Oito dias atrás dos assaltantes

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Oito dias atrás dos assaltantes

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

correriaHá oito dias Brigada Mi­litar (BM) e cinco assal­tantes con­frontam-se nos matagais dos vales do Taquari e Rio Pardo. Após a frustrada tentativa de assalto à agência do Banco do Brasil do município do Vale do Sol, criminosos refugiaram-se em Canudos do Vale e Progresso, onde segundo a polícia mantêm-se com o auxílio da população que vende comida e facilita o acesso à comunicação.

Conforme o chefe do setor de inteligência do Comando Regional de Polícia Osten­siva (CRPO-VT), major Vinicius Renner, as buscas só se encerram quando todos os bandidos forem presos. Renner cita que a população dificulta o trabalho e atrasa a prisão dos três que seguem foragidos. O major afirma que a brigada descobriu quem são os envolvidos e que dois deles ainda podem estar armados. Ele pede para que a população tenha cautela e evite vender produtos para os bandidos, uma vez que a polícia monitora os comér­cios. “Sabemos de diversos locais que venderam comida e até bateria de celular para os assaltantes”, conta.

A BM trabalha com mais de 200 homens nessa ope­ração, divididos em duas equipes. Uma está em Pro­gresso, onde estariam dois dos foragidos e a outra em Canudos do Vale, onde foram presos outros dois – o chefe da quadrilha Luciano Bis­chof Comper, 33 anos, que tem antecedentes criminais em roubo a banco e William Antonio de Jesus Costa, o “Wil”, de 25 anos, com ante­cedentes em narcotráfico.

Comper foi preso no domingo durante o dia, quando tentava telefonar em um orelhão na rodovi­ária no centro da cidade e Wil foi encontrado na mata na noite de segunda-feira. Ambos estavam sujos, com aparência cansada e os pés machucados. Os dois assaltantes confessaram in­formalmente a participação no crime para a BM.

Como foi a tentativa de assalto

Cinco homens armados com fuzis invadiram uma agência bancária às 4h30min e explo­diram o cofre. Dois policiais militares foram acionados e entraram em confronto com os bandidos. Para facilitar a fuga, eles fizeram mais de 20 pessoas de reféns que serviram como escudo humano. Elas es­tavam dentro de um ônibus da Secretaria Municipal de Saúde do município.

Os bandidos fugiram em direção a Gramado Xavier com um Golf, que foi incendiado por Wil, e um Astra, abandonado porque estragou no caminho. Os cinco bandidos seguiram a pé em direção a Boqueirão do Leão, pediram resgate a outro integrante de Porto Alegre, Rodrigo Souza da Silva, que foi preso com um Punto amarelo. Na sexta-feira, os bandidos seguiram para Progresso, onde o CRPO-VT assumiu as investigações e trocou tiros com os bandidos. No sábado, a BM descobriu vestígios dos bandidos e que eles se dis­persaram – dois ficaram em Progresso e três foram para Canudos do Vale.

Calcula-se que até a tarde de ontem os bandidos teriam percorrido mais de 126 quilô­metros, destes 56 foram a pé.

Oito dias de correria

São 200 homens na ativa durante 12 horas diárias. Em­brenhados na mata durante os sete dias de buscas eles passaram por seis cidades. Os policiais fazem parte do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Taquari e Rio Pardo, 1ª Companhia do Batalhão de Operações Es­peciais (BOE) e Batalhão de Aviação, que realizam buscas com um helicóptero.

O policial militar de Sério, Ricardo Schuh, que parti­cipou da operação, ressalta as dificuldades de encontrar os foragidos. “A área de procura é ampla e com bas­tante mato, isso torna o nosso trabalho complicado”, cita. Eles contam que cercam a área e agem de acordo com as informações dos mora­dores. Ambos participam de barreiras montadas em pontos estratégicos da re­gião e vistoriam os veículos que transitam pelo local. “Avaliamos as condições do veículo e o estado emocional do motorista, se algo parecer incomum, revistamos. Pode haver alguém escondido no compartimento de carga ou até mesmo embaixo do automóvel.”

Ligação com o Seco

O integrante preso no domingo, Comper, em depoimento à BM citou que no total a quadrilha tem nove in­tegrantes e todos se conheceram em uma penitenciária em Porto Alegre. A suspeita do setor de investigações da BM é que dois des­ses membros estariam ligados aos assaltos a carros-fortes coman­dados por José Carlos dos Santos, o “Seco”. A hipótese é que Seco, preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), estaria comandando os assaltos de dentro da cadeia.

Conforme o tenente-coronel Antônio Scus­sel, o comando-geral do BM trabalha com possibilidades e está investigando o caso.

Moradores estão assustados

A agricultora aposentada, Ilse Pilger, 60 anos, que re­side na localidade de Baixo-Canudos, está com medo de sair de casa. “No fim da tarde de domingo vimos um estranho caminhando pela região e logo ligamos para a brigada”, diz. Seu receio é que os bandidos venham até sua casa em busca de comida. “Não tenho telefone em casa, se tiver que pedir socorro tenho que ir até o vizinho”, diz.

A agricultora Romilda Schweiger, 59 anos, mora no Morro Gaúcho. “Por volta de 6h, eu e meu vizinho vimos um desconhecido entrando no mato pela estrada de roça. Ele era igual ao homem descrito no rádio e logo ligamos para a brigada.” Romilda diz que dor­mirá na vizinha com medo de que alguém tente arrombar a residência, enquanto dorme.

O casal de agricultores Elzira e Elimar Ledur tem mais de 70 anos. Moradores da localidade Nova Paris, estão receosos e deixam de fazer serviços da proprieda­de com medo de que algum dos foragidos invada sua casa. “Adiantamos todo o serviço com os animais e agora estamos dentro de casa com medo. Se os bandidos vierem não podemos fazer nada, o jeito é se prevenir e trancar tudo”, contam.

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