Ruas esburacadas que costumam alagar em dias de chuva é apenas um dos problemas enfrentados pelas indústrias instaladas no loteamento industrial do município, localizado entre os bairros Imigrante e Centenário. Na região, a iluminação é precária e inexiste em algumas ruas. A falta de roçadas e limpezas em áreas verdes e terrenos baldios completam o cenário desolador, no qual é possível averiguar a presença de obras inacabadas e empresas fechadas. Segundo o empresário Waldir Silveira, que tem uma indústria de produtos de limpeza, essa realidade tem feito com que o seu negócio apresente dificuldades em relação ao seu crescimento econômico. Instalado há três anos na rua Nilo Cardoso e contando hoje com 23 funcionários, Silveira diz que a falta de pavimentação das vias dificulta a locomoção de veículos pesados que precisam fazer a entrega e o recolhimento de produtos. “Em dias de chuva é impossível ele chegar até aqui”, afirma, acrescentando que em alguns pontos as ruas estão sumindo devido à erosão e à falta de roçadas.
Ele conta que até mesmo veículos leves têm dificuldades para chegar até a empresa, pois a rua não tem sinalização. O empresário alega que sente vergonha do local, quando visitado por algum cliente ou fornecedor. “A imagem da empresa fica comprometida”, diz. A insegurança é outro ponto citado pelo empresário. Segundo ele, a falta de iluminação adequada e a grande quantidade de mato comprometem a segurança de todos. “Temos nosso próprio controle de segurança”, afirma. Silveira ressalta que a empresa está com um projeto de crescimento e expansão e que gostaria muito de continuar em Lajeado. “Esta é minha cidade, não quero sair, mas para isso precisamos ser melhores atendidos”, lamenta. Silveira diz que recebeu convites de outras administrações para trocar de cidade, mas reconhece as dificuldades do processo. “O ideal, claro, seria continuarmos aqui”, frisa.
Administração municipal se defende
Segundo o secretário de Obras de Lajeado, Mozart Lopes, a rua Nilo Cardoso está dentro de um projeto de financiamento junto ao Caixa-RS, num valor de R$ 3,3 milhões e que realizará a pavimentação de 27 ruas do município. “A previsão é que isso venha ocorrer no segundo semestre”, afirma. Lopes diz que a pavimentação será no sistema comunitário, em que a administração paga 25% da obra, e o restante deve ser pago pelos donos dos lotes. O secretário adianta que está em negociação um programa, para que os próximos lotes sejam entregues com pavimentação. “Com isso, o custo da obra virá incluído no preço do terreno”, diz.
Sobre a falta de iluminação pública, Lopes diz que está sendo providenciado a colocação de lâmpadas na rua Erly Bach, que liga o loteamento ao bairro Centenário. Questionada sobre a falta de roçadas e limpezas em alguns terrenos da região, a Secretaria de Agricultura garante que uma equipe se deslocará para o local na próxima semana. A Secretaria de Indústria e Comércio afirma que as indústrias novas e aquelas instaladas em Lajeado recebem incentivos da administração, como o auxílio na aquisição de área de terras; venda a preços subsidiados e de lotes em Áreas Industriais; locação de imóvel ou ressarcimento parcial ou integral do aluguel; cedência de prédio ou área de terras para instalação da empresa, por meio de direito real de uso, ou de doação; financiamento parcial do empreendimento; custeio de treinamento de recursos humanos; e serviços de máquinas.
“Verdadeiro abandono”
Para o empresário Mauro Salling, que tem uma empresa na mesma rua, empregando cinco funcionários, o caso pode ser tratado como de abandono por parte da administração municipal. Ele diz que recebe em média dez veículos de fornecedores e clientes por dia e que seu faturamento mensal é em média R$ 600 mil. “Recebo clientes de diversos países e tenho que recebê-los nessas condições”, lamenta. Para ele, o fato das empresas localizadas no loteamento trazerem rendimentos e novos empregos para o município deveria reverter em mais benefícios, principalmente na questão da pavimentação e infraestrutura.
Foto Rodrigo Martini