A cada ano com a proximidade do verão centenas de famílias buscam lazer e fugir das altas temperaturas em campings e balneários. Por isso, deve-se ter atenção aos indíces de morte de jovens e crianças vítimas de afogamentos. Na última temporada, pelo menos três pessoas morreram nas águas do Rio Forqueta num intervalo de três meses.
Na época, a falta de delimitações e placas indicando os locais seguros para o banho e inexistência de material de resgate e salva-vidas treinados foram as razões apontadas pelo Corpo de Bombeiros para as mortes.
A realidade mudou pouco desde então, e segundo Ricardo Accyoli, capitão do Corpo de Bombeiros de Lajeado, os cuidados deverão ser redobrados este ano, principalmente, devido à enxurrada do início do ano que modificou os leitos dos principais rios da região. Segundo ele, muitos troncos e entulhos trazidos pela enchente são armadilhas perigosas aos banhistas e os responsáveis por casos de afogamento.
Accyoli aconselha as famílias para que procurem locais com infraestrutura e segurança para o banho, evitando balneários isolados e sem a presença de guarda-vidas (ver dicas no quadro abaixo). “As pessoas precisam fiscalizar e denunciar locais desprotegidos”, alerta. Ele diz que o Corpo de Bombeiros realiza fiscalizações, mas que não tem autorização para notificar ou fechar um balneário. “O que fazemos é informar ao Ministério Público (MP) para que sejam tomadas providências”, diz. Ele acrescenta que oito guarda-vidas estão sendo treinados para trabalharem nos campings da região e destaca para os cuidados que as pessoas devem ter ao presenciarem um afogamento. Segundo Accyoli, o resgate deve ser feito por um profissional, e na falta dele, é aconselhável usar cordas ou galhos para salvar a vítima. “Tentar tirá-la com os braços pode ocasionar uma tragédia dupla, pois a vítima, geralmente, está desesperada e pode levar outra pessoa para o fundo do rio”, avisa.
O apelo de quem perdeu um filho
Reni Gonçalves Noronha não consegue esquecer o fatídico dia 7 de fevereiro deste ano. Nessa tarde, seu filho mais velho se banhava no rio Forqueta, próximo da ponte de Ferro, quando desapareceu a cerca de 20 metros da margem. Noronha só reencontrou o corpo do filho morto no dia seguinte, quando os homens rãs do Corpo de Bombeiros o localizaram preso aos galhos e entulhos no fundo do rio.
A vida de sua família nunca mais foi a mesma. Ele garante que nunca mais entrou em rios e arroios e proíbe também seus outros filhos. “Meu filho sempre respeitou os pedidos que fazia para não ir para o fundo ou longe das margens. E mesmo assim ocorreu essa tragédia”, lembra, acrescentando que jovens precisam de vigilância redobrada, pois são impulsivos.
Sobre a tragédia, ele diz que foi uma questão de segundos, e que isso deve servir de alerta dos outros pais. “Vivemos numa região de rios, e é natural que jovens gostem de se divertir nestes locais. Mas, proíbam se desloquem sozinhos ou a locais sem proteção e salva-vidas. Não desejo o que passei para ninguém”, deseja.
Dicas do Corpo de Bombeiros para prevenir acidentes
– Evitar nadar sozinho;
– Não tomar bebida alcoólica antes de entrar na água;
– Não imergir em água após lanches e refeições;
– Não se afastar da margem;
– Não saltar de locais elevados para dentro da água;
– Não tentar salvar pessoas em afogamento sem estar devidamente habilitado;
– Prefira lançar objetos flutuantes (bolas, boias, isopores, madeiras, pranchas e outros) ou então corda para salvar pessoas, em vez da ação corpo a corpo;
– Não deixar crianças sozinhas sem a presença de um adulto responsável;
– Identificar nas proximidades a existência do salva-vidas e permaneça próximo dele;
– Olhar a sinalização do local, pois ela indicará se ele é próprio para banho ou não;
– Evitar brincadeiras de mau gosto, como os conhecidos “caldos”;
– Evitar navegar com carga em excesso;
– Tomar cuidado ao caminhar sobre as superfícies rochosas, pois podem estar escorregadias, levando a quedas e cortes;
– Só conduza embarcações se for habilitado e permaneça longe dos banhistas;
– Instruir a criança do perigo existente ao entrar em águas mais profundas ou ficar só;
– Evitar brincadeiras fingindo que está se afogando, pois além de perturbar a paz pública, havendo um afogamento verdadeiro, as pessoas podem não dar importância, pensado se tratar de outra brincadeira de mau gosto;
– Em caso de problemas, ligar imediatamente ao Corpo de Bombeiros, para que ele oriente e auxilie a vítima.