As 22 famílias da região alta de São Roque, no distrito de Palmas, sofrem com frequentes cortes no fornecimento de água devido à ação de crustáceos que abriram galerias na fonte.
Segundo moradores, além de desviar o curso da água, a falta de manutenção na rede, como limpeza na caixa de água e troca de canos e boias dificultam a distribuição.
A caixa que abastece a comunidade tem capacidade para 12 mil litros de água, mas a fonte não consegue preenchê-la, pois falta pressão nos canos.
O morador Valdomiro Angelo, 63 anos, monitorou o fornecimento de água da comunidade por oito anos. Ele reclama que falta uma associação para resolver o problema, mesmo com a cobrança de taxas.
Ele diz que voluntariamente tentou tapar os buracos com cimento, mas não adiantou,pois os crustáceos agem durante a noite. “Os caranguejos (sic) furam por baixo do poço e podem desviar a fonte”, diz.
Segundo Angelo, a bomba da comunidade está ligada 24 horas por dia para dar conta da demanda, levando água cem metros morro acima. “A bomba está ligada direto há dois meses”, conta.
De acordo com o morador Edemar Pinto, 53 anos, em muitos pontos, os canos expostos nas estradas são quebrados pelos veículos. “Ninguém limpa o poço ou arruma os canos quando quebram e ficamos muito tempo sem água quando isto acontece”, reclama.
Perfuração de poço
Conforme o secretário de Planejamento, Henrique Meneghini, há um projeto de perfuração de um poço artesiano para a região com recursos federais. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) autorizou a abertura do poço, no entanto o projeto está parado há mais de um ano e meio, porque é preciso licenciamento ambiental.
Biólogo cogita proliferação do crustáceo
Conforme o biólogo e professor da Univates Hamilton César Zanardi Grillo, as galerias são abertas pelo lagostim de água doce ou lagostim vermelho, pequeno crustáceo que costuma habitar terrenos úmidos para respirar.
Segundo Grillo, este animal provoca drenagem no solo poroso, mas dificilmente consegue perfurar o concreto. “Só fura se a movimentação da água facilitar e se há mais areia do que cimento na massa”, diz.
Grillo afirma que é possível ter proliferação desta espécie, mas é preciso análise da região em que eles agem e do crustáceo. “Esta espécie de lagosta costuma fazer buracos de cerca de um metro e meio para se esconder durante o dia”, conta.