Vereadores descumprem promessa de campanha

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Vereadores descumprem promessa de campanha

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Passados 18 meses do início da nova gestão na câmara de vereadores, é pos­sível verificar que a maioria dos legisladores contraria posições que defendiam no período pré-eleitoral, especial­mente em relação ao número de assessores. Reportagem veiculada no jornal A Hora, no dia 16 de agosto de 2008, demonstrava que sete dos dez vereadores atuais – Hugo Luiz Vanzin (PMDB); Antônio Schefer (PTB); Eloede Con­zatti (PT); Sérgio Kniphoff (PT); Paulo Tori (PDT); Ito José Lanius (PSDB); e Delmar Portz (PSDB), eram contra a contratação de dois assessores por vereador e usaram essa posição como estratégia de suas campanhas. Hoje, seis têm duas pessoas contratadas para assessorarem seus tra­balhos, sendo um cargo para assessor e outro para diretor parlamentar. Ito Lanius, que na época afirmou não precisar de nenhum assessor, hoje tem um diretor. Com isso, o custo por vereador em Lajeado, somado os três salários, chega a R$ 7.667,31 por mês, e R$ 92.007,72 por ano. Em 2004, quando eram 17 vereadores na câmara, o custo individual era de R$ 66.372,61 anuais. camara

Tanto o assessor como o diretor são indicados pelos próprios vereadores, e nome­ados pelo presidente. O único requisito para suas admissões é ser maior de 18 anos. Ambos profissionais não têm horários fixos e trabalham de acordo com as necessidades da ban­cada, inclusive em sábados, domingos e feriados. Os de­mais vereadores – Waldir Blau (PP), Lorival Silveira (PP) e Círio Schneider (PP) têm um diretor e um assessor cada, mas na época da campanha já defendiam essa condição. A seguir, a posição dos sete vereadores sobre as contradi­ções envolvendo o número de assessores.

“Dois funcionários dão conta do recado”

O vereador Hugo Luiz Vanzin confirmou que defendia a contra­tação de apenas um assessor antes das eleições, mas acha que hoje são necessários dois. “Pelo trabalho que está sendo feito, pelo número de projetos e requerimentos encami­nhados, acredito ser necessário sim a presença de dois assessores”, diz. Ele afirma que sua ideia inicial era um assessor para o próprio vereador e outro para a bancada do partido, mas confessa que ambos trabalham exclusivamente para ele.

“Outros vereadores trabalham com até quatro assessores”

Mesmo tendo afirmado ser favorável a apenas um assessor na época da campanha de 2008, o representante do PTB, Antônio Schefer, diz hoje que a presença de dois assessores é fundamental para o trabalho do vereador. “Acho muito necessário. Preciso ter uma pessoa que fique sempre no escritório, e outra na rua, atendendo a comunidade”, argumenta. Ele se defende afirmando que, por ser o único vereador do partido, não tem direito a um assessor por bancada. “Outros vereadores têm quatro assessores. Preciso de dois para não ficar em desvantagem”, complementa.

“Decisão por dois assessores não foi só minha”

Representante feminina do PT, Eloede Conzatti também confirma que na época da campanha defendia a manutenção de apenas um assessor. Hoje, com dois funcionários traba­lhando em seu gabinete, Eloede diz que chegou a lutar para derrubar a lei que autorizava essas contratações, mas não obteve êxito e optou por seguir o rumo dos demais vereadores. “Mas só contratamos depois de que a nova lei completou um ano”, diz, acrescentando que isso permitiu que o trabalho fosse expandido. Ela afirma que a decisão de contratar um novo assessor não foi só dela, e surgiu apenas após reuniões com a base de trabalho do partido. Segundo ela, percebeu-se que o dinheiro estava ali para o partido, mas que o mesmo estava sendo devolvido para a administração municipal.

“Todo mundo botou dois, eu também botei”

O tucano Delmar Portz (PSDB) admite que durante a campanha de 2008 defendeu a contratação de apenas um assessor, mas afirma que hoje mudou sua opinião e não tem medo de cometer qualquer imoralidade. “Todo mundo botou dois, então decidi colocar também. Principalmente, porque o trabalho aumentou”, afirma. Ele lembra que em 2004 eram 17 vereadores, e com a redução para dez, o trabalho aumentou e surgiu a necessidade de mais assessores. Portz falou do aumento do número de funcionários no Executivo e reclama que nunca cobram isso da administração. “O ideal é dois assessores, desde que trabalhem. Não vejo nada de imoral em admitir isso”, avalia.

“Não posso abandonar a minha profissão”

Em seu primeiro mandato como vereador, o pe­diatra Sérgio Kniphoff, do PT, afirmou durante a campanha de 2008 a contratação de apenas um as­sessor. Hoje são dois assessores em seu gabinete, o que segundo ele, é importante para sua estrutura de trabalho. “Quando entrei e me dei conta da demanda de trabalho, vi que precisava de mais pessoas para me auxiliar”, diz, acrescentando que não diminuiu sua carga horária profissional, que inclui trabalho em consultório, postos de saúde e plantão no hospital. Ele afirma que com a ajuda dos assessores é possível pesquisar projetos de outras cidades, por exemplo, que posteriormente podem ser executados em Lajeado, e tratar de assuntos pertinentes junto às comunidades e sindicatos. “Não fui eleito para discutir teorias, como nosso presidente. Para isso não precisa mesmo de assessor”, atesta.

“Ainda defendo um assessor por bancada”

O atual presidente do Legis­lativo, Ito José Lanius, em sua campanha, anunciou que não era necessário assessor para vereadores, apenas por bancada. Hoje, Lanius tem um diretor par­lamentar e diz que precisa desse funcionário para “administrar dentro da realidade”. Ele defende a ideia de que haja apenas um assessor por partido, mas diz que essa decisão não depende apenas dele. “Se eu pudesse, mudava, mas dependo do voto dos demais vereadores”, afirma.

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