Superação impulsiona os primeiros passos

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Superação impulsiona os primeiros passos

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Depois de oito anos sem andar, Clarice Schuster ar­riscou os primeiros passos com um andador e desco­briu que com força de vontade pode­rá conquistar seu sonho – de voltar a caminhar.

Quando tinha 18 anos, Clarice trabalhava normalmente em uma fábrica de calçados da cidade. Repen­tinamente, começou a sentir fortes dores nas costas. Ela fez exames e recebeu vários medicamentos, mas nenhum médico sabia o diagnóstico.

caminharApós um ano de tratamento sem solução, ela começou a sentir dor­mência nas pernas. Até que um dia na ida ao trabalho, ao tentar descer do transporte urbano, notou que perdia a força nos membros infe­riores. “Aquele dia me desesperei e vi que algo de muito errado estava acontecendo e não era apenas do­res nas costas”, lembra.

Ela conta que a partir de então se arrastava pela casa com a ajuda de duas bengalas e facilmente caía, machucando-se.

Sua dor de ver os movimentos das pernas perderem-se aos poucos durou três anos, período em que o médico descobriu o seu problema – um tumor na medula.

A sugestão médica foi uma cirur­gia, mas devido às proporções e riscos Clarice teve que decidir se aceitava. Segundo ela, os médicos previram três consequências – voltar a andar, perda completa dos movimentos das pernas ou morte durante a cirurgia.

Ela decidiu arriscar. Porém, a ci­rurgia não teve sucesso e ela ficou paraplégica. “Meu mundo desan­dou, mas sabia que de qualquer forma perdenderia os movimentos por completo”, emociona-se.

Clarice seguiu as indicações mé­dicas e iniciou o tratamento fisiote­rápico. Por 45 minutos em três dias da semana ela faz movimentos designados por profissionais da Se­cretaria de Saúde e estagiárias do curso de Fisioterapia da Univates.

Ela afirma que durante todos es­tes anos sempre teve esperança de um dia voltar a caminhar sozinha sem ajuda de aparelhos. “Sei que conseguirei, preciso ter calma.” Os passos de Clarice são breves, mas considerados por ela como um re­começo em sua vida.

Até o momento, ela passou por quatro procedimentos. Um na colu­na e três de botox nos membros que ficaram atrofiados por estarem du­rante anos na mesma posição.

Ela aguarda para se submeter ao quinto. “A cada cirurgia ganho mais movimento, e as seções de fisiotera­pia ajudam a evidenciar isto”, diz.

Segundo estatísticas, há 24,5 milhões de brasileiros na mesma situação de Clarice, necessitando de uma cadeira de rodas para lo­comoverem-se. No entanto, muitos entram em depressão porque a au­toestima fica baixa.

Clarice menciona que teve mo­mentos de desespero, mas os supe­rou com a esperança.

Os benefícios da hidroterapia

Conforme a fisioterapeuta Marilu­cia Vieira dos Santos, a hidroterapia é um dos métodos mais antigos para o gerenciamento de disfunções físicas.

As propriedades de suporte, assis­tência e resistência da água favore­cem os fisioterapeutas e pacientes na execução de programas voltados para melhora da amplitude de movi­mento, recrutamento muscular, exer­cícios de resistência e no treinamento de deambulação e equilíbrio.

A hidroterapia é a um recurso fi­sioterapêutico que utiliza os efeitos físicos e fisiológicos advindos da imersão do corpo em piscina aque­cida como recurso para a reabili­tação ou prevenção de alterações funcionais motoras.

A terapia aquática parece ser be­néfica no tratamento de pacientes com distúrbios neurológicos, mus­culoesqueléticos, cardiopulmona­res e outros.

À espera de ajuda

Todo o tratamento de Cla­rice foi feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os materiais foram emprestados pelo município e estado.

Ela relata que sua evolu­ção no tratamento poderia ser mais rápida, se o fizesse particular, visto que a cada procedimento há fila.

Outro desejo de Clarice é poder seguir o tratamento corretamente. Hoje, os médi­cos indicaram que ela fizesse seções de hidroterapia, mas ela diz que sua família não tem condições financeiras.

O sustento da casa hoje depende de Darci, marido de Clarice. Ele trabalha em uma empresa da cidade e em alguns dias chega a atin­gir 12 horas diárias de ser­viço.

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