Em estado de alerta face às notícias que c o n f i rma m o retorno do fenômeno La Niña, os produtores buscam alternativas de manejo para amenizar os efeitos dos períodos de seca. As previsões meteorológicas, nada animadoras, indicam que o fenômeno começou a atuar no estado, e a previsão é de pouca chuva, sobretudo no verão.
A média de chuvas em outubro ficou abaixo da metade histórica para o mês, que é de 120 milímetros. Conforme o engenheiro agrônomo Nilo Cortez, a média ficou em 60, confirmando a previsão de estiagem entre os meses de outubro e março de 2011, ao contrário do que ocorreu no ano passado, quando as médias mensais superaram os 200 milímetros na maioria das localidades do Vale.
Cortez diz que se a falta de chuva persistir haverá prejuízos. “O importante é fazer reservas de água para enfrentar o período mais seco”, orienta. Os produtores de hortigranjeiros registram perdas na produção.
O agricultor Irio Seidel, 57 anos, de Alto Conventos, em Lajeado, cultiva seis hectares de hortaliças e nos próximos dias terá que recorrer à irrigação para garantir o abastecimento dos mercados.
Ele diz que as altas temperaturas registradas nos últimos dias prejudicam o desenvolvimento das plantas. “Com a queda na oferta teremos que reajustar os preços”, projeta.
Açudes e cisternas evitam perdas
Para impedir perdas o agricultor investe na construção de açudes para armazenar água para os períodos de seca. “Com isso conseguimos irrigar parte das lavouras e evitar que nossos clientes fiquem sem o produto”, diz.
Esse projeto é desenvolvido no estado por meio da Secretaria Extraordinária de Irrigação e Usos Múltiplos de Água que estimula a construção de microaçudes e cisternas. De 2008 a 2010, foram construídos 3.166 microaçudes, 1.446 cisternas, sendo beneficiados mais de 300 municípios. O investimento é de R$ 44,8 milhões.
Previsão é de estiagem
A previsão é de que este verão registre pouca chuva e temperaturas altas.
Conforme a coordenadora do Centro de Informações Hidrometeorológicas da Univates, Grasiela Both, o verão terá um comportamento oposto ao deste ano que foi marcado pelo excesso de chuvas provocado pelo fenômeno El Niño. “A previsão é de estiagem para os meses de dezembro e janeiro”, projeta.
Chuva na sexta-feira
O meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, da Metsul, diz que a chuva deve retornar na sexta-feira e no sábado. A previsão é de volumes baixos, não passando de 30 milímetros na maioria das regiões. “Para o domingo está previsto tempo bom. Isto preocupa, pois os volumes estão abaixo da média e podem prejudicar as lavouras”, observa.
Lavouras de milho e pastagens são as mais afetadas
Segundo o assistente Técnico da Emater Regional de Estrela, Martin Wanderer, as lavouras de milho e as pastagens de verão são as mais afetadas neste momento. Ele diz que o milho está em fase inicial de desenvolvimento, e a pouca umidade no solo não permite ao produtor colocar ureia, pois além de correr risco de queimar as plantas, o insumo não dará o efeito desejado.
Em relação às pastagens, Wanderer acrescenta que as sementes têm dificuldades para germinar no solo. “Aqueles que não semearam, precisam esperar a chuva”, aconselha. O técnico chamou atenção às lavouras de soja que começam a ser cultivadas neste período. “Provavelmente, o plantio será retardado em virtude da pouca chuva que ocorreu nos últimos dias.”
Produtor sente prejuízos
Em Estrela, na comunidade de São Luís, as lavouras de milho e pastagem da família Sulzbach percebem os reflexos da falta de chuva. O produtor Gerson diz que o pasto seca e afeta a produtividade de leite. “Deveremos ter perdas na produção de silagem, pois o milho não se desenvolver”, diz.
Dicas para reduzir perdas
– usar o sistema de rotação de culturas.
– usar um bom sulcador no caso do milho e da soja.
– utilizar ao máximo a tecnologia disponível, como sementes de alto potencial, adubação equilibrada, controle adequado de pragas e doenças.
– garantir a reserva de água com a construção de cisternas e açudes.
– adubação verde e redução no passeio de máquinas nas lavouras, poderá aumentar a armazenagem para mais de 25 milímetros.
– planejar o plantio para favorecer o florescimento e crescimento de grãos a partir de janeiro.
– encaminhar o seguro da safra 2010/11.
– Em vez de plantar só variedade precoce, é importante ter cultivares de diferentes ciclos e não plantar tudo de uma vez, para distribuir o risco de perdas.