A dor de quem perdeu o filho no futebol

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A dor de quem perdeu o filho no futebol

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A família Campiol tenta se recuperar da recen­te tragédia que abalou a comunidade de São Roque, interior de Boqueirão do Leão. Ismael, filho mais novo de Olédio e Jaira, morreu aos 22 anos depois de ser agredido em um torneio de mini­futebol disputado em Matão, no do­mingo de Natal.

futebolSegundo relato do irmão Irael, 25 anos, o jovem ten­tou apartar um desentendimento entre o sogro Gil­mar Gento, pre­sidente do clube anfitrião, e um grupo de atletas insatisfeitos com a eliminação do seu time na fase semifinal. Além de levar uma garrafada na cabe­ça, Ismael foi agredido com ponta­pés e pisoteado.

Campiol sofreu um corte na ca­beça e foi encaminhado ao hospi­tal de Boqueirão do Leão para fazer suturas. Porém, o jovem passou mal após o procedimento e teve de ser transferido ao Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo. No úl­timo dia 3, segunda-feira, foi confirmada sua morte cerebral.

Mais um caso de violência que ofusca o futebol amador da região. Ano passa­do, dois tradicionais campeonatos do Vale do Taquari já haviam terminado em pan­cadaria. Em Lajeado, a disputa do título entre União de Carneiros e União Santo André teve confusão nas arquibanca­das. Em Santa Clara do Sul, o tu­multo começou dentro de campo.

Sonho interrompido

futebolFanático por futebol, Ismael jogaria o Campeonato Ama­dor de Boqueirão do Leão de 2011 pelos aspirantes do São José de Matão. E para o ano que vem, a ideia seria atuar ao lado dos irmãos Irael, 25 anos e Daniel, 31. “Estava tudo programado. Infelizmente, o sonho de jogarmos juntos foi interrompido drasticamente”, diz Irael, emocionado.

Domingo, Ismael foi home­nageado na partida de aber­tura da competição disputada entre São Roque e São José. Como forma de reconhe­cimento ao ex-jogador da equipe, atletas e dirigentes do São José decidiram usar bra­çadeiras de luto durante todo o campeonato.

“Para nós, que somos des­portistas, é constrangedor ver vândalos fazendo bagunça e manchando o futebol. A vio­lência deve ser banida dos campos”, reforça Irael, ainda em estado de choque com a morte do irmão, que deixa a mulher e uma filha de dois anos.

A família está desolada

Ismael, o casal Olédio e Jaira sofre para superar a perda do filho ca­çula. As lembranças remetem, em especial, aos momentos em que a família se reunia para brindar a união. “O Ismael tinha prazer de vir em nossa casa. Toda vez que a gente se reunia era uma animação só. Sempre tivemos uma amizade muito grande”, emociona-se o pai.

A ausência do filho também é evidenciada na hora em que o agri­cultor de 61 anos toma o rumo da lavoura. “A gente trabalhava junto no cultivo do fumo. Agora, restam as lembranças dos momentos que passamos juntos”, lamenta.

A mãe Jaira, 55 anos, agrade­ce o incentivo que a família tem recebido de amigos e vizinhos. Porém, não consegue aceitar que seu filho tenha sido vítima de tamanha violência no futebol. “O Ismael sempre foi uma pes­soa de bom caráter e que nunca se envolveu em brigas. Não en­tendo como isso foi acontecer”, revolta-se a dona de casa, que aguarda justiça.

Decisões terminam em pancadaria

Ano passado, dois tradicionais campeonatos amadores do Vale do Taquari tiveram os confrontos de­cisivos ofuscados pela violência.

Em Lajeado, a disputa do título en­tre União de Carneiros e União Santo André terminou em confusão nas arquibancadas. Foram cerca de 20 minutos de briga generalizada entre torcedores que deixou pelo menos uma pessoa ferida e impediu a entre­ga da premiação ao time vencedor.

Tudo começou no segundo tem­po da prorrogação, quando dez torcedores do União Santo André invadiram o espaço destinado aos anfitriões e iniciaram uma verda­deira batalha extracampo.

Crianças e mulheres tiveram de fugir do tumulto para não serem ví­ timas dos agressores. O jogo precisou ser interrompido porque alguns atle­tas acabaram se envolvendo na bri­ga preocupados com seus familiares.

Em Santa Clara do Sul, a confu­são também envolveu jogadores das duas equipes finalistas. Os em­purrões que se intensificaram na metade do segundo tempo se trans­formaram em pancadaria tão logo o árbitro encerrou o jogo que deu o título ao Santa Clara FC, em Nova Santa Cruz, contra o EC Cruzeiro.

Para piorar a situação, torcedores pularam a tela para participar da briga, enquanto mulheres e crianças procuravam alguma forma de defe­sa. Não havia policiamento no local.

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