Falta de materiais atrasa construções

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Falta de materiais atrasa construções

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O bom momento vivido pelo mercado da construção civil, promovido principalmente pelos programas habitacio­nais do governo e financiamentos priva­dos, tem aumentado a procura por ma­teriais de construção em todo o país.

O excesso de demanda afeta a produ­ção dos materiais de base da construção, gera filas em busca de produtos de base nas lojas do ramo e afeta os prazos de entrega dos imóveis.

obrasConforme representantes do setor, a previsão é de que o cenário se mante­nha por mais dois ou três anos. Isto de­manda mudanças na logística de pro­dução e na entrega para quem trabalha com os produtos de base da construção, eletrodomésticos e mobiliário.

Para Juarez Zagonel, gerente de uma loja de materiais de construção em Lajeado, a diversificação das linhas de produtos contribui para a demora da entrega.

“Cada fábrica tem sua logística de produção e a maioria é afetada pela grande procura por um tipo de produto, neste caso os materiais de base. Assim, é necessário interromper algumas linhas específicas para dar vazão a essa demanda”, afirma.

O cimento é um dos principais caos no panorama atual. Escasso nos esto­ques de diversos estabelecimentos co­merciais do Vale, muitas vezes há filas para comprá-lo.

Hoje, um saco custa R$ 17,50, um au­mento de 4% em relação ao ano passa­do, quando o mesmo produto valia R$ 16,80. “Não houve um encarecimento, o problema está na entrega das enco­mendas”, conta.

Ele diz que o fato é nocivo para as pequenas empresas do setor e cons­trutores autônomos. Estes profissio­nais precisam pagar pela ociosidade de empregados à espera dos mate­riais, como o cimento e os azulejos e estão sujeitos a multas referentes ao prazo de entrega dos imóveis.

Se antes o tempo médio de espera para os materiais era de três a cinco dias, hoje alcança dez, podendo che­gar 20 em alguns casos, principal­mente nas linhas específicas.

Diferente da maioria dos materiais de base da construção, os tijolos não sofrem este atraso, pois o verão faci­lita a secagem, garantindo o aumen­to da produção.

A dica do profissional é investir na estocagem de materiais e na lo­gística das obras. “O cimento pode permanecer até 20 dias em boas condições de depósito. Com mutirões de trabalho é possível aproveitar me­lhor as equipes em diversos locais”, aconselha.

De acordo com o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), da Fun­dação Getúlio Vargas (FGV), o custo da construção no país registrou, de janeiro a outubro deste ano, alta de 6,56%. Nos últimos 12 meses, a ele­vação foi de 6,97%.

Comerciantes registram prejuízos

Em Santa Clara do Sul, a empre­sa de materiais de construção dos irmãos Willers não consegue aten­der aos novos clientes. Eles recla­mam das dificuldades em suprir a demanda pelos produtos, como cimento, prontilaje e canos. “Todo dia deixamos de vender e não é por causa do preço, mas por falta de produto. Nosso estoque está zerado e não conseguimos fazer a reposi­ção”, queixa-se Arlindo.

Lauro diz que antes fazia o pedido, e a entrega era feita em três dias. Hoje, o cimento chega dez dias após a solicita­ção para a fábrica.

Lauro lembra que chegaram a pa­ralisar a venda por 14 dias. “O dinhei­ro ficou depositado por dois meses e não recebemos o produto. A empresa devolveu o valor, alegando falta do material e tivemos prejuízos”, la­menta. Hoje, para colocar o caixa em dia e atender a todos os pedidos eles trabalham de 12 a 14 horas por dia, inclusive nos fins de semana.

Faltam materiais e mão de obra

Luís Carlos Müller, gerente de RH e suprimentos de uma construtora lajeadense, afirma que mesmo em­presas de maior porte encontram dificuldades com a escassez de produtos, principalmente cimento, louças e azulejos.

Se antes esses produtos demoravam de dez a 15 dias, em média, hoje a espera pode chegar a 50 na pior hi­pótese. “O preço do cimento, que está racionado, varia semanalmente de acordo com a procura pelo produto. Assim, fica difícil planejar gastos”, reclama.

De acordo com Müller, o aquecimento do mercado não traz apenas benefícios para quem trabalha na área. Segundo ele, o setor não estava preparado para um aumento de demanda tão acentuado que somado com a escassez de mão de obra tem exigido jogo de cintura para o cumprimento dos prazos.

Com a falta dos materiais há a possibilidade de deslo­car equipes para outros canteiros de obras. Mesmo assim, a quebra do ritmo de trabalho atrapalha. A solução en­contrada por muitos destes empreendimentos é investir em estocagem e na logística de funcionários e máquinas.

Para Müller, os consumidores estão a cada dia mais informado sobre tipos de produtos e peculiaridades das construções. Sendo assim, cada um quer um imóvel úni­co, gerando mais problemas com prazos para linhas de produtos exclusivas “que são atrasadas devido à fabrica­ção dos produtos de base”, conta.

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