Motoristas ignoram os limites de peso

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Motoristas ignoram os limites de peso

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Construídas para s u p o r t a r e m determinados pesos, diversas pontes locali­zadas em áreas urbanas da região não são fiscalizados, permitindo que veículos as utilizem com peso acima do aceitável. A reportagem flagrou diversos casos, princi­palmente na ponte localizada no Boa União, em Estrela, que liga o bairro a localidade de São José, e na ponte de fer­ro, que liga os municípios de Lajeado e Arroio do Meio. No primeiro caso, onde o limite de peso é de dez toneladas, é verificada a passagem de dez a 12 ônibus por dia, veículos que chegam a pesar até 13 toneladas. Convidado a ve­rificar a situação das pontes em Estrela, o engenheiro civil Daniel Klein alerta para as más condições do pontilhão. “Aparentemente a ponte ne­cessitaria de uma intervenção, porém o correto é o órgão responsável contratar um pro­fissional que possa fornecer um laudo técnico e suporte para possíveis reparos. As­sim, seria feita uma vistoria mais profunda e uma análise criteriosa de cada elemento da estrutura, inclusive da parte superior e de metal”, diz o engenheiro. ponte

Para o Departamento Au­tônomo de Estradas de Roda­gem (Daer), responsável pela conservação da ponte, o local está em boas condições, e a última manutenção ocorreu em 2006. No local, informa o Daer, foram trocadas todas as madeiras da parte superior da ponte, e os parafusos foram soldados para evitar furtos de material. De acordo com moradores, a reforma não foi suficiente para acabar com os riscos do local. “Os pilares estão podres na parte debaixo. Ano retrasado arrumaram as madeiras de cima e pintaram, mas não fizeram mais nada em relação à estrutura”, re­clama Antônio de Souza, 57 anos, que mora há cinco anos naquela região, e garante que o tráfego é intenso, numa mé­dia de 1,5 carros por minuto. Antônio Wülfing, que vive há 28 anos no Boa União teme por um problema maior. “Essa ponte aí só vão arrumar quando acontecer uma tragé­dia (sic)“, alerta.

Sem alternativas em Forquetinha

Um caso à parte ocorre em Forquetinha. Com poucas possibilidades de acesso, a Ponte do Storck é hoje o principal ponto de entrada do município. No entanto, com limite para suportar apenas 20 toneladas, os flagrantes de caminhões carregados utilizando o pontilhão para descarregar material na cidade são diários. Questionado sobre o assunto, o secretário de Administração, Paulo Stroehr, não se mostra surpreso com essa realidade. “Pior que é assim mesmo”, concorda. Segundo ele, não há solução, pois o custo para a construção de uma ponte mais resistente é muito elevado. Ele informa que o município investiu na sinalização do local e que a intenção é reforçá-la. “Contamos apenas com a responsabilidade dos motoristas, pois não temos como designar alguém para ficar 24 horas fiscalizando quem passa por lá”, afirma.

Problemas na ponte de ferro

O mesmo descaso presenciado em Estrela pode ser visto na ponte de ferro, que faz a divisa entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio. São caminhões, micro-ônibus e até retroescavadeiras que utilizam o pontilhão projetado para suportar cinco toneladas, a fim de diminuir o trajeto que deveria ser feito pela RS-130. Segundo o agente Mu­nicipal de Trânsito de Arroio do Meio, Luis Soares, um acordo entre administração municipal, Brigada Militar (BM) e Daer definiu que a fiscalização cabe à BM. “O que fizemos foi sinalizar, no local, o limite de peso, e 200 metros antes indicar uma rota alternativa para esses veículos”, informa. Ele diz que a última manutenção ocorreu há seis meses, com a troca de parte da madeira da ponte. “A estrutura foi analisada e encontra-se segura para a travessia correta dos auto­móveis”, afirma.

Para o diretor de Trânsito de Lajeado, Luis Felipe Finckler, é praticamente impossível realizar tal fiscalização nesses locais. “Só se mantivermos um agente 24 horas no local”, diz. Ele afirma que não existe efetivo para tal, e lembra que o local está bem sinalizado, caben­do aos motoristas e aos usuários se conscientizarem dos perigos de não respeitar os limites de peso. “Eles estão colocando suas vidas em risco, assim como dos demais motoristas que por ali passam”, alerta.

Multas dependem do peso

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), devido à dificuldade de fiscalização nesses locais, são poucos os registros de infrações. As multas são aplicadas para condutores que trafegam acima do peso e que são fiscalizados no posto da PRF, em Lajeado, onde hoje existe uma balança dinâmica. Comprovado o excesso de peso, a multa é de R$ 85,13. Os valores au­mentam de acordo com a pesagem. De 200 a 400 quilos a mais, o preço da multa é de R$ 95,37. De 400 a 600 quilos, o valor passa para R$ 101,09. Com dez toneladas acima do permitido, o motorista terá de desembolsar R$ 2,7 mil. Ainda de acordo com dados da PRF, só em 2004, por exemplo, o excesso de peso gerou 22 mil autuações nas estradas brasileiras, e analistas garantem que as empresas respon­sáveis têm a ilusão de que ganham ao transportar mais carga do que é permitido por lei, sem perceber que estão, na verdade, aumentando seus custos. Esse aumento pode chegar a 30% no caso dos pneus e 50% para os combustíveis.

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