro que prestações
Imobiliárias do município garantem que hoje é mais barato financiar do que alugar um imóvel, mesmo que a variação seja pequena.
Contudo, em cidades maiores a mudança é mais significativa. Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que as famílias que moram em grandes centros gastam o dobro com aluguel comparado com aquelas que financiam imóveis.
Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/09 mostram que em média o brasileiro destina 12% da renda familiar para o aluguel e se optar pela prestação da casa própria terá 7% de despesas em seu orçamento.
Com o financiamento o comprador tem outro benefício. As prestações que podem se estender em até 30 anos, mensalmente reduzem. Já com o aluguel o reajuste ocorre anualmente e há acréscimo de valores.
Rendas necessárias e auxílios
Para adquirir um imóvel de até R$ 100 mil é preciso ter renda familiar entre R$ 1.395 e R$ 2.790. Nesta situação enquadram-se os financiamentos para aquisição de imóvel novo ou de terreno mais construção com avaliação do imóvel de até R$ 100 mil e com renda de até R$1.395.
Nas regiões metropolitanas e municípios com população igual ou superior a 250 mil habitantes a renda familiar máxima é de R$ 4,9 mil.
As operações de financiamento na área habitacional popular destinam recursos à população de baixa renda. Em Lajeado, o valor chega a até R$ 13 mil. O FGTS poderá auxiliar no empréstimo em 90% do valor de imóveis novos ou usados.
Mudança de foco dos investimentos
O crescimento no número de financiamentos do programa e valores de imóveis causou impacto no setor imobiliário e mudança nos planos dos investidores. Aqueles que antes adquiriam casas ou apartamentos para aluguel, hoje compram na planta para revenderem quando prontos.
O exemplo é um prédio no bairro Florestal em que na planta um apartamento custou R$ 110 mil. O investidor aguardou por 30 meses até o término da construção é no mês passado o vendeu por R$ 185 mil. Casos como este repetem-se nos bairros centro e Montanha.
Aumento em outras regiões
O valor para imóveis localizados nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal passou de R$ 130 mil para R$ 170 mil. Nas demais capitais, o teto do imóvel dentro do programa foi elevado de R$ 100 mil para R$ 150 mil.
Para municípios com população a partir de 250 mil habitantes ou integrantes de regiões metropolitanas, o valor máximo passará de R$ 80 mil para R$ 130 mil.
Documentos ou cópias exigidos para financiar um imóvel
– identidade – frente e verso;
– CPF – frente e verso;
– comprovantes de renda (seis últimos contra cheques/extrato bancário dos três últimos meses);
– comprovante de residência (conta de água, luz ou telefone);
– estado civil (certidão casamento, ou união estável, ou solteiro(a)/certidão nascimento);
– comprovantes de despesas informadas no cadastro, atuais e pagas;
– declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF);
– carteira de trabalho (todos que tem renda): nº e série, com foto e assinatura; qualificação civil; todos os contratos de trabalho; dados FGTS;
– documento do veículo, se tiver;
– se tiver imóvel no nome, certidão atualizada da matrícula do imóvel;
– certidão da matrícula do imóvel que está comprando.
– terá uso de FGTS, valor aproximado
– se tem conta na Caixa Federal, o número
– Receita Federal: certidão conjunta negativa
– Receita Federal: comprovante de inscrição e de
situação no CPF