A fraude no Sistema de Infrações de Trânsito (SIT) do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) investigada pela Polícia Civil desde setembro poderá ser concluída nos próximos dias. O delegado João Antônio Peixoto aguarda laudo que identificará o endereço eletrônico do fraudador.
Até agora mais de 60 pessoas foram ouvidas no inquérito policial. Na semana passada, um mandado de busca foi cumprido no descoberto escritório de um despachante suspeito de participação, na rua Coronel Müssnich, no Centro. Computadores e outros documentos para análise foram apreendidos.
Conforme o delegado, os depoimentos revelaram a forma na qual funcionava o esquema, mas não foi possível identificar a última pessoa envolvida – a que tinha acesso às senhas municipais e cometia o crime.
O delegado relata que estão envolvidos no crime uma cabeleireira, um despachante, um fabricante de placas e um funcionário de uma transportadora. Os quatro recebiam os pedidos e os repassavam para um quinto participante anular as multas.
A polícia acredita que o criminoso tenha ligação direta com a administração municipal, visto que só assim teria como burlar o conteúdo. A principal suspeita é de um ex-servidor público que tinha acesso as senhas.
Lembre como começou o caso
Em agosto, a administração municipal descobriu em sindicância que pessoas eliminaram multas de veículos e pontos da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Elas eram excluídas do sistema desde fevereiro de 2008. E desde então, 57 pessoas – incluindo empresários e advogados de Estrela – foram beneficiados. As infrações são de lombadas eletrônicas e autuações aplicadas pela Brigada Militar (BM) do município.
Os envolvidos serão processados por inserção de dados falsos no sistema, uso de dados públicos e corrupção ativa e passiva. O crime acarreta dois a 12 anos de prisão.
Desde início se suspeita que um ex-servidor público esteja envolvido. Hoje, apenas o diretor de Departamento de Trânsito Municipal (Detram) e mais um servidor têm acesso à senha do sistema.
Peixoto explica que as multas eram lançadas no sistema como julgadas pela Junta Administrativa de Recursos de Infrações (Jari). A mais baixa é de R$ 85 e a mais alta R$ 950.