Falsas promessas deixam  buracos pelo caminho

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Falsas promessas deixam buracos pelo caminho

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A esperança trans­formou-se em abandono e iso­lamento. Esse é o sentimento que a maioria dos moradores e usuários ex­pressa, quando falam sobre a rodovia RS-421 em Forque­tinha e VRS 811 em Arroio do Meio. No momento em que a governadora Yeda Crusius anunciou, no ano de 2009, o reinício dos trabalhos de asfaltamento em vários acessos municipais, a luta que perdurou por mais de 20 anos parecia ter chegado ao fim. Porém, com o tempo, a expectativa se transformou em angústia. Motoristas e agricultores que precisam trafegar pelas rodovias queixam-se das péssimas condições da estrada.

estradaNão é raro encontrar aque­les que chegam a citar a expressão “abandono” como sinônimo da promessa ainda não cumprida pelo Departa­mento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Após uma chuva forte, centenas de crateras tomam conta do trecho de 13 quilômetros en­tre o bairro Conventos – La­jeado. Quando não há água, é a poeira que “inferniza” a vida da população. A falta de acessos em condições põe em xeque o desenvolvimento do município. A população é unânime, quando o assunto é precariedade de rodovias. A quase intrafegabilidade obri­ga comerciantes a aumenta­rem os preços dos produtos, pois o transporte, quando há, encarece o valor ao consumi­dor. Há falta de indústrias e empresas de médio e grande porte; e médicos que, mesmo com o prefeito oferecendo um salário de R$ 7 mil, não aceitam o emprego.

Essa é apenas uma parte do problema. Entretanto, é possível perceber um senti­mento de exclusão por parte de quem vive na cidade. Há 14 anos, quando o município foi emancipado de Lajeado, a luta para o asfaltamento deste trecho da RS-421 é uma constante de prefeitos, de em­presários, de vereadores e da população. Porém, até agora a força política empregada não surtiu efeitos positivos, pois não há previsão para início dos trabalhos na estrada.

Insatisfação e revolta

O descontentamento é geral. Os moradores estão cansados de ouvir promessas e conviver com o barro e a poeira. O casal de agri­cultores Germano e Dulce Brauvers, desesperançados, desacreditam no início da tão desejada obra. “Com absoluta certeza, o principal problema do nosso município é a falta de acesso. Isso faz com que fiquemos isolados. Somos alvo de preconceito”, dispara.

O aposentado Bruno Mat­tes diz que a comunidade fez um abaixo-assinado com o objetivo de sensibilizar as autoridades para o proble­ma. “Chega de promessas, reunimos 104 assinaturas. Esperamos por uma solução imediata”, protesta. A agricul­tura é outro setor prejudicado pela dificuldade de acessos. Com a rodovia em péssimo estado de conservação, o escoamento da safra de grãos, como a soja e milho, torna-se uma maratona para os produ­tores. O transporte termina por diminuir a margem de lucro dos agricultores e, con­sequentemente, resulta em prejuízos à economia local.

Estrada freia o progresso

Situação semelhante vive a comunidade de Forqueta. A rodovia VRS-811 que liga Arroio do Meio à Travessei­ro está em precárias condi­ções de trafegabilidade. O descontentamento atinge sobretudo o vice-prefeito de Arroio do Meio, Klaus Schnack. Conforme ele, é importante que o governo do estado, por intermédio do Daer, dê uma resposta para tranquilizar a popu­lação. “Apesar de existir a promessa de que a obra inicie este ano, acredito que faltará dinheiro. Esse asfalto seria a única forma de estimular o crescimento e atrair novos investimen­tos”, destaca. O prefeito de Travesseiro, Ricardo Rockembach, está otimista. Acredita que a obra iniciará em 2011, pois o valor do investimento foi concluído no orçamento do estado. “Temos que esperar. Não podemos perder a esperan­ça”, diz.

A aposentada Alice Henz, 72 anos, diz que a obra é promessa eleitoral há décadas. “Perdi a conta de quantos candidatos se elegeram comprometidos em fazer o asfalto. Até hoje continuamos na poeira”, lamenta. Isolde Schwertner, 54 anos, observa que a es­trada está abandonada. Não sabe mais a quem recorrer. “Fazer o que, né? Só lem­bram da obra em época de eleições”, ironiza.

O que diz o Daer

Conforme a assessoria de imprensa do Daer o acesso asfáltico da RS-421, entroncamento com a BR-386 – acesso a Forque­tinha, com 13,6 km, aguar­da assinatura do contrato para o início das obras. A empresa responsável é a Construtora Giovanella Ltda., e o valor previsto é de R$ 3,3 milhões. A rodovia VRS 811 em Ar­roio do Meio recebeu nova camada asfáltica em maio. O restante dos 11 quilôme­tros até Travesseiro não tem previsão de serem pavimentados. A obra está orçada em R$ 6 milhões.

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