Menores estão mais distantes da política

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Menores estão mais distantes da política

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Durante 25 anos o brasileiro foi privado de vo­tar, só recon­quistando esse direito após anos de lutas e de manifestações contra o regime militar. Hoje, segundo espe­cialistas na área da educação e da política, a “suada” des­prezível entre os mais jovem eleitores gaúchos. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que o número de votantes menores de 18 anos diminui gradativamente nos últimos pleitos. Em 2006, ano do último pleito para pre­sidente, eram 138 mil eleitores com 16 e 17 anos. Hoje, são 128 mil. “A impressão é de que não há mais causas sociais para se lutar. Faltam motivos coletivos para incentivar os jovens dentro da política”, opina o sociólogo político, Renato Zanella.

Para ele, essa nova geração é individualista, e todos lutam apenas por questões e direitos particulares. O sociólogo des­carta a possibilidade de que o fato seja consequência de uma má formação escolar. “O problema é que a maio­ria desses jovens não vê além do seu círculo e são despreocupados com as questões cole­tivas”, diz. Ele cita o excessivo número de fatos ligados à má con­duta dos políticos como outro ponto para a falta de interesse dos jovens. “Existe uma propaganda antipolítica e antinação muito forte. O mau exemplo dos políticos afasta os jovens da política”, alerta, acrescentando que o problema atinge todas as faixas etárias. Para Zanella, os jovens hoje estão mais individualistas

Queda registrada no Vale do Taquari

A redução no número de eleitores menores de 18 anos foi verificada no Vale do Taquari. Segundo o TSE, em 2005, eram 5.152 mil votantes, hoje baixou para 4.544 mil, uma realidade de 251 mil eleitores. Segundo Rogério Maurer Marroni, do Cartório Eleitoral de Lajeado, a data limite para requisição do título para menores foi no últi­mo dia 5 de maio. “Até tivemos uma procura maior nos últimos dias, mas nada que chamasse a atenção”, diz.

Para a coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação, Maria Eunice da Rocha Werle, a escola é impor­tante para a formação política e cidadã dos jovens. Segundo ela, é papel do professor ensinar ao aluno a verdadeira política pra­ticada no cotidiano. “É preciso quebrar a ideia de que política é corrupção. Precisamos repassar aos alunos a importância das questões políticas para o futuro”, diz, acrescentando que é neces­sário que as escolas ampliem seus programas de incentivos ao voto.

Cidadania dentro da escola

alunasUma iniciativa proposta pelo Colégio Alberto Torres, em Laje­ado, busca mudar essa realidade. Segundo o professor de Filosofia e Sociologia, Gustavo Arossi, alunos dos 3o anos, que têm de 15 a 18 anos, trabalham em diversas disciplinas, os contextos históricos da política e suas consequências atuais. Arossi, explica que a escola realiza uma campanha para que os estudantes façam seus títulos eleitorais, mesmo que não tenha obrigatoriedade. “Incentivamos-os a fazerem seus títulos, mas sem a obrigação de votar num primeiro momento. Nossa ideia é deixá-los prontos para o pleito, sendo que a decisão final sempre partirá deles”, diz.

O professor explica que a política trabalhada em sala de aula é apartidária e visa instigar os jovens sobre a importância do pleito eleitoral. Segundo Arossi, a motivação para o programa foi o fato de poucos alunos terem conheci­mento dos atuais candidatos. “Muitos vinham me perguntar em quem votar. Percebi que a democracia tinha de ser mais democratizada, e a informação mais difundida”, salienta. Para tal, explica ele, um debate envol­vendo os candidatos lajeadenses a deputados estaduais e federais está marcado para o dia 14 de setembro, cabendo aos alunos os questionamentos.

Jovens com diferentes pensamentos

As opiniões divergem entre jo­vens com idade de 16 a 18 anos. O estudante Rafael Reis Bender, de 17, diz que perdeu o prazo para solicitar seu título de eleitor e que encontrou dificuldades para fazê-lo, já que mora em Taquari e estuda em Lajeado. “Até queria ter feito, mas já que não é obrigado estou tranquilo”, diz. Marina Colombo, de 17 anos, deixou de fazer por opção própria. “Não vejo motivo para fazer. Esses políticos prometem e não fazem nada”, avalia. Ela diz que conhece os principais candidatos a presidente e governador, mas que não sente motivação para votar. “Chego a achar engraçadas as campanhas, pois não vejo propostas, principalmente para nós. Acho que se não fosse obrigatório, não votaria nem com 18 anos”, afirma.

A estudante Karina Krein, de 17 anos, diz que fez o título porque acha importante a participação no pleito, mas demonstra desconfiança em relação às campanhas políticas. “As propagandas são fracas, não trazem propostas”, reclama. Ela diz que conhece os candidatos a presidente, governador e senador, mas desconhe­ce os concorrentes a deputado federal e estadual. “Vejo eles na televisão, mas não consigo apoiar nenhum”, diz. Sua colega, Thaissa Künzel, de 18 anos, afirma que só fez o título de eleitor por ser obrigatório na sua idade. “Na minha opinião há poucos políticos decentes. O que eles querem é ficar com o dinheiro público”, protesta. Para ela, a falta de propostas para jovens é fruto da pouca representatividade des­ses eleitores nas urnas. “Eles sabem que somos minoria, por isso não se preocupam”, comenta.

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