População diminui e confirma êxodo rural em 14 cidades

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População diminui e confirma êxodo rural em 14 cidades

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A divulgação prévia do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o número de habitantes de 14 municípios do Vale do Taquari caiu nos últimos três anos. Foram 2.483 pessoas a menos.

Na proporção o município que mais perdeu foi Pouso Novo.No entanto, Putinga aparece em primeiro na variação geral, com uma queda de 546 habitantes.

canudosO prefeito, Valdir Possebom, sente a redução de habitantes e diz que a maioria que deixou o muni­cípio era agricultor. “Nossa cidade tem muitos morros, e os colonos têm dificuldades de trabalhar.” O município oferece aos produtores incentivos, como terraplenagem e outros auxílios.

Segundo o coordenador do IBGE de Lajeado, Jones Bianchet­ti, a mudança no número de habi­tantes e de domicílios comprovam que as casas estão menos popu­losas. “A facilidade de financiar um imóvel foi o principal motivo dessa mudança”, cita.

Em 2007, o IBGE registrou que moravam em média 3,04 pessoas por domicílio. Nos dados atuais, o número reduziu para 2,92.

O professor da Univates, Lu­cildo Ahlert, alerta que a queda da populacional para o muni­cípio representa uma perda de recursos futuros. Ele explica que as transferências do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do retorno do ICMS são calculados em parte com base na população. “Há perda do valor que essas pessoas movimentariam no comércio”, diz.

A infraestrutura precisa ser mantida. Ahlert diz que uma elevação na população traz a necessidade de ampliar a infra­estrutura, “principalmente em se tratando de migrações de outros municípios que se estabelecem na área urbana”.

A redução devido ao êxodo rural

Segundo o professor, a queda deve-se, principalmente, ao êxodo rural, pois jovens do meio rural procuram empregos e estudos em centros urbanos. “Nos municípios pequenos, há dificuldades de suprir essas procuras”, relata.

Esse é o caso de André Bar­cela, 18 anos, e Fabrício Berg­mann, 26 anos, que saíram de Canudos do Vale há um ano. “Não gostávamos de trabalhar na roça”, citam. Hoje, eles trabalham na mesma empresa com mais outros dois jovens que saíram da mesma cidade.

Para que os municípios atin­gidos reduzam o êxodo, o pro­fessor aconselha trabalhar nas condições do acesso, melhorando estradas, opções de lazer, em­pregos e escolas de nível médio e superior. “Ou possibilitando condições de deslocamento para os jovens estudarem em outras cidades”, diz.

Em relação ao meio rural, o professor acredita que são ne­cessárias políticas de incentivo a novos investimentos e alterna­tivas econômicas em que sejam envolvidos os jovens em forma de parceria com os pais. “Eles pode­rão vislumbrar possibilidades de negócios e assim desenvolver o seu projeto de vida” afirma.

Cidade está ficando velha

Canudos do Vale está entre as cidades que mais perderam habi­tantes em três anos. Enquanto jogam cartas, os aposentados Orlan­dino Caliari, 59 anos, Claudio Klaus, 75 anos, José Ruhden, 61 anos, e Reinal­do Ido Bergmann, 70 anos, observam a calmaria que cada vez mais faz parte do cotidiano da cidade que perdeu 134 mora­dores desde 2007.

Eles acreditam que os jovens deixam a cidade mais cedo e apenas os idosos permanecem. “Aqui só tem emprego para quem trabalha na roça, e isso só atrai os mais velhos”, lamentam.

Menos filhos

As perspectivas de crescimento popu­lacional são menores para o futuro. Ahlert comenta que a redução da natalidade na região assemelha-se aos poucos à realidade europeia.

Ele diz que os ca­samentos estão sendo retardados, porque os casais planejam ter filhos só quando estiverem economicamente estabe­lecidos, o que muitas ve­zes ocorre tardiamente.

O professor relata que a participação da mulher cada vez mais ativa no mercado de trabalho, a condição de reprodutora e de dona de casa estão tornam-se uma expecta­tiva cada vez mais remo­ta, “a tendência futura é termos uma população estacionária”.

Felizes, mas preocupados

Das 36 cidades da re­gião, Fazenda Vilanova foi a que mais cresceu populacionalmente, com 30,28%. Em 2007, havia 2.833 habitantes, hoje, tem 858 a mais.

O prefeito José Cenci alegra-se com a notícia e justifica que o cresci­mento deve-se às opor­tunidade de emprego e à qualidade de vida que o município oferece.

Cenci preocupa-se com o crescimento rápido da cidade. Ele diz que se o município cresce a infraestrutura precisa acompanhar. “Se tiver mais pessoas, é preciso mais escolas, creches, postos de saú­de, etc”, entende.

Equilíbrio na criação de infraestrutura

Para o coordenador do banco de dados de Lajeado, Adriano Strassburger, o crescimento po­pulacional nas cidades grandes é natural. “Com certeza os jovens vão para as cidades maiores. É de se esperar que a população de municípios menores com dificuldade de acesso rodoviário e de instalação de indústrias diminua”, afirma.

Segundo Strassburger, as cida­des grandes têm mais facilidade de se expandirem e gerarem empregos. Quanto maior a po­pulação, mais a cidade crescerá em termos de infraestrutura. “É como uma bola de neve”, compara.

O coordenador comenta que, se os investimentos em infra­estrutura nas cidades fossem equilibrados, mais empresas se instalariam nos municípios me­nores, evitando a saída de jovens à procura de emprego.

Variação do número de habitantes desde 2007

tabela1

Variação do número de domicílios desde 2007

tabela2

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