Um bispo boleiro

Notícia

Um bispo boleiro

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O homem que hoje é responsável por 51 paróquias costuma­va sacanear o pro­fessor, caçar com o irmão e não dispensava uma partida de futebol com amigos. Canísio Klaus foi uma criança criativa que desde cedo costumava participar de eventos comunitários, quase sempre ajudando na organização das festas e eventos. “Ele estava sempre correndo de um lado para o outro com sua bicicleta”, lembra o irmão caçula, Adão Klaus. Ca­nísio tem mais cinco irmãos (três falecidos), mas era com Adão que o bispo saía todas as tardes para caçar passarinho, preá, cobras e outros pequenos animais que existiam na propriedade rural, onde passou sua infância, na localidade de Dona Rita, interior de Arroio do Meio. “Ele aprontava e era eu quem apanhava”, diverte-se. Adão lembra com detalhes do dia em que eles foram ao vizinho espiar a castração de um touro e no caminho seu irmão pisou em um prego e teve de ser carregado de volta para casa. “No meio do caminho senti que minhas costas estavam esquentando. Ele havia mijado em cima de mim”, conta ele com gargalhadas. Dos tempos da Escola Duque de Caxias, onde ambos estudaram na infância, Adão garante que o irmão adorava sacanear os seus professores, mas que logo depois ele se arrependia e ficava com medo de represálias. Uma vez, conta Adão, ele bateu na classe de madeira e disse ao professor que alguém estava batendo na porta. Ao atender, percebeu-se que não havia ninguém. “Depois ele ficou preo­cupado, achando que o professor aprontaria alguma com ele”, conta. Adão lembra que o irmão adorava ajudar o pai a cuidar da terra e das plantações, hábito que mantém até hoje. Mas uma história contada por Adão pode ter sido determinante para que Canísio viesse a se tornar bispo. Segundo o irmão, ele tinha uma paixão por jeeps, e o vigário da paróquia de sua comunidade tem um. “Aquilo mexeu com meu irmão e aproximou-o da igreja, de onde nunca mais saiu”, orgulha-se, informando que hoje o próprio bispo tem um jeep.

O bispo e o futebol

Canísio tem uma paixão decla­rada por futebol. Joga até hoje, segundo o irmão, em qualquer posição, menos de goleiro. Quando adolescente ajudou a fundar o Esporte Clube União, clube que até hoje acompanha quando está de férias na região. “Ele até que joga bem”, admite Adão. Porém, aos 58 anos, Canísio está pensando em pendurar as chuteiras, pois apresenta problemas no torno­zelo. “Ele me disse que este ano se aposenta do futebol”, brinca o irmão, acrescentando que o bispo é um “doente” pelo Grêmio de Porto Alegre e quando a folga coincide com alguma partida a presença dele em frente a um televisor é con­firmada. Segundo Adão, celebrar uma missa foi a única coisa que Canísio não fez com a camiseta do tricolor gaúcho até hoje. “Mas se ele pudesse faria”, diz.

Orgulho e alegria

Adão lembra do que se pai falou após a primeira missa cele­brada pelo irmão. “O Canísio nos pertence por sangue, mas a partir de hoje ele é da igreja.” E foi com esse pensamento que ele venceu a saudade do irmão nestes 12 anos em que o bispo trabalhou fora do estado. Ele diz que ficou sabendo da notícia da volta do irmão pelo rádio e que a alegria tomou conta da resi­dência dos Klaus. “Ter ele por perto nos fortalece e nos anima”, diz. O amigo Lair diz que ficou emocionado, quando recebeu a notícia de que Canísio seria o novo bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul. “Estou muito orgulhoso dele, ele merece, pois sempre buscou ajudar seus amigos e as pessoas”, comenta.

Costelão e cerveja

Lair Fritzen, 42 anos, é um dos vários amigos de infância de Canísio Klaus. Ele é um dos membros do grupo que ajudou a fundar o Clube Esportivo União de Arroio Grande. Fritzen conta que Canísio Klaus passa as férias dele na cidade e se reúne com amigos e quando possível, assam um costelão banhado a cerveja, bebida que é muito apreciada pelo bispo, mas com muita moderação. Lair comenta que o amigo bispo tem uma paixão imensa pelo futebol e todo ano realizam um jogo de veteranos com a sua turma, em que ele recebe uma camisa com o número 100 estampado ns costas, “Ele joga bem e não gosta de perder”, brinca. No ano passado, uma turma de 38 amigos visitou o bispo em Diamantino, no Mato Grosso, onde ele exerce sua função há 12 anos. Na ocasião, conheceram o lugar onde ele reside atualmente e jogaram algumas partidas de futebol e bocha.

Acompanhe
nossas
redes sociais