Familiares procuram túmulos

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Familiares procuram túmulos

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O cenário encontrado no cemitério pelos moradores do Dis­trito de Tamanduá dividiu a atenção dos parentes que foram homena­gear os mortos. O primeiro Dia de Finados, após o fatídico 4 de janeiro de 2010, ficou marcado por sepulturas fechadas com lonas ou lajes improvisadas, e muitos restos de túmulos espalhados e amontoados nos cantos.

Com mais de 90% de toda sua estrutura destruída, o cemitério católico da localidade foi um dos mais atingidos pela enxurrada dos rios Forqueta e Fão. Muitos caixões e sepulturas foram leva­dos pelas águas, enquanto muitos seguem expostos e violados. Até agora, nenhuma reforma foi rea­lizada e poucos foram os restos mortais recuperados.

cemiterioCláudio Ribar, morador de Linha Orlando, andava cabisbaixo entre os escombros, tentando lem­brar o local exato onde estavam as antigas sepulturas de seus pais e irmãos. “Dá uma tristeza ver isso. Quero prestar uma homenagem aos meus parentes, mas não sei onde”, diz, lamentando o fato de nada ter sido recuperado após a tragédia.

Para Auri Ribar, irmão de Cláu­dio, a incerteza sobre o paradeiro dos restos mortais é o fato que mais incomoda a família. “Não sabe­mos nem se eles continuam aqui, ou foram levados pelas águas. Estamos aqui mais para realizar uma homenagem simbólica”, diz. Segundo ele, um memorial em homenagem aos mortos deve ser erguido no novo cemitério para que as famílias possam ter um espaço para rezar.

Assim como a família Ribar, muitos parentes vivem essas in­certezas, mas mesmo assim foram ao local visitar o que sobrou do cemitério. Sem saberem os locais exatos das sepulturas, espalharam flores e coroas cravadas no solo, e cercadas apenas por restos de entulho, túmulos e lajes.

Novo cemitério será construído

Segundo Kátia Barbieri, uma das administradoras do cemitério católico, apenas 10% do local ficou intacto após as enxurradas, e um novo é analisado para a re­construção. Kátia diz que há terrenos previstos, mas que não existe prazo para a nova construção, pois são averi­guadas questões que evitem impactos ambientais.

Como foi a tragédia

No dia 4 de janeiro de 2010, após um dia inteiro de chuvas na região, as águas dos rios Forqueta e Fão subiram rapida­mente, causando uma onda gigante que atin­giu, principalmente, os municípios de Marques de Souza e Travesseiro. Foram quase 500 casas atingidas, e o prejuízo superou R$ 20 milhões. Além dos cemitérios e das residências, as águas destruíram estra­das, pontes, pontilhões e pinguelas.

Nenhuma pessoa mor­reu durante a enxurra­da, mas os animais não sobreviveram. Segundo dados da Emater, 4,5 mil suínos e 151 mil frangos morreram. Além disso, 131 galpões e 271 ca­sas foram destruídos ou danificados e 11.504 pro­dutores de fumo tiveram prejuízos.

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