Um homem de 40 anos foi encontrado desmaiado em uma vala, no sábado à noite, na rua Bento Rosa, proximidades da BR-386. Ele dirigia embriagado sua motocicleta Honda Titan, placas INT 4434, quando caiu.O homem não foi preso em flagrante por embriaguez porque não feriu outros, apenas a si próprio. Casos como esse mostram que mesmo depois de dois anos instituída a Lei Seca, que proíbe dirigir alcoolizado, motoristas continuam abusando no consumo de bebidas alcoólicas.
Conforme o promotor de Justiça Éderson Luciano Maia Vieira, o homem deveria ter sido preso, visto que a lei não restringe mais punições ao alcoolizado que fere outros. “Basta estar embriagado e conduzir o veículo”, completa. Para ele, a lei funcionava muito bem no início, agora apenas os mais humildes são punidos. “Pessoas orientadas negam-se a fazer o teste do bafômetro”, explica. O promotor lembra que há dois anos delegados saíam de suas casas durante a madrugada para consumar flagrantes de embriagados na Delegacia de Polícia. Hoje eles se sentem desmotivados, porque em questão de horas o preso está solto, visto que o Judiciário exige prova técnica para comprovação da embriaguez, seja ela pelo etilômetro, conhecido como bafômetro, ou pelo exame de sangue. “Estar alcoolizado é semelhante a estar com porte ilegal de arma de fogo. No momento parece inofensivo, mas a lei pune antes que o pior aconteça”, diz.
O promotor afirma que o abuso dos motoristas é resultado da redução da fiscalização e da negação das pessoas se submeterem às provas técnicas. Na visão de Vieira, os testes são um direito e uma maneira que o cidadão tem para provar sua inocência. “Em alguns casos a pessoa pode estar tonta por outros motivos”, conta. Segundo ele, há casos em que as declarações de policiais e testemunhas são desconsideradas e os responsáveis por graves acidentes são mantidos em liberdade mesmo após flagrante por embriaguez.
Homem é preso após atropelar criança
No domingo um homem embriagado atropelou uma criança em Muçum. Sebastião Nunes de Oliveira, 47 anos, conduzia um Chevette pela rua Rui Barbosa, no bairro São José, quando atropelou Alisson André Pinto, 9 anos. A criança fraturou uma das pernas e foi levada para o Hospital Bruno Born (HBB) de Lajeado. Por meio do teste do bafômetro, foi comprovado que o motorista estava embriagado. Ele foi preso em flagrante e encaminhado ao Presídio de Encantado.
Além da prisão, embriaguez leva a outros prejuízos
Hoje quem for pego com mais de 0,3 miligramas álcool por litro de sangue, será detido, terá que pagar multa de R$ 957,7, o veículo é guinchado, perderá o direito de dirigir por um ano, além de pagar fiança, e responder por um processo penal que poderá levar à prisão definitiva depois de um período.
Álcool tira reflexos e causa acidentes
As estatísticas rodoviárias indicam que um terço dos acidentes de trânsito acontece por falta de atenção. “Condutores que se distraem enquanto sintonizam uma nova estação no rádio, conferem a viagem das crianças no banco traseiro, conversam com o carona, são os principais alvos”, diz o policial rodoviário Leandro Wachholz. O mesmo levantamento mostra que 75% das ocorrências de maior gravidade são em trechos de reta, onde o motorista sente confiança para cometer abusos ao volante. E apesar das recomendações constantes desde o início da Lei Seca, a Polícia Rodoviária Federal já prendeu em flagrante mais de 16 mil pessoas em todo país reprovadas no bafômetro, que insistiram na mistura álcool e direção. Leandro explica que além de o condutor sob efeito de bebidas alcoólicas perder os reflexos, ele sobrevive por menos tempo se estiver preso nas ferragens.
Foto carolina leipnitz