A possibilidade da queda da maior rede social brasileira surgiu quando o portal de e-mails Gmail, com cerca de 200 milhões de usuários, retirou nos Estados Unidos o atalho para as contas do Orkut. Especula-se que a extinção do site seria uma forma de migrar usuários para a nova rede de relacionamentos Google Me, a ser lançada em breve. Essa entraria no mercado com mais da metade do número de adeptos do rival Facebook, que recentemente ultrapassou a marca de meio milhão de usuários. A informação é de Kevin Rose, fundador do Digg, e foi divulgada em seu Twitter oficial.
O Orkut está na rede desde 19 de janeiro de 2004 e além de conquistar cerca de 180 milhões de usuários, principalmente no Brasil e Índia, fez parte de uma revolução na internet. A descentralização da informação surgiu nas redes sociais e resultou e em uma nova forma de encarar o mercado digital e a personalização dos conteúdos. O site aproximou amigos, gerou namoros, criou grupos de discussão sobre vários assuntos e, em seus piores momentos, brigas, roubo de dados e mais de cem mil processos judiciais hoje relacionam-se a esse ambiente virtual, 40% relacionados à pedofilia.
Segundo o lajeadense Cesar Brod, sócio-diretor de uma empresa de tecnologia da informação e um dos primeiros brasileiros a ingressarem no site a convite de um amigo
da Alemanha, tudo indica que o Google investirá em uma nova rede social. “Mas não acredito que eles acabem com o Orkut. Quando muito, permitirão a migração dos usuários para o Google Me.” Ele afirma que não seria a primeira vez que projetos da empresa são abortados. Antes foram Google Gears (que permitia, dentre outras coisas, usar o Google Docs com o computador desconectado) e o Lively, que era o Second Life (espécie de mundo virtual) da companhia.
No Vale do Taquari, são mais de dez mil usuários que participam de comunidades locais, que lembram personalidades e locais famosos. Uma pesquisa realizada pela Netpop Research, sob encomenda do Google Brasil, revelou que 75% dos usuários brasileiros de internet acessam o Orkut. O tempo médio de uso mensal alcança seis horas e 40 minutos em cerca de 24,5 visitas ao mês. Os números impressionam: 80 milhões de recados, 30 milhões de fotos e 3,5 milhões de vídeos publicados por dia. Ao todo são 24 milhões de usuários ativos que lideram o número de acessos por país na rede social.
Entenda o caso
A empresa Google quer criar uma rede de relacionamentos própria com características inovadoras e ligação direta com as contas de e-mail de seus usuários. Especula-se que o encerramento do Orkut, já desvinculado do Gmail (página de e-mails da Google) em diversos países seja o passo inicial da migração de usuários para o novo portal. Dessa forma, a rede social Google Me entraria em funcionamento com mais da metade do número de usuários do principal concorrente, o Facebook que conta com mais de 500 milhões de usuários.
Eles se reencontraram pelo Orkut
O casal de namorados Ana Ana Paula Maziero, 27 Anos, e Felipe Kunert, 28 anos, conheceu-se em 1997, quando foram colegas no 2º grau do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat). Após 12 anos afastados, ele morando na capital do estado, os jovens reencontraram-se e restabeleceram contato pelo Orkut. Depois disso, trocaram mensagens e-mail e telefonemas durante cerca de dois meses. “Até que um dia combinamos que iria para Lajeado para nos vermos e conversar. Desde esse fim de semana estamos namorando”, afirma Kunert.
Paula acrescenta que o casal nunca teve problemas, como ciúmes, com o Orkut, pois afirmam usá-lo moderadamente. “Mas acreditamos que em determinados casos ele pode gerar muitos problemas em um relacionamento”, diz.
Ele vem para Lajeado ver Ana Paula todos os fins de semana. Nos outros dias, para manter a proximidade eles utilizam os meios digitais, pois é uma forma barata e eficiente de contato. “Somos muito amigos e parceiros um do outro, o único momento que talvez possamos dizer que não somos tão próximos é na hora do futebol, pois Ana é gremista e eu sou colorado, mas nada que nãos seja superável”, brinca Kunert. Sobre as especulações a respeito do fim do site, ela acredita que no mundo da informação as empresas têm vida curta, “tirando a Microsoft, grandes empresas começaram de um dia para o outro, assim como acabaram de um dia para o outro, ou seja, tudo é possível”, conclui.