Com o constante aumento do número de ambulantes circulando no centro da cidade, comerciantes reclamam do livre comércio dos mesmos e a falta de fiscalização da administração. Segundo eles, os ambulantes vêm de outros estados, instalam-se em cidades vizinhas, ou até mesmo em hotéis da própria cidade. A maior reclamação é a falta de respeito com o comércio local, pois os ambulantes ficam em frente ou a poucos metros das lojas, muitas vezes abordando os clientes para vender os mesmos produtos do estabelecimento.
Uma comerciante relata a falta de respeito que os ambulantes têm com ela e seus clientes, inclusive oferecendo os produtos para os funcionários da loja. “Liguei várias vezes para a prefeitura, mas disseram que não podiam fazer nada”, protesta. Indignada ela diz que não sabe mais a quem recorrer e que não acha justo eles virem de outro estado para venderem seu produto aqui sem pagar impostos.
Outro comerciante reclama que nos últimos dias um ambulante, sem educação, entrou na sua loja, oferecendo os produtos a seus clientes. “Fui pedir se ele tinha licença, mas ficou bravo comigo e saiu reclamando”, diz. O comerciante critica a falta de fiscalização do Executivo. “Cansei de ligar para a prefeitura denunciando os ambulantes, mas nunca fui atendido.” Ele e outros empresários estão planejando um abaixo-assinado para proibir o livre comércio ambulante.
A melhor cidade de vender
O vendedor ambulante, Daniel França da Costa, 28 anos, deixou dois filhos e sua esposa na cidade de Patos, Paraíba, para trabalhar em cidades gaúchas, principalmente, nas do Vale do Taquari. Ele relata a facilidade de vender seus produtos em Arroio do Meio, onde não precisa pagar licença. “Essa é a melhor cidade de vender, nunca fui abordado pela fiscalização, acho que não tem aqui”, desafia.
O ambulante comenta que em outras cidades precisa pagar de R$ 180 a R$ 400 por dia, valor que por ele é considerado absurdo, visto que seus lucros não chegam a tanto. Costa afirma que ganha R$ 100 por dia, mas gasta boa parte em hospedagem em um hotel de Lajeado. Ele confessa que alguns comerciantes não gostam de sua presença na cidade e que foi ameaçado por eles. “Não sinto que estou os prejudicando, preciso sustentar minha família também.” Ele atua na área de vendas ambulantes há mais de dez anos e se sente satisfeito com seu emprego.
“Não posso ficar o dia inteiro fiscalizando as ruas”
Segundo a fiscal da prefeitura, Roseli Gatti, que trabalha sozinha no setor de fiscalização dos tributos, muitos ambulantes são autuados, no entanto ficam devendo o valor da multa. “Eles ficam aqui alguns dias até serem multados. Então saem e não pagam nada a ninguém”, explica. Roseli fala sobre a dificuldade de efetuar uma fiscalização mais intensa em virtude do serviço interno na prefeitura. “Não posso ficar o dia inteiro na rua cuidando e multando esses vendedores, pois tenho outros serviços para fazer”, justifica.