As 130 crianças que frequentam mensalmente a Organização Não Governamental Abaquar, do bairro Santo Antonio, se apresentarão neste sábado. Cantos, danças e peças teatrais querem sensibilizar a comunidade regional para a doação de brinquedos e roupas infantis, tornando o Natal destas crianças mais feliz. “Cantaremos a música Como Zaqueu, vai ser bem bonito”, diz a Pâmela Fagundes da Silva, de 8 anos.
A Abaquar oferece 15 oficinas, todas coordenadas por voluntários, em diferentes dias e horários da semana. As crianças aprendem dança, música, canto, alimentação alternativa, futebol, balé, percussão, filmagens, recreação e artesanato.
A coordenadora do espaço, Petronila Andrade, conta que as práticas são oferecidas de acordo com as sugestões dos alunos. Cada um pode escolher quantas deseja cursar e em qual momento, desde que respeite o horário da escola, regras de convivência e tenha cuidado com os materiais utilizados. “Aqui se transforma o negativo em positivo”, define.
O Santo Antônio é frequentemente citado como um dos bairros mais violentos. Porém, dentro do Abaquar esta realidade não se verifica. Projetos sociais são testados no local e implementados em diversas partes da região e em outros países por meio dos intercambistas.
Conforme Cláudia Nogueira, voluntária da ONG, até o momento não houve problemas de violência, drogas ou abusos. “Isto acontece porque dentro do projeto as pessoas são respeitadas e amadas pelo que são e não por sua condição social”, declara.
Origem e atuação
O Abaquar, nome originário da palavra indígena que significa “o senhor do voo”, surgiu em 2003 a partir de projeto popular no bairro. Marcelo Salvatori, natural de Progresso, conheceu a ideia por meio de Dinamara Feldens, secretária de Cultura de Lajeado na época.
Entusiasmado pela iniciativa, ele a levou para a França, país onde mora e cuida da atual sede do projeto. É de lá que vem a maior parte dos recursos para a sua manutenção.
Salvatori transformou a entidade em uma ONG devidamente certificada para obter auxílio de projetos sociais do poder público brasileiro e internacional.
Petronila reforça que os objetivos são promover a vida, reintegrar as crianças e adolescentes à comunidade e garantir a valorização do bairro e da identidade cultural dos envolvidos.
Ao ingressar no projeto, algumas crianças apresentam problemas afetivos, psicológicos, morais e físicos. Entre eles, drogas, espancamentos, fome e abandono. “A atenção e os ensinamentos de nossos voluntários promovem a confiança e a autoestima a essas pessoas”, afirma.
A entidade tem o apoio de escolas e universidades da região e anualmente recebe intercambistas europeus interessados em conhecer de perto a vida nas áreas pobres brasileiras e aprender a modificá-la.
Mais 40 crianças em 2011
Com o encerramento das atividades dos Irmãos Maristas, de Lajeado, a partir de 2011 mais 40 crianças do bairro Santo Antônio passam a ser atendidas pela entidade que busca profissionais e voluntários para ajudar.
Quem estiver disposto a contribuir com o Abaquar, ou mesmo visitar o local e passar tempo com as crianças pode entrar em contato pelo 3748-5590.